MÓDULO
6. GESTÃO
PELA QUALIDADE APLICADA AO POLICIAMENTO DE PROXIMIDADE;
PLANEJAMENTO:
GESTÃO
PELA QUALIDADE EM SEGURANÇA PÚBLICA
É
possível até se discutir o que é qualidade, mas não se pode negar
que os princípios da gestão pela qualidade, utilizados com êxito
na administração de empresas públicas e privadas, auxiliam muito
no planejamento, no acompanhamento e na avaliação de produtos e
serviços. Estes princípios aplicados à Segurança Pública,
principalmente na Polícia Comunitária, contribuirão para a
melhoria da prestação do serviço à comunidade.
ESTRATÉGIAS
INSTITUCIONAIS PARA O POLICIAMENTO
DISCUTINDO
ESTRATÉGIA
Por
isso, é de fundamental importância elaborar metas e
quantificar cada objetivo, atribuir valores (custos),
estabelecer prazos (tempo) e definir responsabilidades. A estratégia
também orienta a maneira como a instituição irá se relacionar com
seus funcionários, seus parceiros e seus clientes. Uma estratégia é
definida quando um executivo descobre a melhor forma de usar sua
instituição para enfrentar os desafios ou para explorar as
oportunidades do meio.
Como
observa FREITAS
(2003),
gerenciar a rotina é garantir meios para que o nível operacional
atinja resultados, esperados,
de produtividade e qualidade pelo nível institucional. Geralmente,
as empresas modernas (ou pós-modernas), utilizam o sistema de gestão
para atingir metas. Este processo de gerência envolve os três
níveis de uma instituição/organização:
-
Nível Institucional – Responsável pela formulação de
estratégias e metas anuais para a instituição ou empresa.
É
o nível mais elevado da organização. É constituído pela alta
administração que tomam as principais decisões da organização.
O nível institucional por ser o nível mais alto da
organização, recebe o impacto das mudanças e pressões
ambientais. Nesse nível, o administrador deve possuir uma visão
estratégica, para definir a missão e os objetivos fundamentais
do negócio;
-
Nível Tático – Responsável por desdobrar estas metas em
diretrizes e normas.
É
o nível administrativo que intermedia o nível institucional e o
nível operacional da organização. É o nível composto pelos
gerentes, que cuidam das operações táticas da organização.
; e
-
Nível Operacional – Responsável por atingir as metas.
É
o nível administrativo que se encontra na base inferior da
organização e é composta que executa as tarefas designadas pelo
alto escalão..
|
Tabela
1: Níveis de atuação. Fonte:
Chiavenatto - Administração dos Novos Tempos - PPs para os
Professores - Site http://www.chiavenato.com/
Observe
o diagrama a seguir para compreender melhor:
Figura
18. O Sistema de Gestão para atingir metas.
PRINCIPAIS
ESTRATÉGIAS DE POLICIAMENTO
De
acordo com MOREIRA (2005), os policiais brasileiros que
ocupam cargos executivos não costumam considerar as diferentes
estratégias institucionais para o policiamento. Uma grande
parcela prefere repetir aquilo que aprendeu nas academias, com
seus professores policiais, sem considerar outros modelos
policiais. Entretanto, na tentativa de atingir os objetivos
organizacionais, alcançar uma legitimação e apoio das
comunidades acumulou–se, nos últimos 50 anos, diversas
experiências policiais.
|
Estas
experiências podem ser divididas em quatro grandes grupos:
-
Combate profissional do crime ou policiamento tradicional;
-
Policiamento estratégico;
-
Policiamento Orientado para o Problema; e
-
Polícia Comunitária.
|
Uma
estratégia de policiamento orienta, entre outras coisas, os
objetivos da
polícia, seu foco de atuação, como se relaciona com a comunidade e
principais táticas.
Exemplos
de estratégias:
Combate
profissional do crime e
policiamento estratégico
têm como objetivo principal o controle do crime,
pelo esforço em baixar as taxas de crime;
Policiamento
Orientado para o Problema e
a “Polícia Comunitária”
enfatizam a manutenção da ordem e a redução do medo dentro
de um enfoque mais preventivo.
|
Enquanto
o policiamento tradicional mantém certo distanciamento da comunidade
(os policiais é que são
especialistas), a
Polícia Comunitária defende um relacionamento mais estreito com a
comunidade como uma maneira de controlar o crime, reduzir o medo e
garantir uma melhor qualidade de vida.
AS
CARACTERÍSTICAS DAS QUATRO ESTRATÉGIAS DE POLICIAMENTO
-
Combate Profissional do Crime ou Policiamento Tradicional
A estratégia administrativa
que orientou mundialmente o policiamento a partir de 1950 e, no
Brasil, ainda orienta a maioria das polícias, de todas as
unidades federativas, é sintetizada pela frase, que nomeia esta
estratégia: “combate profissional do crime”.
Ela tem como principais
características:
- Foco direto sobre o
controle do crime como sendo a missão central da polícia , e só
da polícia;
- Unidades centralizadas e
definidas mais pela função (valorização das atividades
especializadas), do que geograficamente (definição de um
território de atuação para cada um dos policiais)1;
e
- Altos investimentos
(orçamentários e de pessoal) em tecnologia e em treinamento.
O objetivo da estratégia de
combate profissional do crime é criar uma força de combate do
tipo militar, disciplinada e tecnicamente sofisticada. Os
principais objetivos desta estratégia é o controle da
criminalidade e a resolução de crimes.
- As principais tecnologias
operacionais dessa estratégia incluem a utilização de patrulhas
motorizadas, de preferência com automóveis, suplementadas com
rádio, atuando de modo a criar uma sensação de onipresença e
respondendo rapidamente aos chamados, principalmente aqueles
originados pelo telefone 190 ou 911 – no exterior.
- Os valores que dirigem o
combate ao crime englobam o controle do crime como objetivo
importante, investimentos no treinamento policial, aumento do
status e da autonomia da polícia e a eliminação da truculência
policial.
A limitação deste modelo
em controlar a criminalidade é um dos seus pontos fracos; um
outro é o caráter reativo da ação da polícia, que só atua
quando é chamada, acionada.
As táticas utilizadas
normalmente falham na prevenção dos crimes, ou seja, não os
impedem de acontecer.
Praticamente não há
análise das causas do crime e existe um grande distanciamento
entre a polícia e a comunidade. Na verdade, o distanciamento é
incentivado, pois “quem entende de policiamento é a polícia”.
O isolamento é uma tentativa institucional de evitar a corrupção.
|
−
Policiamento
Estratégico
O
conceito de policiamento estratégico tenta resolver os pontos
fracos do policiamento profissional de combate ao crime,
acrescentando reflexão e energia à missão básica de controle
do crime.
O
objetivo básico da polícia permanece o mesmo que é o controle
efetivo do crime. O estilo administrativo continua centralizado e,
através de pesquisas e estudos, a patrulha nas ruas é
direcionada, melhorando a forma de emprego.
O
policiamento estratégico reconhece que a comunidade pode ser um
importante instrumento de auxílio para a polícia e enfatiza uma
maior capacidade para lidar com os crimes que não estão bem
controlados pelo modelo tradicional.
A
comunidade é vista como meio auxiliar importante para a polícia,
mas a iniciativa de agir continua centralizada na polícia, que é
quem entende de Segurança Pública.
Os
crimes cometidos por delinquentes individuais sofisticados (crimes
em série, por exemplo) e os delitos praticados por associações
criminosas (crime organizado, redes de distribuição de drogas
(narcotráfico), crimes virtuais de pedofilia, gangues, xenofobia,
torcedores de futebol violentos – como os hooligans, etc.)
recebem ênfase especial.
O
policiamento estratégico carece de uma alta capacidade
investigativa. Para esse fim são incrementadas unidades
especializadas de investigação.
|
− Policiamento
orientado para o problema (Era de resolução de problemas com a
comunidade)
O policiamento para
(re)solução de problemas, também conhecido com o policiamento
orientado para o problema (POP),é uma estratégia que tem como
objetivo principal melhorar o policiamento profissional,
acrescentando reflexão e prevenção criminal.
Para diversos autores “[...]
o policiamento orientado para a solução de problemas conota mais
do que uma orientação e o empenho em uma tarefa particular. Ele
implica em um programa, com sugestões sobre o que a polícia
precisa fazer”, segundo Skolnik; Bayley (2002, p.39).
O POP pressupõe que os
crimes podem estar sendo causados por problemas específicos e
talvez contínuos na mesma localidade. Conclui-se que o crime pode
ser minimizado (ou até mesmo extinto) através de ações
preventivas, para evitar que seja rompida a ordem pública. Essa
estratégia determina o aumento das tarefas da polícia ao reagir
contra o crime na sua causa, muito além do patrulhamento
preventivo, investigação ou ações repressivas.
|
− Policiamento Comunitário (Era de resolução de problemas com a comunidade)
A
estratégia de policiamento comunitário vai, ainda, mais longe
nos esforços para melhorar a capacidade da polícia. O
policiamento comunitário, que é a atividade prática da
filosofia de trabalho da polícia comunitária, enfatiza a criação
de uma parceria eficaz e eficiente entre a comunidade e a polícia.
