Polifemo está ligado à aventura de Ulisses, no regresso deste a casa. Polifemo revelou-se um anfitrião perigoso, tratando os marinheiros gregos como se fossem animais do seu rebanho. De facto, Ulisses, que acostara na ilha dos Cíclopes, ter-lhe-á ingenuamente pedido hospitalidade por uns dias, identificando-se como Ninguém. O gigante, contudo, prendeu o herói e doze dos seus companheiros na sua caverna, onde estavam também os seus animais. Ulisses, de acordo com o plano do Cíclope, seria então o último a ser devorado. Polifemo, entretanto, tinha já dado semelhante destino a alguns dos seus prisioneiros gregos, comendo-os um a um ao jantar. Ulisses ter-lhe-á dado um vinho excelente como oferenda ao aportar na ilha, de modo que Polifemo lhe queria agradecer deixando-o para último. O Cíclope, todavia, bebeu primeiro o precioso néctar, ficando ébrio e deitando-se a dormir profundamente. Ulisses tinha já pensado, antes, em matar o monstro durante a noite, mas não conseguira, com seus homens, arrastar a pedra que obstruía a caverna. Desta vez, porém, embriagado como estava, seria talvez então a ocasião de tentarem a sua sorte. Assim, estava o monstro a dormir quando Ulisses e os seus companheiros engendraram uma artimanha para se verem livres de tão cruel e sanguinário carcereiro. Aguçando a ponta de uma estaca de madeira de pinheiro, endureceram-na passando-a pelo fogo. O grupo pegou então na estaca e, com toda a força possível, espetaram-na no único olho do Cíclope adormecido. Este, tomado pela horrível dor, gritava desesperado, rugindo embravecido. Os outros Cíclopes ter-lhe-ão perguntado o que sucedia, mas Polifemo apenas respondia que Ninguém o estava a atacar. Os outros monstros achavam, assim, que Polifemo estava ou bêbedo ou louco, indo-se por isso embora.
De manhã, o monstro abriu a porta da gruta para os carneiros irem pastar. Então, Ulisses e os companheiros agarraram-se ao seu ventre para se dissimularem entre o rebanho e assim conseguiram sair da ilha a salvo. Polifemo, cego, de nada se apercebeu, apesar de ter apalpado todos os animais que por si tinham que passar à saída da caverna. Entretanto, ao longo, já no navio aparelhado e rumando ao alto mar, Ulisses gritava para terra a Polifemo com o intuito de zombar do gigante cego. Mas Polifemo conhecia há muito um oráculo que dizia que o Cíclope seria um dia cegado pelo herói agora em fuga, o que o tornou ainda mais enraivecido por ter sido enganado por Ulisses e se ter cumprido assim o presságio. Ainda lançou contra a embarcação de Ulisses enormes pedras, mas sem sucesso algum. Por este motivo e nesse momento terá nascido a ira de
Poseidon, pai do Cíclope, contra Ulisses, jurando vingança eterna sobre o herói de Ítaca.
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