Igrejas do Apocalipse - Sete Igrejas da Ásia Menor - Esmirna
As sete igrejas citadas são (link):
- Éfeso (Apocalipse 2:1-7)
- Esmirna (Apocalipse 2:8-11)
- Pérgamo (Apocalipse 2:12-17)
- Tiatira (Apocalipse 2:18-29)
- Sárdis (Apocalipse 3:1-6)
- Filadélfia (Apocalipse 3:7-13)
- Laodiceia (Apocalipse 3:14-22)
A igreja de Esmirna era uma igreja local que ficava na Ásia Menor. Essa comunidade cristã é mencionada no livro do Apocalipse como uma das destinatárias das cartas que João escreveu de acordo com a mensagem do Senhor Jesus Cristo.
Esmirna era uma cidade importante e populosa no primeiro século, e era conhecida, principalmente, por sua beleza. A cidade era muito leal a Roma, a capital do Império Romano. Na cidade havia muitos judeus que provavelmente foram atraídos àquela cidade por seu forte comércio. A Igreja do Senhor Jesus também cresceu naquela cidade com a pregação do Evangelho.
A fundação da igreja de Esmirna
A Bíblia não fala de forma específica sobre o início da Igreja em Esmirna. Mas é bem provável que a igreja de Esmirna foi fundada pelo apóstolo Paulo durante sua terceira viagem missionária. O livro de Atos dos Apóstolos, por exemplo, diz que a palavra do Senhor foi pregada aos habitantes de toda a Ásia, tanto judeus como gregos (Atos 19:10). Se de fato foi nesse período que a igreja de Esmirna foi fundada, então isso aconteceu entre os anos de 53 e 56 d.C.
A tradição cristã sugere que Policarpo, discípulo do apóstolo João, chegou a ser bispo da igreja de Esmirna. Sem dúvida é inegável a semelhança entre o testemunho de Policarpo e a situação enfrentada pela igreja de Esmirna conforme descrita na carta do Apocalipse.
Policarpo foi um cristão fiel, temente ao Senhor, e líder exemplar. Por causa de sua fidelidade a Cristo ele acabou sendo queimado na fogueira em 155 d.C. Policarpo se negou a reconhecer César como uma divindade.
Os romanos ordenaram que ele nega-se a Cristo para ser posto em liberdade, mas Policarpo assegurou que jamais poderia blasfemar contra o seu Rei e Salvador, a quem ele tinha servido por toda a vida.
Policarpo foi ameaçado pelo procônsul romano de ser jogado às feras ou ser queimado no fogo. Mas a resposta de Policarpo foi: “Ameaça-me com o fogo que pode durar por uma hora e, então, se extingue. Mas você ignora o fogo do julgamento vindouro e a punição eterna reservada para os ímpios. Então por que estas demorando? Faça logo a sua vontade”. Com toda certeza esse mártir pode muito bem ter sido o pastor da perseguida igreja de Esmirna.
A carta à igreja de Esmirna
A carta à igreja de Esmirna, assim como as demais carta do livro do Apocalipse, segue uma estrutura padrão. A carta começa com uma saudação da parte do Senhor Jesus Cristo ao anjo da igreja, seguida por uma autodesignação de Cristo. Depois vem o elogio do Senhor à igreja local, sua exortação enfatizando que a igreja deve ouvir o que o Espírito diz, e por última uma promessa relacionada à fidelidade da igreja.
A autodesignação de Cristo na carta à igreja de Esmirna é totalmente harmônica com o conteúdo da carta que descreve a situação enfrentada pelos crentes daquela cidade. Por isso Ele diz: “Esta é a mensagem daquele que é o Primeiro e o Último, que morreu e tornou a viver” (Apocalipse 2:8).
Como já foi dito, a igreja de Esmirna era muito perseguida. Então como diz William Hendriksen, somente Cristo, o vencedor da morte, o que vive eternamente, está apto a dizer nesta carta: “Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).
Elogio à igreja de Esmirna
O Senhor Jesus elogia a igreja de Esmirna falando sobre as dificuldades que eles tinham que lidar: “Conheço as suas aflições e a sua pobreza; mas você é rico! Conheço a blasfêmia dos que se dizem judeus mas não são, sendo antes sinagoga de Satanás” (Apocalipse 2:9).
