SÉRIE MITOLOGIA | Piritoo e a Centauromaquia, o duelo entre razão e emoção

 Mitologia Grega

Piritoo e a Centauromaquia, o duelo entre razão e emoção 



Pirítoo era o Rei dos Lápitas na Tessália. Ele era filho de Ixion que foi um dos maiores vilões da mitologia grega e condenado a permanecer no Hades preso a uma roda em chamas por toda eternidade devido aos seus inúmeros erros.

Piritoo havia convidado os seus parentes Centauros - metade homem, metade cavalo, para sua festa de casamento, que eram filhos de uma aventura amorosa de seu pai e tinham um caráter violento, exceto Quiron e Folo que não eram filhos de Ixion. Durante a festa, abusando do abuso do vinho os centauros mostraram sua natureza selvagem e tentaram raptar e violentar as mulheres presentes, entre elas Hipodâmia, a noiva de Pirítoo.

Além de todos os Lápitas residentes no reino, entre os convidados estava presente Teseu que era um grande amigo de Piritoo. Foi iniciada uma violenta luta, muitos Centauros foram mortos e os derrotados foram expulsos da Tessália. Este confronto ficou conhecido por Centauromaquia.

Pouco tempo depois do seu casamento, Hipodâmia morreu. Inconsolado, Pirítoo prometeu viver em celibato a não ser que conseguisse se casar com uma deusa divina. Assim fez um pacto com Teseu: raptaram Helena de Esparta que era ainda uma criança para casar-se com Teseu. No entanto, Castor e Pólux, os irmãos de Helena, sairam à procura dela e Teseu foi obrigado a deixá-la em Atenas aos cuidados de sua mãe Etra.

Depois Piritoo e Teseu desceram aos Infernos para raptar Persefone, a deusa esposa de Hades. Sabendo das intenções dos convidados, Hades os convidou a sentar e comer. Eles se deliciavam do banquete até que perceberam estar presos à cadeira onde estavam sentados. Clamando por ajuda, quando Hércules chegou para salvá-los, o deus dos infernos libertou somente Teseu e Piritoo ficou preso no Hades por toda eternidade...

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Os centauros pertenciam a uma classe de monstros da mitologia grega que possuiam o corpo metade homem, metade cavalo. Segundo a concepção do pensamento mítico grego, o cavalo possuía virtudes admiráveis e essa mistura com os homens não era negativa. Diversas narrativas mitológicas contam sobre o relacionamento entre os homens e os centauros, dando-lhes a capacidade de socialização.

Na interpretação das alegorias mitológicas, o centauro tem a importante capacidade de salientar o conflito entre a razão e a emoção. Sendo humana a parte superior de seu corpo, teria a capacidade de refletir sobre os seus atos. Em oposição a essa característica racional, a parte inferior de seu corpo representaria a violência física e os impulsos sexuais.

A Centauromaquia é uma metáfora para o conflito entre os instintos e o comportamento civilizado na humanidade. Teseu, que era um herói e fundador de cidades, optou por ajudar Piritoo por entender a ordem correta das coisas usando a razão.

Razão e emoção travam um duelo, seja na vida sentimental ou profissional. A emoção é algo que nos faz agir por impulso, que visa exclusivamente o bem estar e a alegria momentânea. É essa emoção que nos faz sorrir, chorar e que aflora sem que sejamos racionais. De outro lado, está a razão que nos aconselha a pensar no futuro, nas consequências de nossas decisões. É a razão que nos impede de arriscar, que nos torna cautelosos medindo as consequências de nossos atos.

A vida é feita de escolhas e em cada uma delas sempre há este duelo entre razão e emoção, consciência e coração. Muitas vezes precisamos abrir mão de uma delas. As escolhas não são fáceis e muitas vezes adiamos decisões por medo de sofrer ou de arrepender. Quando optamos pela emoção podemos viver emoções que preenchem nosso coração, mas podem ser transitórias. Porém, se optamos somente pela razão, podemos levar em conta apenas as razões materiais.

Os seres humanos são naturalmente emotivos mas tem o cérebro bem desenvolvido. Até um animal é capaz de pensar racionalmente antes de atender às suas demandas instintivas. Embora as reações instintivas sejam mais rápidas, o que nos protege dos predadores e perigos naturais, usando a nossa força cerebral, que é mais lenta, podemos nos proteger muito mais.

Mesmo quando somos agredidos verbalmente, se refletimos usando a razão, temos muito mais chances de argumentar com mais eficácia. Essa é a famosa tática de contar até 10 antes de responder. Se para os homens das cavernas a reação instintiva era a mais valiosa, em nosso meio social mais sofisticado, a reação ponderada tem mais valor.

A razão não precisa anular a emoção, mas pode ajudar a redirecioná-la e modificar a sua expressão. O que for apenas raiva pode se transformar em energia saudável, numa ação mais aceitável, por exemplo, adiando uma conversa para um momento mais calmo ou respondendo com determinação, bom senso e boa argumentação.


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