O
policiamento comunitário tem a necessidade de deixar a comunidade
nomear seus problemas e buscar solucioná-los em parceria com a
polícia. As instituições, como a família, a escola, a igreja,
as associações de bairro e os grupos de comerciantes, são
considerados parceiros imprescindíveis da polícia para a criação
de um grupo coeso de colaboradores. O êxito da polícia está não
somente em sua capacidade de combater o crime, mas na habilidade
de criar e desenvolver comunidades competentes para solucionar os
seus próprios problemas.
A
polícia comunitária como filosofia muda os fins, os meios, o
estilo administrativo e o relacionamento da polícia com a
comunidade. O objetivo finalístico é para além do combate ao
crime, pois permite a inclusão da redução do medo do crime, da
manutenção da ordem e de alguns tipos de serviços sociais de
emergência.
Os
meios englobam toda a sabedoria acumulada pela resolução de
problemas (método
IARA).
O
estilo administrativo muda de concentrado para desconcentrado, de
policiais especialistas para generalistas.
O
papel da comunidade evolui de meramente informar ou alertar a
polícia, para participante do controle do crime e na criação de
comunidades ordeiras.
|
Conforme
MOREIRA (2004), as bases filosóficas complementam-se. Cada uma
enfatiza busca superar o modelo
policial pré-existente, observe o diagrama abaixo:
ESTRATÉGIAS
DO POLICIAMENTO MODERNO
F
igura 19. Fonte: MOREIRA, Cícero Nunes. Apostila da disciplina de Polícia Comunitária para o curso de Formação de Oficiais. Mimeo. Academia de Polícia Militar, Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.
igura 19. Fonte: MOREIRA, Cícero Nunes. Apostila da disciplina de Polícia Comunitária para o curso de Formação de Oficiais. Mimeo. Academia de Polícia Militar, Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005.
A
GESTÃO E AS ESTRATÉGIAS (MODELOS) DE POLÍCIA
Polícia
Comunitária não é uma experiência do futuro, algo reservado para
o final do século XXI. Os países modernos de tradição
democrática, inclusive de cultura oriental, que ainda não adotaram,
estão em processo de mudança.
“Polícia
Comunitária é, em essência, uma colaboração entre a polícia e a
comunidade para identificar e solucionar problemas comunitários”.
Atualmente,
na maioria das instituições policiais, Polícia Comunitária não
tem sido tratada de modo separado do Policiamento
Orientado para o Problema. Como foi mencionada, a solução de
problemas tem se constituído em uma excelente ferramenta,
metodologia de trabalho, para a prática do policiamento
comunitário.
Com
a adoção da Polícia Comunitária, a polícia tem saído do
isolamento e entendido que
a comunidade deve executar um importante papel na solução dos
problemas de segurança e no combate ao crime. Como enfatizou Robert
Peel em 1829, ao estabelecer os princípios da polícia moderna, “os
policiais são pessoas públicas que são remunerados para dar
atenção integral ao cidadão no interesse do bem estar da
comunidade”.
A
polícia tem percebido que não é possível mais fingir que sozinha
consegue dar conta de todos os problemas de segurança. A comunidade
precisa policiar a si mesma e a polícia pode (ou deve) ajudar e
orientar esta tarefa.
CONSTRUIR
PARCERIAS E MOBILIZAR AS LIDERANÇAS COMUNITÁRIAS
Na
década de 80 nos Estados Unidos cresceu o entendimento de que os
meios formais e informais de controlar o crime e manter a ordem eram
complementares e que a polícia e a comunidade deveriam trabalhar
juntas para definir estratégias de prevenção do crime, várias são
as teorias sociológicas que comprovam esta abordagem, conforme
MOREIRA (2005).
Da
mesma forma, por acreditar que o medo do crime favorece o aumento das
taxas de crime e a decadência dos bairros, inúmeros programas de
redução do medo foram desenvolvidos através da parceria
políciacomunidade.
Estratégias
para organizar a comunidade e prover uma resposta coletiva ao crime
têm se tornado o alicerce da prevenção do crime nos Estados Unidos
nos últimos anos. A polícia não pode lidar, sozinha, com o
problema do crime.
Para
construção de uma estratégia de Polícia Comunitária devem ser
buscados como objetivos a parceria, fortalecimento, solução de
problemas, prestação de contas e orientação para o cliente.
A
polícia deve trabalhar em
parceria com a comunidade, com o governo, outras agências de serviço
e com o sistema de justiça criminal. A palavra de ordem deve ser
“como podemos trabalhar juntos para
resolver este problema?” Os
membros da comunidade devem estar envolvidos em todas as fases do
planejamento do policiamento comunitário.
Basicamente,
existem dois tipos de fortalecimento - dos policiais e da própria
comunidade. O policiamento comunitário capacita (dá competência)
aos cidadãos para participar das decisões sobre o policiamento e de
outras agências de serviço para prover maior impacto nos problemas
de segurança. Poder de decisão, criatividade e inovação são
encorajados em todos os níveis da polícia.
Policiamento
comunitário representa um renascimento da abordagem de policiamento
pela solução de problemas.
A meta da solução de problemas é realçar a participação da
comunidade através de abordagens para reduzir as taxas de
ocorrências e o medo do crime, através de planejamentos a curto,
médio e longo prazo.
O
policiamento comunitário encoraja a prestação de contas, pesquisas
e estratégias entre as lideranças e os executores, a comunidade e
outras agências públicas e privadas.
Uma
orientação para o cliente é fundamental para que a polícia preste
serviço à comunidade. Isso requer técnicas inovadoras de solução
de problemas de modo a lidar com as variadas necessidades do cidadão.
Estabelecer
e manter confiança mútua é o núcleo da parceria com a comunidade.
A polícia necessita da cooperação das pessoas na luta contra o
crime; os cidadãos necessitam comunicar com a polícia para
transmitir informações relevantes. O processo de parceria
comunitária possui três lados: CONFIANÇA
facilita um maior CONTATO COM A
COMUNIDADE que, por sua vez,
facilita a COMUNICAÇÃO
que leva a uma maior CONFIANÇA
e assim por diante.
Por
isso, as instituições policiais precisam identificar os atores
sociais que atuam nas lideranças comunitárias, como representantes
das pessoas que estão enfrentando, “ ou sofrendo”, com o(s)
problema(s).
Organizações
públicas e privadas, grupos de pessoas (idosos, proprietários de
imóveis, comerciantes, etc.) são pessoas importantes para iniciar
um processo de mobilização social, e principalmente manter os
públicos envolvidos coesos, em torno da causa social, durante as
demais
fases que buscam a sua solução.
GESTÃO
DE SERVIÇOS NA POLÍCIA COMUNITÁRIA E POLÍCIA TRADICIONAL
Policiamento
comunitário é uma filosofia e não uma tática específica; uma
abordagem pró-ativa e descentralizada, designada para reduzir o
crime, a desordem e o medo do crime através do envolvimento do mesmo
policial em uma mesma comunidade em um período prolongado de tempo.
(MOREIRA,
2005 apud PEAK,
1999, p. 78).
É
fato que não existe um programa único para descrever o policiamento
comunitário, ele tem sido tentado em várias polícias ao redor do
mundo.
O
policiamento comunitário vai muito além que simplesmente
implementar policiamento a pé, ciclopatrulha ou postos de
policiamento comunitário. Ele redefine o papel do policial na rua de
“combatente” (combate ao crime), para solucionador de problemas e
ombudsman2
do bairro. Obriga uma transformação
cultural da polícia, incluindo descentralização da estrutura
organizacional e mudanças na seleção, recrutamento, formação,
treinamento, sistemas de recompensas, promoção e muito mais.
Além
do mais, essa filosofia pede para que os policiais escapem da lógica
do policiamento dirigido para ocorrências (rádio
atendimento) e busquem uma solução
proativa e criativa para equacionar o crime e a desordem.
Observe
como que o diagrama 5W2H
pode ajudar na gerencia do serviço policial. Esta metodologia,
também conhecida nos países de língua portuguesa como 4Q1POC
(após a tradução),
é muito utilizada na administração de empresas para gerenciar um
Plano de Ação para elaborar um
serviço ou produto.
DIAGRAMA
5W2H ou 4Q1POC – GERENCIA DE UM PLANO DE AÇÃO
Tabela
2:
Diagrama 4Q1POC ou 5W2H
Em
seguida apresentamos um diagrama, adaptado de MOREIRA (2005) apud
PEAK (1999, p. 80), para compreender
(e comparar) o modelo de Polícia Tradicional e a Polícia
Comunitária.
