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A evolução da representação da Arquitetura
Por Santiago Baraya
De acordo com Howard Gardner, a inteligência humana pode ser dividida em oito categorias, sendo uma delas, a inteligência espacial. Gardner define este tipo de inteligência como a capacidade do ser humano de imaginar e dar forma a modelos tridimensionais da realidade. A Arquitetura, assim como a escultura, é uma das disciplinas que mais se beneficiam dessa faculdade. Considerando isso, neste artigo, procuramos explorar como a representação da Arquitetura evoluiu ao longo do tempo e como ela está se tornando cada dia mais fiel à imagem idealizada por quem a projetou.
A representação de um projeto de Arquitetura, como objetivo principal, deve ser capaz de comunicar a essência da ideia concebida por seu projetista, permitindo que outras pessoas também possam visualizar ou acessar esta outra realidade. E embora essas projeções e imagens estejam se tornando cada dia mais “reais” — e até banais em nossa vida cotidiana —, é importante ressaltar que a representação da Arquitetura foi sendo desenvolvida lentamente através dos séculos para alcançar o seu atual estado da arte.
Filippo Brunelleschi, arquiteto italiano do século XV, foi quem utilizou, pela primeira vez, a matemática para dar voz à inteligência espacial mencionada anteriormente, forjando uma técnica de representação da Arquitetura e do espaço que viria a ser conhecida como “perspectiva linear.” Essa descoberta causou tamanha revolução no campo da representação que ainda hoje, mais de seiscentos anos depois, o desenho em perspectiva segue sendo estudado e ensinado nas escolas de Arquitetura, arte e design do mundo todo.
Embora noções de perspectiva ainda hoje sejam a base da representação na Arquitetura, tais regras também podem ser bastante restritivas, minando a nossa capacidade de imaginação, a qual vai muito além de qualquer cânone.
Séculos mais tarde, o domínio do desenho em perspectiva foi a porta de entrada de Frank Lloyd Wright na Arquitetura. O mais famoso arquiteto norte-americano era conhecido por sua destreza sobre a prancheta, um personagem capaz de ilustrar com altíssimo grau de refinamento e precisão as suas mais incríveis ideias, imagens que ainda hoje impressionam pela proximidade com a realidade da obra construída.
Em virtude do rápido avanço tecnológico e da incorporação de novas ferramentas a partir da segunda metade do século XX, a representação na Arquitetura evoluiu não apenas em termos técnicos, passando por uma profunda transformação em matéria de conteúdo.
Muitos anos se passaram até que a representação na Arquitetura passasse a incorporar novas ferramentas, as quais já estavam sendo utilizadas amplamente em outras áreas, como a fotografia, o cinema e o design. Atualmente, fora algumas exceções, a visualização na Arquitetura está se tornando cada dia mais dependente de imagens geradas por computadores, uma espécie de resignação, como se já não houvesse mais alternativas ao hiper-realismo.
As principais tendências apontam para uma completa fusão entre as técnicas de visualização na Arquitetura e a realidade virtual e aumentada. E embora essas ferramentas, ainda hoje, demandem a utilização de uma série de dispositivos multissensoriais, podemos dizer que nunca antes a visualização esteve tão próxima da realidade.No entanto, técnicas mais simples como o desenho à mão e a colagem, quando combinadas com tudo aquilo que os modelos 3D podem nos oferecer, ainda podem ser muito úteis e seguem sendo utilizadas por arquitetos e arquitetas ao redor do mundo. Pode ser que as técnicas artesanais nunca deixem de existir, mas é inegável que elas ainda têm muito a contribuir para o futuro da representação e da visualização da Arquitetura.
(Disponível em: www.archdaily.com.br/br/942582/a-evolucao-da-representacao-na-Arquitetura-e-qual-e-o-seu-futuro – texto adaptado).
Assinale a alternativa que indica uma área do conhecimento que NÃO é mencionada pelo texto como tendo relação com a Arquitetura.
- Desenho.
- Escultura.
- Matemática.
- Música.
Analisando as opções
A alternativa correta é: E. Música.
Justificativa:
O texto discute a evolução da representação na arquitetura, relacionando-a a diversas áreas do conhecimento como:
- Fotografia: A fotografia é mencionada como uma ferramenta que, juntamente com o cinema e o design, influenciou a representação na arquitetura, especialmente com a popularização de imagens geradas por computador.
- Desenho: O desenho é fundamental para a arquitetura, desde os esboços iniciais até as representações mais detalhadas de projetos.
- Escultura: A escultura é mencionada em relação à inteligência espacial, que é compartilhada por ambas as áreas. A capacidade de visualizar e dar forma a modelos tridimensionais é essencial tanto para escultores quanto para arquitetos.
- Matemática: A matemática é crucial para a arquitetura, especialmente com a introdução da perspectiva linear por Filippo Brunelleschi, que revolucionou a representação espacial.
Por que a música não se encaixa?
Embora a música seja uma forma de expressão artística e possa inspirar a criação em diversas áreas, o texto não estabelece nenhuma conexão entre a música e a representação na arquitetura. A música não é utilizada como ferramenta para representar ou visualizar projetos arquitetônicos, nem há menção a alguma relação teórica entre as duas áreas.
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