Muitos dos crentes de Esmirna eram extremamente pobres, mesmo com a cidade sendo rica e poderosa. Isso porque Esmirna era muito fiel a Roma e ao imperador. Então frequentemente os cristãos eram despedidos de seus empregos ou perdiam seus negócios quando eram convertidos a Cristo. Eles deixavam de proclamar: “César é o Senhor”, para proclamar: “Cristo é o Senhor”. Isso evidentemente lhes custava muito caro social e economicamente.
Mas embora materialmente os crentes de Esmirna fossem muito pobres, na verdade eles eram muito ricos. As riquezas espirituais que eles tinham eram incontáveis. Além disso, na carta à igreja de Esmirna o Senhor conforta os crentes dizendo que Ele conhece muito bem as dificuldades que seus filhos enfrentam.
Os judeus formavam um dos grupos que fazia muita oposição à igreja de Esmirna. Frequentemente muitos deles se empenhavam em acusar os crentes diante dos tribunais romanos. Embora eles se considerassem “sinagoga de Deus”, eram, na realidade, “sinagoga de Satanás”. Ao acusarem os cristãos eles se levantavam contra o próprio Cristo.
A igreja de Esmirna era perseguida
O Senhor Jesus fez questão de confortar aquela igreja quanto à perseguição que haveria de ficar ainda pior. Ele diz: “Não tenha medo do que você está prestes a sofrer. Saibam que o diabo lançará alguns de vocês na prisão para prová-los, e vocês sofrerão perseguição durante dez dias. Seja fiel até a morte, e eu lhe darei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).
Perseguidores romanos, especialmente incitados pelos judeus que nutriam um ódio maligno contra os cristãos, serviam como instrumentos do diabo para prejudicar os cristãos de Esmirna. Assim, muitos cristãos eram lançados na prisão – o que não raramente significava a morte.
Mas é interessante perceber que toda aquela perseguição era também uma provação através da qual o próprio Deus aperfeiçoava e aprovava a fidelidade daqueles crentes. Além disso, aquela situação adversa e doloroso não estava fora de controle. Cristo avisa que a igreja de Esmirna sofreria perseguição durante dez dias. Isso significa que tudo estava sob o controle soberano do Senhor.
A perseguição tinha hora para começar e hora para acabar. A expressão simbólica “dez dias” representa um tempo completo, breve e determinado. Não seriam nove dias, e muito menos onze dias. Satanás, com seus agentes, persegue a Igreja, mas ele jamais pode ir além do que Deus lhe permite ir.
Além disso, saber que Deus está no controle e conhece as dificuldades do seu povo, e que Ele é quem determina os tempos e as estações, obviamente traz ao crente encorajamento à perseverança. Ele sabe que deve permanecer fiel ainda que isso lhe custe à vida, pois de acordo com o cuidado providencial do Senhor, a coroa da vida o espera.
A promessa à igreja de Esmirna
A carta à igreja de Esmirna termina com a maravilhosa promessa: “O vencedor de modo algum sofrerá a segunda morte” (Apocalipse 2:11). Aqui nos lembramos de um ensino do Senhor Jesus: “Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno” (Mateus 10:28).
A vida dos crentes da cidade de Esmirna no primeiro século estava sempre por um fio. Diariamente alguns deles sofriam a primeira morte diante das feras ou diante do fogo. Como falamos, Policarpo foi um daqueles que sentiram o ardor das chamas inflamadas do fogo terreno por amor ao maravilhoso Evangelho de Cristo que conduz o pecador ao frescor da vida eterna na gloria celestial.
Então os crentes de Esmirna poderiam ter seus corpos destruídos por seus perseguidores, mas jamais eles seriam lançados, de corpo e alma, no lago de fogo no grande Dia do Senhor (cf. Apocalipse 20:14).
As palavras de Cristo na carta à igreja de Esmirna ainda são tão atuais quanto foram há quase dois mil anos. Elas têm confortado a Igreja fiel por todos esses anos, e assim continuará sendo até a vinda de nosso Senhor.
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