Em
oposição ao trabalho de um policial tradicional, que faz
patrulhamento e prende bandidos, um dia de trabalho de um policial
comunitário, além das tarefas do policial tradicional, inclui
outras, como por exemplo: trabalhar em postos comunitários,
participar de encontros com grupos da comunidade, analisar e resolver
problemas do bairro, realizar pesquisas e entrevistas pessoais,
encontrar com lideranças locais, verificar a segurança das
residências
e comércios locais, lidar com desordeiros, entre outras.
Tabela
3: Diagrama 4Q1POC
MÉTODO
I.A.R.A. (S.A.R.A)
Solucionar
problemas no policiamento não é uma coisa nova. A diferença é que
o policiamento orientado para o problema (POP) apresenta uma nova
ferramenta para que se trabalhem as causas do problema, que
geralmente é utilizada no policiamento comunitário.
A
solução de problemas pode ser parte da rotina de trabalho policial
e seu emprego
regular pode contribuir para a redução ou solução dos crimes.
Na
resolução de problemas repetitivos de segurança, com base no
POSP, a polícia deve utilizar a seguinte metodologia: identificar
e especificar os problemas, analisar para descobrir as causas
desses problemas, responder baseada nos dados analisados para
eliminar as causas geradoras dos problemas e avaliar o sucesso de
todo esse processo (CLARKE; ECK, 2013).
As
mencionadas etapas de identificar, analisar, responder e avaliar
foram sintetizadas na sigla Iara, traduzida da sigla inglesa SARA,
criada por John Eck e Bill Spelman para descrever as quatro fases
de solução de problemas correspondentes no inglês: scanning,
analysis, response e assessment
(CLARKE; ECK, 2013).
Este
método foi desenvolvido por policiais e pesquisadores no projeto
Newport News, na década de 1970 nos EUA, modelo de solução de
problemas que pode ser utilizado para lidar com o problema do
crime e da desordem. Como resultado desse projeto surgiu o método
SARA, que traduzido para a língua portuguesa é denominado IARA.
|
Etapa
|
Português
|
Ingles
|
1ª
FASE
|
IDENTIFICAÇÃO
|
SCANNING
|
2ª
FASE
|
ANÁLISE
|
ANALYSIS
|
3ª
FASE
|
RESPOSTA
|
RESPONSE
|
4ª
FASE
|
AVALIAÇÃO
|
ASSESSMENT
|
É Importante ressaltar que existem diversas variações desta metodologia, detalhando ainda mais cada uma das fases. O método IARA é de simples compreensão para os líderes comunitários e para os policiais que atuam na atividade-fim, e não compromete a eficiência e eficácia do serviço apresentada pelo POP, assim como não contradiz outros métodos, por isso, neste texto resolvemos adotá-la como referência. Observe como que o processo PDCA (muito utilizado na administração de empresas), assemelha-se com o próprio método IARA, utilizado no policiamento orientado para o problema (POP).Como primeiro passo, o policial deve identificar os problemas em sua área e procurar por um padrão ou ocorrência persistente e repetitiva. A questão que pode ser formulada é: O QUE É O PROBLEMA?
Para
GOLDSTEIN (2001) um problema no policiamento comunitário
pode ser definido como “um grupo de duas ou mais ocorrências
(cluster5
de incidentes) que são similares em um ou mais aspectos
(procedimentos, localização, pessoas e tempo), que causa danos
e, além disso, é uma preocupação para a polícia e
principalmente para a comunidade.”
CERQUEIRA
(2001), conceitua que problema (no contexto de Polícia
Comunitária), “é qualquer situação que cause alarme, dano
ameaça ou medo, ou que possa evoluir para um distúrbio na
comunidade”
|
As
ocorrências podem ser similares em vários aspectos, incluindo:
- Comportamento (este é o
indicador mais comum e inclui atividades como: venda de drogas,
roubos, furto, pichação e outros);
- Localização (problemas
ocorrem em Zonas Quentes de Criminalidade, tais como: centro da
cidade, parques onde gangues cometem crimes, complexos
residenciais infestados por assaltantes, etc.);
- Pessoas (pode incluir
criminosos reincidentes ou vítimas);
- Tempo (sazonal, dia da
semana, hora do dia; exemplos incluem congestionamento de
trânsito, proximidade de bares, atividades de turismo, etc.);
- Eventos (crimes podem
aumentar durante alguns eventos, como por exemplo, carnaval,
shows, etc.).
Parece não haver limite
para os tipos de problemas que um policial pode enfrentar e
existem vários tipos de problemas em que se pode utilizar o
modelo de solução de problemas: uma série de roubos em uma
determinada localidade; venda de drogas, alcoolismo e desordem em
local público; roubo e furto de carros; vadiagem; alarmes
disparando em áreas comerciais; problemas de tráfego e
estacionamento; pichação; prostituição de rua; altas taxas de
crime; chamadas repetidas em razão de agressões em determinado
endereço; entre outros.
Atenção!
“Os cidadãos se preocupam
com problemas relacionados com o crime, porém muitas vezes os
problemas relacionados a qualidade de vida podem ser mais
importantes para seus níveis de conforto diário...” (Kelly,
1997)
Importante!
Se o incidente com que a
polícia está lidando não se encaixa dentro da definição de
problema, então o modelo de solução de problemas não deve ser
aplicado e a questão deve ser tratada da maneira tradicional.
Fonte: SENASP
|
IDENTIFICAÇÃO
DO PROBLEMA
Para
iniciar o método Iara, é necessário definir o que é um
problema. No contexto do Posp, um problema corresponde a um
grupo de incidentes similares em tempo, modo, lugar e pessoas,
relacionados à segurança pública. Além disso, um problema deve
ser uma preocupação substancial tanto para a comunidade quanto para
a polícia. Assim, tanto polícia como comunidade devem participar
juntos e ter paridade no processo de identificação do problema
(TASCA, 2010). É importante também nesta etapa a participação da
comunidade. Segundo Marcineiro (2009, p. 119), dar qualidade
ao serviço policial significa torná-lo mais próximo e acessível
ao cidadão respeitando-lhe as necessidades e desejo e considerando
as díspares peculiaridade de cada comunidade no planejamento oferta
do serviço policial
Além
disso, segundo o autor,
Outro
aspecto que deve ser levado em conta na identificação do problema é
a necessidade de se eliminar o ‘achismo’, ou seja, deve-se
trabalhar com atos concretos e dados coletados em fontes de
informações confiáveis. A experiência pessoal de cada um que
participa na identificação do problema é importante, porém, para
se evitar desperdício de tempo e recursos na busca de soluções por
um problema erroneamente identificado ou pouco importante no contexto
geral, deve-se procurar, sempre que possível, comprovar a
experiência pessoal através de dados estatísticos (Marcineiro,
2009, p. 180).
No
tocante à contribuição da polícia, destaca-se o papel da
inteligência de segurança pública como condição primordial à
identificação dos problemas e suas respectivas causas. Por isso, a
inteligência de segurança pública deve ser desenvolvida e
aperfeiçoada constantemente com a integração de diversas bases de
dados e não apenas com dados de instituições de segurança
pública, uma vez que órgãos, como secretarias de saúde e
educação, podem fornecer informações bastante valiosas à
polícia. Nesse cenário, é interessante a utilização de
tecnologias cada vez mais avançadas de análise criminal no auxílio
à inteligência de segurança pública (SANTA
CATARINA, 2011).
Entretanto,
segundo ROLIM (2009, p. 41), infelizmente, muitas vezes só
se obtêm: dados compilados partir dos registros de ocorrência, o
que assimila, inequivocamente, uma maneira ultrapassada de se
lidar com indicadores de criminalidade e violência.
Não
por outra razão, o rol de indicadores de problemas deve ser amplo
e diversificado. Do lado policial devem ser considerados os órgãos
da segurança pública no geral (policiais militares, policiais
civis e bombeiros); do lado da comunidade devem participar, além
de moradores, empresários e lideranças locais representantes de
outras instituições públicas e privadas. Todos devem participar
e conjunto para dar legitimidade ao processo (BRASIL,
2009).
Cabe
salientar que, ao se isolar um determinado tipo de problema, há
maior facilidade de resolvê-lo, e é necessário considerar ainda
que um pequeno grupo de problemas se mostra responsável por um
número considerável de ocorrências policiais. Segundo dados
trazidos por ROLIM (2009, p. 139) de pesquisa
realizada nos ESTADOS UNIDOS cerca de 10% das
vítimas estão envolvidas em 40% dos crimes; 10% dos agressores
estão envolvidos em 50% dos crimes; e 10% dos lugares formam o
ambiente para cerca de 60% das ocorrências infracionais.
Acredita-se
que a realidade seja semelhante no Brasil, seguindo o que se chama
de Princípio de Pareto6,
de acordo com o qual, geralmente, um pequeno número de causas
(20%) é responsável por uma grande proporção de resultados
(80%) (TASCA, 2010).
|
ANÁLISE
DO PROBLEMA
A
fase de análise do problema corresponde ao coração do método
IARA. Nesta fase, buscam-se as raízes dos problemas para, assim,
conseguir atacar suas causas e não apena combater os efeitos dos
problemas (HIPÓLITO,
TASCA, 2012).
