Quem foi Joseph Goebbels, ministro da Propaganda nazista de Adolf Hitler
Alemão voltou a virar notícia quando Roberto Alvim, ex-secretário da Cultura, publicou um vídeo imitando um discurso do político
O ex-ministro da Propaganda alemã, Joseph Goebbels (1897-1945), voltou a virar notícia após Roberto Alvim, secretário da Cultura do governo Bolsonaro, publicar um vídeo nas redes sociais descrevendo as diretrizes da cultura brasileira. Exonerado do cargo nesta sexta-feira (17), Alvim emulou um famoso discurso do alemão, que fez parte do governo nazista na época em que Adolf Hitler estava no poder.
Na fala em questão, Goebbels afirmou, na década de 1930, que “a arte alemã da próxima década será heróica, romântica, objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grandes padrões e é imperativa e vinculante, ou então não será nada”.
Em 2020, Alvim disse algo parecido: “A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e igualmente imperativa, posto que profundamente vinculado a aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada.”
Mas, afinal, quem foi essa importante figura do terceiro Reich alemão?
Por esse motivo ele não pôde se alistar no exército e participar da Primeira Guerra Mundial. Como era ótimo aluno, foi para a universidade, onde estudou até se tornar doutor em filosofia alemã. Passou a escrever textos próprios e chegou até a escrever um livro, mas nenhuma editora da época aceitou seus manuscritos por considerá-los “radicais demais”.
O jovem, então, resolveu publicar os textos de forma independente, vendendo poucas cópias — mas para as “pessoas certas”. Foi depois disso que ele entrou em contato com o Partido Nazista e, em 1924, tornou-se membro da campanha de Adolf Hitler.
Foi ele que, em abril do mesmo ano, criou uma campanha com o intuito de queimar livros “subversivos” ou que representavam ideologias opostas ao nazismo. As obras, de autores alemães ou estrangeiros, eram recolhidos pelo governo e queimados em praça pública, em meio a multidões.
Goebbels era responsável não apenas pelas propagandas do governo, mas também por supervisionar o trabalho da imprensa e controlar os bens culturais que chegavam à Alemanha. Por isso, quando as obras literárias já estavam sob controle, ele resolveu focar em um outro nicho: o cinema.
Além de banir produções de outros países, o ministro decidiu criar novas versões de filmes de sucesso de Hollywood — e não demorou para que ele começasse a fazer seus próprios longas. Um das mais famosos é Ich klage an (“Eu acuso”, em português), de 1941.
No filme, é contada a história de uma mulher com uma doença terminal que implora ao marido por ajuda para cometer suicídio. A narrativa se passa em um tribunal, no qual o júri deve decidir se condena o homem por homicídio ou o inocenta, pois ele queria apenas livrar a esposa do sofrimento.
Ich klage an poderia ser um excelente filme — não fossem as más intenções por trás da produção. A ideia de Goebbels era criar um debate moral, mostrando que livrar o mundo das “pessoas com defeitos” era também “acabar com seu sofrimento”.
Para trabalhar em filme como esses, os atores deveriam compactuar com o Nazismo, e negar participar de tais produções poderia significar o fim de suas carreiras. Além disso, muitos artistas não sabiam dos termos exigidos para que participassem dos filmes quando assinavam seus contratos.
Como se não bastasse, “agradar” Goebbels também era essencial — principalmente por parte das mulheres. Não são poucos os relatos de atrizes da época que contam os assédios que sofreram do ministro, que prometia papéis importantes ou acabava com suas carreiras, dependendo de como reagiam aos abusos.
Foi nessa época que Goebbels conheceu Lída Baarová, uma atriz tcheca-austríaca que apoiava o regime liderado por Hitler. O ministro se apaixonou e tornou-a sua amante — o que custou caro.
Entretanto, quando o ministro conheceu Lída Baarová, sua vida virou de ponta-cabeça: ele decidiu pedir o divórcio, deixar seu cargo no governo e se mudar para o Japão. Hitler não ficou feliz com a ideia e proibiu que Goebbels deixasse a Alemanha — à época, o amigo já se mostrava essencial para a dominância do nazismo.
Hitler comprou uma passagem só de ida para Baarová e mandou-a para outro país, enquanto pediu a Goebbels para dar uma segunda chance à sua esposa. O casamento continuou, mas a credibilidade do ministro ficou abalada. Muitos outros membros do governo acreditavam que Goebbels estava “perdendo o jeito”, “amolecendo” e até ficando maluco.
Hitler também começou a duvidar das capacidades do amigo e acabou se afastando dele, deixando de convidá-lo para eventos sociais e pedir suas opiniões. Isso abalou Goebbels profundamente, pois a aprovação do ditador era essencial para o ministro, que via Hitler como seu “salvador”.
Em 1940, estreou um filme focado em disseminar o ódio aos judeus chamado O eterno judeu. Nele, é possível ver guetos nos quais as pessoas daquela região viviam em condições miseráveis: faltava comida e condições básicas de higiene.
Comparando os judeus a animais, Goebbels dizia que, se a Alemanha perdesse a Guerra, essas pessoas dominariam o país e fariam com que os “alemães puros” vivessem nas mesmas condições. O filme, entretanto, deixa de fora uma parte importante da história: os judeus estavam naquela situação por conta do próprio governo nazista, que negligenciava aquela parcela da sociedade.
Com filmes como esse somados à implantação de notícias falsas nos jornais, que condenavam judeus por crimes que nunca aconteceram, Goebbels e seus colegas conseguiram convencer boa parcela da população alemã de que o antissemitismo fazia sentido. Segundo os nazistas, os judeus odiavam os alemães “puros” e tinham inveja de seu estilo de vida.
A campanha deu certo para Goebbels: além de reconquistar a confiança de Hitler, sua influência dentro do governo nazista se tornou maior do que nunca. Além de permitir que o ministro agisse como bem entendesse, o ditador delegou tarefas como discursar para o colega. Goebbels se consagrava, assim, um “gênio” da propaganda — mas não por muito tempo.
Como já sabemos, isso não deu muito certo: a invasão da Rússia levou à derrota do exército alemão, que não conseguira lidar com o frio congelante do país. Isso enfraqueceu a Alemanha e, com a entrada dos Estados Unidos no conflito, a perda de territórios e a perda do apoio da Itália levaram os alemães a perderem a Guerra.
Quando o regime estava chegando ao fim e os Aliados estavam prestes a invadir a Alemanha, Hitler se escondeu em um porão na capital do país, deixando ordens explícitas a Goebbels: ele deveria assumir o poder. Um dia após o suicídio do ditador alemão, o ministro se tornou o chanceler do país.
Contudo, a vida sem Hitler perdera sentido para Goebbels. No dia seguinte a morte do ex-ditador, ele e a esposa, Magda, ministraram veneno para seus filhos e depois cometeram suicídio — no mesmo bunker em que o ex-chefe morrera um dia antes.
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