O Brasil não é um vilão ambiental

Guerra comercial tenta imputar ao nosso país responsabilidades dos países industrializados, defende Ricardo Salles 








Uma forte campanha difamatória mundo afora, apoiada por brasileiros, tenta convencer a todos que o Brasil é um grande vilão ambiental. Já nos deparamos, inclusive, com representantes indígenas na Organização das Nações Unidas (ONU) maldizendo o país.

Tal narrativa não se sustenta quando confrontada com fatos. Europa e Ásia devastaram suas florestas e poluíram seus rios em nome da industrialização. Seja qual for a motivação, esses sim deveriam ser considerados vilões ambientais.

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, aproveitou a Audiência Pública promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o Fundo Clima, nesta última segunda-feira (21), para desmontar a narrativa da vilania ambiental brasileira.

“Nós somos responsáveis por menos de 3% das emissões mundiais, as emissões mundiais têm origem nos combustíveis fósseis que são queimados pelos países desenvolvidos desde a revolução industrial até hoje”, pontuou Salles.

Em 2018, o Brasil foi o 14º país que mais emitiu dióxido de carbono (CO2) no mundo. Segundo o ministro, é preciso adaptar os nossos recursos às reais necessidades e responsabilidades. O foco principal do ministério é a Agenda Ambiental Urbana, em que solucionar os problemas de saneamento e lixo são prioridades.

Recentemente, a BBC trouxe uma matéria enfatizando que a América Latina, região onde o Brasil está inserido, corresponde a 17% das emissões de CO2 que toda a China emite sozinha.

“Temos que contextualizar isso para não sermos caracterizados como os grandes responsáveis pelas emissões globais e cairmos numa guerra comercial que tenta imputar a nossa agricultura, ao Brasil, responsabilidades que são notadamente dos países industrializados que seguem queimando combustível fóssil”, defendeu o ministro.

E acrescentou: “Aliás, até o próprio carro elétrico na Europa é abastecido por energia gerada nas termoelétricas. Não adianta o carro ser elétrico se a fonte é termoelétrica [que utiliza queima de gás e carvão]. Nós temos o carro híbrido flex, que é uma mistura de elétrico com etanol, este sim com muito menos emissões”.

Vale ressaltar que o Brasil possui 82% de energia renovável, enquanto o índice mundial é de apenas 24%.

Acordo de Paris 

Ricardo Salles ainda lembrou aos presentes o Acordo de Paris e deu detalhes sobre “a tentativa que nós fizemos em dezembro do ano passado de finalmente regulamentar os artigos 6.2 e 6.4 do acordo que permitiriam o mercado de crédito internacional de carbono no qual o Brasil seria um grande fornecedor”.

Europeus, no entanto, embargaram as negociações no final de 2019. De acordo com o ministro, eles “não querem abrir o seu mercado de carbono para fontes distintas, entre elas a brasileira, que teria muito mais volume a preços competitivos”.

Salles ainda afirma que o governo brasileiro se esforçou para tentar viabilizar esse mercado. Ele citou decretos assinados pelo presidente, ainda no final do ano, que autorizavam pela primeira vez na história a participação de entes subnacionais [estados] ou entes privados no mercado de carbono, o que até então era vedado.

Na reunião da COP (Conference of the Parties), em Madrid, o governo do Brasil levou à reunião a cobrança dos 100 bilhões de dólares que foram prometidos para países em desenvolvimento a partir de 2020. “O Brasil certamente tem uma parcela, até pelo percentual lido pelo general Heleno de quanto de floresta nós temos, o Brasil faz jus a uma parcela significativa desse 100 bi anuais do Acordo de Paris. E nós, todavia, seguimos sem receber também em razão do protocolo de Kioto de 2005”, disse Ricardo Salles.

De acordo com general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), as Américas possuem 41,4% das florestas primárias do planeta. A Europa, por sua vez, possuiu apenas 0,1%. Sendo o Brasil o grande responsável por esse resultado que cresce ano após ano, segundo a Embrapa, o país possui 61% do seu território de mata nativa.

Passados 15 anos, o Brasil mensurou 450 milhões de toneladas reduzidas ou evitadas, porém só recebeu projetos da ordem de 150 milhões e segue aguardando a remuneração pelo montante certificado no órgão internacional.

Os fatos demonstram que o Brasil vem cumprindo com a sua parte. E, sim, lhe cabe o posto de Nação que mais se preocupa e contribui com o meio ambiente, diferentemente daqueles países que o acusam!

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