Tentando
analisar a gênese do crime, as teorias de criminologia se concentram
em fatores sociais. Simulam causas em fatores longínquos, como as
práticas de educação de crianças, componentes genéticos e
processos psicológicos ou sociais. Essas constituem teorias difíceis
de validação prática e focam em políticas públicas incertas que
estão fora do alcance da polícia (CLARKE;
ECK, 2013).
Ao
contrário da criminologia tradicional, as teorias e os conceitos da
ciência do crime são muito mais úteis no trabalho diário da
polícia, pois segundo
Clarke
e Eck
(2013,
p. 38), “lidam
com as causas situacionais imediatas dos eventos criminais, incluindo
tentações e oportunidades e proteção insuficiente dos alvos”.
Para
esta fase é importante o conhecimento do triângulo de análise
de problema (também conhecido como o triângulo do
crime), originado da teoria da atividade rotineira. Essa
teoria, formulada por Lawrence Cohen e Marcus Felson,
diz que o crime ocorre quando um potencial infrator encontra-se
com um potencial alvo (para aquele tipo de infrator) no mesmo
tempo e lugar, sem a presença de um guardião eficaz. Essa
formulação forma o tripé da análise de problema representada
por infrator, alvo e local (CLARKE; ECK, 2013).
|
RESPOSTAS
ÀS CAUSAS DO PROBLEMA
Após
a identificação clara e análise detalhada do problema, a polícia
enfrenta o desafio de procurar o meio mais efetivo de lidar com ele,
desenvolver ações adequadas com baixo custo e o máximo de
benefício. Para isso, a polícia deve evitar a tentação de
respostas prematuras não fundamentadas nas fases anteriores do
método Iara (BRASIL, 2009).
Deve
haver um equilíbrio nas respostas com a utilização de táticas
tradicionais e não tradicionais. Normalmente as primeiras estão
relacionadas às atividades básicas de policiamento e sozinhas
dificilmente proporcionam soluções duradouras para os problemas
(por exemplo, prisões, intimações e policiamento fixo no local),
ao passo que as táticas não tradicionais ligam-se às ações
comunitárias (como organização da comunidade, educação da
população, alteração do contexto físico, mudanças no contexto
social e da sequência de eventos, alteração do comportamento das
vítimas) (BRASIL, 2009; HIPÓLITO; TASCA, 2012).
Figura
20: Triângulo do crime
Frisa-se
que essas respostas não são limitadas aos esforços para
identificar, prender e oficialmente acusar e julgar infratores.
Expande- se, sem abandonar o uso do direito penal. O policiamento
orientado à solução de problemas procura descobrir outras
respostas potencialmente efetivas (que podem exigir parcerias), dando
grande prioridade à prevenção (CLARKE; ECK, 2013).
AVALIAÇÃO
DO PROCESSO
Nesta
etapa, os policiais avaliam a efetividade das respostas aplicadas na
fase anterior. A avaliação é chave para o método Iara, pois se as
respostas implementadas não são efetivas, as informações reunidas
durante a etapa de análise devem ser revisitadas e novas hipóteses
de respostas devem ser formuladas (BRASIL,
2009).
Esta
fase serve também para exportar programas que funcionaram em
determinados locais para serem aplicados em outras localidades cujos
resultados de identificação e análise do problema sejam
semelhantes. Nesse sentido, em 1977, o Tesouro britânico iniciou uma
política de controle e eficiência
nos gastos em segurança pública condicionando o repasse de
verbas à demonstração de capacidade de reduzir o crime. Por isso,
investiu-se em uma grande revisão dos estudos disponíveis nos EUA,
no Reino Unido e na Holanda. Assim, foi possível identificar
programas que, de fato, funcionavam. Demonstrou-se que os projetos
mais eficazes na redução do crime, sem aumentar o efetivo policial,
utilizavam-se da abordagem de POSP
e firmavam fortes parcerias com as comunidades (ROLIM,
2009).
As
comunidades e as polícias devem compartilha as experiências
bem-sucedidas de prevenção ao crime; aquelas que geram efetiva
segurança a curto e a longo prazo. Devem compartilhar as ideias
específicas de como resolver problemas de vizinhança. Ao destacar
os programas que foram desenvolvidos, espera-se que esta informação
sirva como um catalisador para desenvolver maneiras eficazes de
impedir o crime e aumentar a participação das comunidades nestes
esforços (DALMARCO, 2004, p.
22).
Segundo
Skonieczny (2009), outro fator
importante nesta fase é conhecer o impacto das
medidas policiais sobre a população.
CICLO
PDCA - UNISUL 7
Figura
21.
O Ciclo PDCA.
Disponível em:
<http://pergamum.unisul.br/pergamum/pdf/restrito/000003/0000036.pdf>
Acesso em 12 de ago de 2018.
O
CICLO PDCA
Entendendo
a sigla: o nome PDCA
é composto pelas primeiras letras dos verbos em inglês Plan
(que significa planejar), Do
(que significa fazer, executar), Check
(que significa checar, conferir) e Action, Act
(que significa agir, no caso, agir corretivamente). Esses verbos são
a sequência do método PDCA.
O ciclo PDCA
é um método gerencial de tomada de decisões para garantir o
alcance das metas necessárias à sobrevivência de uma organização.
Pelo ciclo PDCA
consegue-se estabelecer uma estratégia de melhoria contínua, que ao
longo do tempo trará vantagens substanciais para a organização.
Esse método visa a controlar e atingir resultados eficazes e
confiáveis nas atividades de uma organização.
As
etapas que compõem o ciclo PDCA
Plan
– Planejamento
Consiste
no estabelecimento de metas e do método para alcançar essas metas.
Três pontos importantes devem ser considerados:
•
Estabelecer
os objetivos sobre os itens de controle
• Definir
o caminho para atingi-los
• Decidir
quais os métodos a serem usados para atingir os objetivos
Do
- Execução
Compreende
a execução das tarefas previstas na etapa anterior e na coleta dos
dados a serem utilizados na próxima etapa.
Deve-se
considerar também três pontos importantes:
• Treinar
no trabalho o método a ser empregado;
• Executar
o método;
• Coletar
os dados para verificação do processo.
Check
– Controle
Etapa
onde se compara o resultado alcançado com a meta planejada,
considerando-se os pontos a seguir:
•
Verificar
se o trabalho está sendo realizado conforme o padrão;
•
Verificar
se os resultados medidos variam e comparar com o padrão;
•
Verificar
se os itens de controle correspondem com as metas.
Action
- Atuação Corretiva
Consiste
em atuar no processo de função dos resultados obtidos, verificando
os três passos a seguir:
• Se
o trabalho desviar do padrão, tomar ações para corrigi-lo;
• Se
um resultado estiver fora do padrão, investigar as causas e tomar
ações para prevenir e corrigi-lo;
• Melhorar
o sistema de trabalho e método
MASP
(QC STORY)
O
Método de Análise e Solução de Problemas (MASP),
também chamado pelos japoneses de QC8
STORY, é peça fundamental para a melhoria na produção de
bens ou prestação de serviços. A vasta maioria das decisões
que são tomadas nas empresas, sejam elas de cunho estratégico,
tático ou operacional, são baseadas no bom-senso, experiência,
feeling etc. Vale ressaltar que qualquer decisão
gerencial, em qualquer nível, deve ser conduzida para solucionar
um problema (resultado indesejável de uma atividade). Se isso for
entendido, fica claro que qualquer decisão gerencial deve ser
precedida de uma análise da atividade, conduzida de maneira
sistemática e sequencial pelo Método de Análise e Solução de
Problemas.
|
As
empresas possuem problemas que as privam de obter melhor
produtividade e qualidade de seus produtos, além de prejudicar sua
posição competitiva. Nós temos a tendência de achar que sabemos a
solução desses problemas somente baseados na experiência ou
naquilo que julgamos ser o conhecimento certo. No entanto, o
verdadeiro expert é aquele que alimenta seu conhecimento e
experiência com fatos e dados, dessa maneira, assegura-se de usar
esse conhecimento, experiência e, principalmente, o seu tempo na
direção correta. (CAMPOS, 1992, p.208).
O
MASP É UMA SEQUÊNCIA DE PROCEDIMENTOS LÓGICOS, BASEADA EM FATOS E
DADOS, QUE OBJETIVA:
1.
localizar a causa fundamental dos problemas;
2.
mapear as soluções possíveis;
3.
implantar as soluções;
4.
avaliar os resultados das mudanças ocorridas com a
implantação;
5.
padronização (no caso da mudança ter sido efetiva) ou a
revisão das ações (caso a mudança não tenha surtido o efeito
desejado).
|
MÓDULO
7. POLÍCIA DE PROXIMIDADE: DA TEORIA À PRÁTICA.
O
Policiamento de Proximidade tem como fundamento a presença,
proatividade,
descentralização e resolução de conflitos da polícia. Sua
implantação objetiva promover a aproximação entre policiais e
cidadãos, e reduzir os indicadores de criminalidade a partir da ação
policial qualificada. Fonte:
http://www.upprj.com
A
essência é trabalhar próximo à comunidade, interagindo, buscando
identificar o serviço policial e atuando de forma preventiva,
antecipando-se aos fatos.
Para
este fim se faz importante conhecer e entender a dinâmica do
policiamento comunitário que se caracteriza como um esquema
sequencial de ações que sejam eficientes e efetivas à comunidade,
suplantando o limite da visão de ações policiais militares de
meras ações repressivas para completas ações de prevenção
social, esclarecendo que uma não elimina a outra, ambas devem
coexistir em busca do equilíbrio.
No
mesmo sentido, o policiamento comunitário caracteriza-se por ir
muito além de simples ações de aproximação comunitária sem
utilidade social efetiva aparente, haja vista que deve buscar atingir
patamares de mudança social que reflitam em melhoria da qualidade de
vida das pessoas da comunidade atendida. A transformação poderá
ser reconhecida como plena quando de fato houver mudança comunitária
a ponto de, quando retirado o policiamento, verificar-se que a força
da comunidade é maior que as mazelas sociais que desencadeavam
vulnerabilidades, violência e criminalidade impedindo-as de
ressurgir naquele ambiente.
A
segurança pública no Brasil tem buscado adotar inúmeras
alternativas de integração das polícias brasileiras e participação
da sociedade organizada. Desde 1998, o Ministro da Justiça, por
intermédio da Secretaria Nacional de Segurança Pública,
estabeleceu estudos propondo a criação de uma base comum de
formação profissional para todos os profissionais de segurança,
objetivando, assim, criar uma doutrina básica para atuação nessa
área. Por outro lado, os Estados Brasileiros vêm estabelecendo
programas de integração entre as polícias ostensivas (as Polícias
Militares) e as investigativas
(as Polícias Civis).
Exemplos
como a integração operacional e a integração das escolas de
formação têm sido motivo de destaque em todo o país e têm
contribuído com a melhora da qualidade do serviço policial, pois se
têm aumentado as intervenções policiais com base em técnicas
modernas.
UM
POUCO DA HISTÓRIA
O
modelo de Policiamento Comunitário foi introduzido no Brasil a
partir da década de 80 quando as polícias militares estaduais
buscavam a reestruturação de seus processos com base na
Constituição Federal de 1988.
Em
1991, a Polícia Militar do Estado de São Paulo promoveu o I
Congresso de Polícia e Comunidade, sendo este considerado o marco
inicial da discussão sobre o tema.
No
mesmo ano a Polícia Militar do Rio de Janeiro inicia um programa
piloto de Polícia Comunitária no bairro de Copacabana.
Em São Paulo tal iniciativa tem início em Ribeirão Preto.
Dentro
de uma política de modernização democrática e política, o
Governo Federal, a partir de 1996, implementou diversos programas nas
áreas sociais. Um de considerável destaque foi o Programa Nacional
de Direitos Humanos, que buscou estabelecer diretrizes para a
melhoria da qualidade de vida no país. No programa foram incluídas
metas que objetivam sistematicamente melhorar o desempenho e o
relacionamento das polícias brasileiras com a sociedade,
principalmente, otimizando programas de polícia comunitária nos
Estados, como você poderá verificar a partir do exemplo a seguir:
PROGRAMA
NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS9:
PROPOSTAS
DE AÇÕES GOVERNAMENTAIS
PROTEÇÃO
DO DIREITO À VIDA/ SEGURANÇA DAS PESSOAS - MÉDIO PRAZO
-
Apoiar as experiências de polícias comunitárias ou interativas,
entrosadas com conselhos comunitários, que encarem o policial como
agente de proteção dos direitos humanos; 32 República Federativa
do Brasil. Programa Nacional de Direitos Humanos. BR: Min. Da
Justiça, 1996. p.21. 87 SENASP
Em
1997, ratificando o Programa Nacional, o Governo do Estado de São
Paulo, através da Secretaria da Justiça e de Cidadania, implementou
o Programa Estadual de Direitos Humanos, ratificando as seguintes
atividades:
PROGRAMA
ESTADUAL DE DIREITOS HUMANOS10
PROPOSTA
DE AÇÕES PARA O GOVERNO E PARA SOCIEDADE
-
CONSTRUÇÃO
DA DEMOCRACIA E PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS
-
educação para a democracia e os direitos humanos - desenvolver
programas de informação e formação para profissionais do direito,
policiais civis e militares, agentes penitenciários e lideranças
comunitárias, orientados pela concepção dos direitos humanos
segundo a qual o respeito à igualdade supõe também reconhecimento
e valorização das diferenças entre indivíduos e coletividades.
PROJETO
POLÍCIA INTERATIVA
Em
1985, com a criação dos Conselhos Comunitários de Segurança,
nascia a Polícia Interativa, na Cidade de Guaçuí/ES, dando um
passo importante na busca de uma real aproximação com a
comunidade, sendo objeto de destaque na mídia nacional, pelo seu
audacioso projeto de polícia interativa. Sem prejuízo das ações
voltadas contra os criminosos, buscou-se o entrosamento com a
comunidade para juntos controlarem as ações delituosas, evitando
sua eclosão. De forma harmoniosa, visou-se à responsabilidade de
todos para a garantia da ordem pública, antecipando-se aos fatos.
COSTA11
afirma:
Assim
está sendo concebido o POP-COM (Polícia Interativa) como um novo
tipo de Policiamento Ostensivo, pois objetiva obter produtividade e
qualidade no serviço de polícia ostensiva, prestados à sociedade,
trazendo como inovação a possibilidade real de se aferir as ações
ostensivas do policial militar no setor onde atua pontuando-as e
controlando de modo criterioso o seu desenvolvimento, através da
informática.
Para
uma maior operacionalização, foi incutida nos policiais militares
nova mentalidade no atendimento de ocorrências, por meio da leitura
diária de um decálogo (POP - COM - Polícia Interativa), fixado na
sala de reuniões. Decálogo do Policial Interativo (Guaçui- ES) Foi
dada preferência ao policiamento ostensivo a pé como forma de
aproximar mais facilmente o policial militar da comunidade, buscando
conhecer suas aspirações, sugestões e críticas durante o
policiamento ou por intermédio dos conselhos interativos. O lema “O
Povo conspira com quem o protege”, de
Nicolo Machiavel, é a base do trabalho.
Os
objetivos da Polícia Interativa são:
a)
Geral:
-
Estabelecer os princípios institucionais para a implantação da
filosofia da Polícia Interativa.
b)
Específicos:
-
Incrementar, na estrutura da Polícia, a filosofia de uma Polícia
cidadã, através da execução do projeto de polícia interativa;
-
Exteriorizar a preocupação do Governo, no alcance de uma nova
mentalidade no exercício constitucional da atividade policial;
-
Promover a interação contínua entre a Polícia e os diversos
segmentos da sociedade;
-
Investir na criação de um módulo próprio, moderno e dinâmico na
atividade-fim da Polícia, através da Polícia Interativa.
Os
primeiros resultados mostraram credibilidade, fizeram surgir o
espírito de interação comunitária, diminuiu a criminalidade na
cidade (25,4% em 1993), aumentou a sensação de segurança e
possibilitou o reconhecimento dos poderes públicos.
Outros
Estados brasileiros a partir de 1997 têm implementado o modelo de
Polícia Interativa, que é muito semelhante ao Policiamento
Comunitário.
POLICIAMENTO
COMUNITÁRIO EM SÃO PAULO: A VISÃO DOS POLICIAIS
Inserida
no contexto da onda comunitária que vem se alastrando pelas forças
policias em todo o mundo, em 30 de setembro de 1997 a Polícia
Militar do Estado de São Paulo adotou experimentalmente a filosofia
do Policiamento Comunitário, definida como “filosofia e estratégia
da organização que proporciona a parceria entre a população e a
polícia.” Atuando dentro de um território específico e voltada
também para os aspectos preventivos do crime, a experiência tem
implicado uma parceria entre polícia, comunidade local, autoridades
eleitas e empresários locais, entre outros grupos.
De
setembro de 1997 até maio de 2000 foram instaladas 239 bases
comunitárias de segurança no estado, sendo 44 na capital, 39 da
grande São Paulo e 158 no interior. Cerca de 16.000 oficiais e
praças já passaram por cursos multiplicadores ou estágios e só na
capital existem 462 policiais diretamente ligados ao programa.
A
Polícia Militar criou testes psicológicos específicos para
selecionar policiais comunitários, passou a incluir a matéria
Polícia Comunitária em todos os cursos de formação,
aperfeiçoamento e requalificação profissional a partir de 1998 e
trouxe diversos especialistas nacionais e estrangeiros –
principalmente americanos, canadenses, franceses e japoneses – para
assessorar o programa e fazer palestras sobre o tema. Além de trazer
especialistas de fora, já enviaram policiais paulistas para estudo e
seminários no Canadá e no Japão.
Criou
um disque PM para receber reclamações e sugestões da comunidade e
instalou comissões regionais de polícia comunitária nos comandos
de policiamento de área da região metropolitana e da capital. Além
disso, editou e distribuiu material sobre o programa, como a cartilha
do policial comunitário, o livro Policiamento Comunitário: como
Começar, de Robert Trojanowicz, além de cartazes, folhetos
explicativos e boletins informativos com tiragem de 20 mil exemplares
por edição.
Polícia
comunitária não é um conceito unívoco, mas um conjunto amplo de
programas e práticas administrativas inspiradas numa filosofia
comunitária. É um conceito complexo e ambíguo, e nisto reside sua
virtude (Moore, 1994).
Entre
as novas práticas adotadas pela polícia paulista desde 1997 que se
aproximam do modelo estão:
-
Estabelecimento de pequenas bases fixas, que são edificadas,
reformadas e ampliadas, frequentemente com a
colaboração da comunidade local;
-
Patrulhamento feito a pé, num território fixo e relativamente
determinado;
-
Policiais fixos na comunidade, embora existam problemas quanto à
rotatividade de policias e comandantes;
-
Investimento para a formação de policiais e oficiais em
Policiamento Comunitário, com organização de palestras de
professores brasileiros e estrangeiros e envio de oficias para cursos
e visitas a outros estados ou países;
-
Organização de encontros comunitários e seminários de prevenção
ao crime nos bairros;
-
Publicação de boletins sobre Policiamento Comunitário e material
impresso sobre medidas de prevenção que a população deve adotar;
-
Criação de um conselho de implantação do Policiamento
Comunitário, com reuniões periódicas;
-
Incentivo a criação de conselhos de segurança comunitários, que
atuam frequentemente em conjunção com as bases do policiamento;
-
Pesquisa de avaliação do programa junto aos policiais e às
comunidades afetadas;
-
Organização de atividades recreativas para os jovens e demais
moradores das comunidades, com objetivos preventivos;
-
Campanha da mídia e produção de material de divulgação do
Policiamento Comunitário, como por exemplo, adesivos e boletins
informativos.
Trata-se
de um rol de atividades amplas o suficiente para podermos
caracterizar o experimento como comunitário, ainda que muitas delas
fossem feitas anteriormente pela polícia e diversas atividades
típicas do Policiamento Comunitário – como pesquisas de opinião
para identificar os problemas locais, organização de grupos de
vigilância comunitária, campanhas de prevenção às drogas,
trabalhando conjunto com órgãos municipais e estaduais para
melhorar a saúde, a segurança e a limpeza local – sejam pouco
enfatizadas.
Nos
primeiros momentos de implantação do programa é natural que se
gaste muito tempo para elaborar material de apoio, construir e
inaugurar bases, promover atividades de divulgação do próprio
programa, treinar policiais e oficiais, visitar e conhecer o
funcionamento de experiências similares e ainda fazer as mudanças
institucionais e administrativas necessárias ao funcionamento
do projeto.
Com
o tempo e a institucionalização do Policiamento Comunitário, essas
atividades iniciais diminuem, dando lugar a tarefas
substantivas e atividades junto
às comunidades, cujos exemplos ainda são poucos e limitados.
IMPLANTAÇÃO
PARCERIA
COM A COMUNIDADE
É
o reconhecimento do potencial que a comunidade pode oferecer às
organizações responsáveis pela segurança pública na resolução
de problemas que afetam diretamente a vida de ambos: comunidade e
polícia. A contribuição pode variar desde a identificação de
problemas até o planejamento de uma ação para combater e
solucionar os problemas de segurança pública, em seu sentido mais
amplo.
Deve-se
incentivar a participação do diálogo com a comunidade, envolvendo
policiais em eventos cívicos, culturais e de negócios, trabalhando
com agências sociais e tomando parte de atividades educacionais e
recreativas com crianças em escolas. O objetivo é inserir a polícia
como parte integrante da comunidade. Assim como a igreja e a
associação de bairro, a polícia será vista como mais um
integrante desta comunidade, permitindo que esta interfira na
definição de prioridades e alocação de recursos.
DEVE-SE,
PARA INCENTIVAR ESTA PARCERIA, FORTALECER DOIS GRUPOS ESSENCIALMENTE:
-
O GRUPO EXTERNO, A COMUNIDADE;
-
OS POLICIAIS DE PONTA DE LINHA.
Eles
são a quem se dirige o serviço público, e os policiais de ponta de
linha são o contato imediato entre polícia e comunidade. Deve-se
ter sempre em mente que a ação de um policial pode comprometer o
trabalho de todos, e no
limite, de toda a instituição.
O
policial, inserido na comunidade deve ser um catalisador e um
facilitador das mudanças
e do desenvolvimento da comunidade.
Nessa
atividade em conjunta, não se deve ter as tradicionais dualidade:
profissional X paisano;
antigo X moderno; autoridade X
subordinado. Toda forma de
subestimar o potencial alheio deve ser fortemente reprimido, já que
Policiamento Comunitário é a tentativa de juntar todas as forças
vivas, de dentro da instituição e de fora, da comunidade. Todos têm
um potencial de cooperação que deve ser incentivado e ampliado.
Por
fim, toda a instituição policial deve estar ao lado da comunidade
quando essa
dela precisar.
O
voltar-se para a comunidade implica em:
-
Ter clareza do tipo de mudanças necessárias visando a polícia
comunitária, reatualizando antigas estruturas administrativas para
uma nova mentalidade;
-
Deve-se reconhecer a necessidade de mudanças.
Isto
implica em:
-
Mudança de uma administração burocrática para gerência de
resultados;
-
Adoção de estilo flexível de administração;
-
Divisão de iniciativas, decisões rápidas e responsabilidade
descendente. A responsabilidade por uma área deve ser do capitão,
do sargento, do soldado.
As
decisões devem ser de baixo para cima, e não de cima para baixo:
-
Definição do objetivo da Organização;
-
Definição clara de metas para toda a corporação;
-
Critérios de avaliação;
-
Manutenção de pessoas adequadas à nova polícia;
-
Planejamento a curto, médio e longo prazo.
Portanto,
como um todo, deve a polícia incentivar a comunidade em si mesma e
o policial.
Que
tipo de metas a serem buscadas:
-
Redução da criminalidade;
-
Envolvimento com a comunidade;
-
Respeito aos direitos constitucionais e à dignidade humana;
-
Conservação do material permanente;
-
Menor número de policiais e civis mortos (ou feridos, física ou
psiquicamente).
A
gerência serve como guia e catalisador de forças necessárias para
dar suporte ao patrulheiro. Toda organização deve apoiar, guiar e
encorajar a solução dos problemas locais.
RESOLUÇÃO
DE PROBLEMAS
Se
a polícia reconhece que sua atividade está em ajudar a comunidade a
resolver seus problemas, haverá por parte das pessoas um constante
crescimento de confiança na polícia e este círculo é essencial
para o sucesso da Polícia Comunitária. Este processo requer uma
consciência muito grande por parte dos policiais em relação às
preocupações da comunidade.
Os
problemas mais importantes para a população podem não ser os mais
importantes para a polícia. Caso
não seja um problema específico da polícia, esta deve agir em
conjunto com outras agências públicas.
Problemas
para comunidade:
-
Estacionamento de carros em regiões escolares;
-
Pichações;
-
Problemas com trânsito;
-
Indivíduos que perturbam comunidades;
-
Arrombamentos de estabelecimentos públicos;
-
Problemas com tráfego de carros;
-
Problemas urbanos: falta de luz, saneamento etc;
COMO
SOLUCIONAR:
-
Sempre fazendo trabalho conjunto com a comunidade e outras agências
públicas especializadas;
-
Trabalhos educacionais: escolas, trânsito, redução de lesões
corporais etc;
-
Reabilitação de centros para drogados;
-
Melhorando condições urbanas (reabilitação de prédios que
possibilitem conduta criminosa; melhoria do meio ambiente;iluminação
de ruas; remoção de matagais, interdição de prédios vazios etc.)
O
fim último da instituição é promover segurança à população
através do policiamento ostensivo. Logo, ela tem de ser medida pela
sua capacidade de realização de seu principal serviço: segurança.
A
melhor solução é aquela que satisfaz a comunidade, melhora a
segurança, diminui a ansiedade, aumenta a ordem, fortalece os laços
entre polícia e comunidade
e minimiza ações coercitivas.
INTEGRAÇÃO
COM ENTIDADES REPRESENTATIVAS DA COMUNIDADE
O
sucesso da Polícia Comunitária, na visão de TROJANOWICZ, e
indicado por diversos pesquisadores, depende de segmentos
representativos da comunidade que irão participar diretamente da
melhoria da atividade policial naquela localidade. Estes órgãos são
identificados em seis grandes grupos:
-
Organização policial;
-
A comunidade;
-
Autoridades constituídas e organismos governamentais;
-
A comunidade de negócios;
-
As instituições comunitárias;
-
Os veículos de comunicação.
ORGANIZAÇÃO
POLICIAL
A
organização policial exerce papel fundamental no sistema de Polícia
Comunitária, pois ela tem que assimilar e se querer se comprometer
com o novo sistema, criando um consenso que envolva do mais
importante comandante até o soldado que está na linha de frente. A
organização tem que construir laços de confiança com a
comunidade, fortalecendo os cidadãos em geral no processo de
parceria, e o lugar onde vai se aperfeiçoar essas habilidades é
dentro da Polícia Comunitária. Deve ser analisado o sistema
existente de recompensas e criar um novo, para reforçar os conceitos
de Polícia Comunitária. As pessoas costumam reclamar que é difícil
implantar a Polícia Comunitária em razão das dificuldades de meios
e de pessoal existentes.
Entretanto,
se for realizada uma análise detalhada, será verificado que, mesmo
fora dos horários de maior incidência de ocorrências, existem
intervalos entre os atendimentos que permitem a prática da Polícia
Comunitária. É essa a saída, pois os moradores de São Paulo
acreditam no restabelecimento do vínculo de confiança e
colaboração, pois apontam caminhos para recuperar a eficiência e
resgatar a imagem.
O
policial compromissado com a comunidade da área vai ter na segurança
um papel semelhante ao do pronto socorro no setor da saúde. As
pessoas querem ser atendidas, entretanto, poucos são os casos que
demandam um encaminhamento ao hospital. No policiamento, a maioria
dos casos devem ser resolvidos na base, não exigindo encaminhamento
aos Distritos Policiais e à Justiça.
Muitos
casos são resolvidos com simples orientação. Esse contexto faz
aumentar a credibilidade na organização, aliviando a sobrecarga de
custos desnecessários com os deslocamentos de veículos policiais. O
morador tem a certeza de encontrar um policial amigo, conhecido e
confiável no Posto. O ser humano não confia totalmente em quem não
conhece e a quem não é capaz de revelar um segredo familiar e
outros problemas. É normal que a população tome parte
pelo todo, ou seja, a partir do mau policial, poucos na visão dos
entrevistados - infere que toda a PM é assim. Os casos exemplares de
policiais cumpridores de seus deveres são vistos como exceções. A
PM precisará se estruturar e aprender a conviver e trabalhar com
civis. (PEDROSO FILHO12
1995,p.95)
A
COMUNIDADE
A
comunidade é a grande beneficiada no processo ao receber um Policial
Comunitário, e os grandes perdedores são os marginais. Há
necessidade de educar e preparar a comunidade para ajudar os
policiais e esclarecê-la para entender o sistema e o estabelecimento
de prioridades, para, de um lado, não efetuar críticas destrutivas,
e, de outro, auxiliar na melhoria a qualidade
do serviço.
Nos
locais onde existem lideranças civis (Lions, Rotary, Maçonaria,
etc.), estes devem
esclarecer como é o funcionamento da polícia, como são priorizados
os atendimentos e orientações preventivas de segurança e motivação
para participar da sua autoproteção.
AUTORIDADES
CONSTITUÍDAS E ORGANISMOS GOVERNAMENTAIS
A
Polícia Comunitária deve envolver de todas as autoridades
constituídas (deputados, prefeitos, vereadores etc.), inclusive
aquelas que, por suas ações no dia a
dia, se posicionam como opositoras,
convidando-as, por intermédio dos líderes comunitários a
participar das reuniões.
A
ação da polícia deve ser apolítica, não interessando partido ou
ideologia.
Os
membros da comunidade e os Policiais Comunitários devem conviver bem
com os políticos locais, mostrando a importância social da polícia
comunitária. Afinal, Polícia e Política têm a mesma origem, mas
não devem se misturar.
A
visão Governamental, a respeito da Polícia, é ainda vinculada a um
organismo repressor e refratário às mudanças. É preciso
estabelecer um contato com as diversas esferas de Governo (Federal,
Estadual e municipal), mostrando resultados das atividades
relacionadas ao Programa. Estas atividades devem ser enviadas e
apresentadas como forma de romper possíveis mal entendidos quanto à
atuação policial.
Quanto
aos Governos Municipais o relacionamento é imprescindível. No que
tange aos pequenos e médios municípios isto já ocorre. O problema
parece residir nas grandes cidades e na metrópole (São Paulo), onde
a ação passa pelo entendimento político de que segurança é
apenas problema do Estado.
Tal
afirmação não se trata da municipalização da Polícia, mas da
integração de poderes, visto que os problemas de ordem local passam
pelas duas esferas de Governo, e dependendo das circunstâncias, um
ou outro poderá fica impossibilitado de agir. O prefeito deve
conhecer o seu “Chefe de Polícia”, aquele que desenvolve e
planeja segurança em sua cidade. Afinal como diz a máxima do
ex-governador André Franco
Montoro: “Ninguém mora na União, ninguém mora no Estado, todos
moramos no município”.
Quando
isso não ocorre, o poder público local utiliza subterfúgios para a
criação de estruturas municipais de polícia que só confundem a
população e provocam desvios de finalidade do poder público, como
afirma PEDROSO FILHO13:
Nos
últimos anos, está havendo uma corrida crescente dos poderes
públicos municipais, muitas vezes pressionados pela população que
desconhece as leis, para a criação de guardas municipais, como se
fossem a solução para os problemas da criminalidade. Na verdade,
depois de instaladas as guardas, alguns municípios acabam
verificando que não foram resolvidos os seus problemas de segurança.
O município tem a responsabilidade maior de cuidar das missões no
campo da saúde, saneamento e assistência social, principalmente na
área da criança e do adolescente, buscando atividades para que não
venham a delinquir. Sem dúvida, o crescimento das guardas
municipais, mostra o grau de insegurança psicológica que está
vivendo o povo do Estado de São Paulo e também de outras regiões
mais urbanizadas do país. (PEDROSO FILHO, 1995,p.95)
Outros
órgãos têm incentivado a sua criação e emprego no campo da
Segurança Pública, sob a
falsa bandeira de autonomia dos municípios e com a aprovação da
comunidade que, teoricamente, recebe o beneficio, sem perceber a alta
conta da fatura que vai pagar. Hoje, há guardas municipais em mais
de 25% dos municípios paulistas.
O
assunto legalmente não deixa dúvida, na verdade as políticas
públicas municipais seriam melhor empregadas se, em vez de criarem
um corpo permanente de vigilância, investissem em convênios de
apoio ao sistema estadual, suprindo as necessidades materiais
existentes, possibilitando à Polícia
maior eficácia por um custo menor.
COMUNIDADE
DE NEGÓCIOS
O
envolvimento da comunidade de negócios pode fazer a diferença
entre a aceitação e a resistência. Quando os homens de negócios
são orientados sobre o programa, geralmente orientam seus
funcionários a participarem e, às vezes, até os cedem para apoio
em algumas atividades. Eles podem se tornar uma boa parte de apoio
material para a base de segurança comunitária.
O
processo de planejamento que ignorar as preocupações e
contribuições da comunidade de negócios poderá enfrentar vários
problemas no futuro. A discussão
do assunto com esse grupo, esclarecendo a necessidade das medidas
adotadas, elimina ou ameniza as resistências que normalmente
ocorrem quando são tomadas unilateralmente.
Porém,
na relação com a comunidade de negócios, é preciso deixar claro
e transparente o interesse social da atividade de policiamento, não
privilegiando interesses comerciais ou particulares, que podem
provocar descrédito e desconfiança.
O
importante é agir com a visão econômica do delito, ou seja, o
criminoso procura agir em locais onde haja um centro comercial e
financeiro bastante desenvolvido e procurado. A polícia comunitária
nestas áreas terá por objetivo maior diminuir a incidência de
crimes. Diminuindo esta incidência, a comunidade de negócios
passará a acreditar no policiamento, iniciando a parceria. Exemplos
como o Centro Vivo e a Ação Local, da Capital Paulista, demonstram
bem como resultados preventivos favorecem e aproximam a ação
da polícia.
INSTITUIÇÕES
COMUNITÁRIAS
As
participações das instituições comunitárias são de fundamental
importância para a educação da população e também para a
adequação dos serviços de outros órgãos, visando melhor servir à
comunidade. São inquestionáveis as possibilidades das instituições
comunitárias, pois já vivem para servir, e geralmente seu aspecto
voluntário é altamente produtivo no sentido de buscar soluções
para os problemas locais.
As
atividades de polícia comunitária neste aspecto não devem ter
resistências em receber ajuda ou opiniões destas entidades, pois,
diferente da comunidade de negócios, as contribuições serão de
caráter humilde pelas próprias características locais. O
preconceito religioso e racial não podem fazer parte em
nenhum momento deste processo.
O
RELACIONAMENTO COM ENTIDADES E LIDERANÇAS LOCAIS
A
filosofia básica de entidades locais está calcada na crença de
que quando as pessoas passam a se relacionar com outros cidadãos,
seus problemas comuns
tendem a ser equacionados e compreendidos de modo mais racional.
O
Conselho, Comitês ou Associações são grupos de pessoas do mesmo
bairro ou do mesmo
município que se reúnem para discutir e analisar seus problemas de
Segurança, propor soluções, acompanhar sua aplicação,
desenvolver campanhas educativas e estreitar laços de entendimento
e cooperação entre as várias lideranças locais.
Podem
participar das entidades representativas as pessoas indicadas pelas
Entidades Comunitárias e Instituições de Serviço de bairro. O
número de membros pode variar conforme o tamanho do Distrito ou
Município, do número de Entidades que existem e das pessoas que se
interessam em participar.
Os
representantes dos órgãos de segurança pública são membros
indispensáveis nestas entidades, sendo obrigatórias suas
participações.
Estas
entidades se constituem num legítimo instrumento para reverter às
distorções institucionais por parte da Polícia. Como afirma Paulo
Sérgio Pinheiro, Coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da
USP, “É necessário aumentar o relacionamento entre a Polícia e
a Sociedade. O sucesso do trabalho policial depende da credibilidade
e da boa imagem que a instituição tem em relação à população”.
Importante
instrumento de avaliação para o administrador policial,
favorecendo a definição de prioridades para a atuação da
Polícia, estas entidades têm contribuído para corrigir, por meio
de medidas criativas, fatores de insegurança sem onerar o poder
público.
Além
disso, podem realizar, com sucesso, campanhas de informação e
educação às comunidades em que atuam, alcançando, com isso,
resultados concretos na prevenção de infrações e acidentes
evitáveis, a partir da conduta do próprio cidadão, que deixa
assim de passar à condição de vítima.
Outros
temas, além dos assuntos eminentes policiais, têm sido objeto de
deliberação e atuação, na busca de outras soluções como
deficiência de iluminação pública e pavimentação, modificações
na arquitetura viária e sinalização de trânsito, limpeza e
muramento de terrenos baldios, silêncio urbano, alterações no
itinerário de transportes urbanos, prevenção e tratamento de
dependentes de álcool e drogas, assistência a segmentos mais
fragilizados da comunidade como indigentes, crianças e migrantes
entre outros.
Por
ter sua força no seu caráter suprapartidário, estando estruturado
e organizado,
organizações sociais são um poderoso instrumento para reverter a
violência, verdadeira peste social que se espalha pelas ruas e
atinge níveis insustentáveis. Para tanto é necessário aprimorar
o seu funcionamento, corrigindo as falhas que têm sido detectadas
ao longo do tempo e, por outro lado, disseminando as experiências
de sucesso.
As
falhas mais comuns, a comprometer a eficiência ideal de entidades
sociais são, numa primeira análise:
-
Burocracia nas instituições públicas, ocasionando demora nas
respostas às necessidades da Comunidade;
-
Falta de envolvimento da Comunidade, com as questões
comunitárias;
-
Policiais em funções diretivas na entidade;
-
Uso de instalações policiais para sediar reuniões dessas
entidades, em vez de ambientes neutros;
-
Falta de clareza na detecção de problemas de segurança, suas
causas reais e soluções adequadas;
-
Comunidade que apenas reage aos problemas, sem oferecer alternativas
de planejamento para solucionar as questões elencadas;
-
Excessiva movimentação de autoridades policiais da área,
frustrando sua integração com a comunidade;
-
Uso indevido para fins políticos;
-
Falta de divulgação, quanto ao local, data e horário das
reuniões,
bem como suas finalidades e forma de participação.
VEÍCULOS
DE COMUNICAÇÃO
Na
natural disputa entre os veículos de comunicação, o enfoque
pró-ativo de Polícia Comunitária pode criar na organização
policial a oportunidade de contar com o apoio da imprensa para educar
o público. É preciso aproveitar melhor
os espaços disponíveis na pequena e média imprensa, jornais de
bairro e rádios locais, pois estes podem auxiliar, sobremaneira, o
trabalho de Polícia
Comunitária. O grande desafio é quebrar os paradigmas da mídia em
relação à polícia.
Os
órgãos de imprensa, via de regra, procuram destacar os escândalos,
e isto cria na mente dos policiais a ideia de que a imprensa é
inimiga da polícia, sem entender que ela vive dos espaços que
ocupa na audiência. Na natural disputa entre os veículos de
comunicação, o enfoque pró-ativo de Polícia Comunitária pode
criar na organização policial a oportunidade de contar com o apoio
da imprensa para educar o público.
É
preciso aproveitar melhor os espaços disponíveis na pequena e
média imprensa, jornais de bairro e rádios locais, pois estes
podem auxiliar, sobremaneira, o trabalho de Polícia Comunitária.
Como
medidas para aproximar e melhorar o relacionamento como os
representantes da mídia, sugerimos o seguinte:
-
Criar um programa permanente de comunicação social, objetivando
estabelecer formas de divulgação das atividades da Polícia, com
participação de técnicos especializados (relações públicas,
jornalistas, marketeiros);
-
Priorizar o contato com a mídia regional e local – como a grande
mídia oferece resistências o importante seria o contato com
jornais de bairros, rádios locais e até mesmo emissoras de
televisão regional;
-
Desenvolver campanhas educativas de prevenção contra violência,
utilizando sempre a mesma marca “Polícia” e não o Batalhão X
ou Y ou Distrito Z ou W;
-
Elaborar propagandas de utilidade pública de forma permanente
objetivando orientar as comunidades;
-
Elaborar um planejamento de marketing, de forma a propiciar a
participação da Polícia em eventos diversos (televisão, jornal,
etc.);
-
Na imprensa regional e local, elaborar artigos que orientem e
divulguem as ações locais da Polícia;
-
Promover reuniões locais com a comunidade e a imprensa local
divulgando e informando as atividades de segurança pública;
Quanto
à televisão, promover um planejamento repudiando os
programas que fazem apologia a violência, criando programas que
mostrem assuntos positivos e educativos da ação da polícia:
-
Promover a criação de um programa na rede educativa direcionado
aos jovens e crianças, objetivando mudar a imagem de repressão da
polícia, criando até um personagem (ex:
Guarda Belo).
IDENTIFICAÇÃO
DOS PROBLEMAS SOCIAIS LOCAIS
Até
hoje nenhuma iniciativa isolada conseguiu provar absoluta eficácia
na prevenção do crime, o que se pretende é envolver todos os
segmentos e através das discussões, haverem convergências em razão
de padrões básicos da sociedade.
Antes
de atuarmos diretamente com a comunidade, devemos conhecer a
comunidade adotando as seguintes providências:
Coleta
de informações
Deverão
ser verificados os problemas da área por onde vamos passar a operar
com a polícia comunitária. Quais são os problemas que realmente
afligem aquela área, características físicas e peculiares que não
devem ser consideradas por extensão a toda cidade, quais delitos são
praticados, quem os pratica, se os jovens têm ou não tempo ocioso,
empregos, etc.
Os
obstáculos físicos naturais, índice de ocorrências, população
existente, efetivo, viaturas; especialidades possíveis de vinculação
àquela área específica, tais como: ronda escolar, projeto vida e
outros.
Tipos
de apoio para a área como um todo nos Postos 24 horas, Forças
Táticas, para missões especiais na área como grandes jogos,
desapropriações, invasões de terras e etc., verificando ainda os
policiais militares que estão integrados na comunidade de escolas,
associações, clubes,
etc.
Análise
da comunidade
Orientação
dos policiais e da comunidade para atribuições de poderes a ambos
levando em conta a base econômica, aspectos culturais, organizações
sociais, organizações que reagem contra, projetos e programas
sociais já existentes e potencial para criação de outros.
Identificação
dos grupos relevantes
Levar
em consideração que o sucesso da Polícia Comunitária depende do
apoio de seis grandes grupos, a saber:
1.
Organização Policial;
2.
Comunidade;
3.
Autoridades Constituídas;
4.
Comunidade de Negócios;
5.
Organismos Comunitários; e
6.
Imprensa.
Deverá
ser realizada uma reunião geral envolvendo os grupos para
lançamento da Polícia Comunitária e outras reuniões específicas
nas áreas das futuras bases, nos bairros. Estas reuniões têm por
objetivos:
-
Instruir o público sobre o histórico da Polícia Comunitária e a
maneira como melhor poderia atender às necessidades da comunidade;
-
Fornecer aos cidadãos, as informações que foram coletadas;
-
Obter informações sobre opiniões dos problemas existentes;
-
Explicar os critérios que serão utilizados durante a seleção das
rondas;
-
Apresentar um cronograma experimental que mostrará o esforço da
Polícia Comunitária da fase de planejamento para a implantação.
É
bom o futuro Comandante de Base já levar uma minuta de proposta
experimental para discussão inicial.
Ao
procurar um local para reunião, deverá ser observado os seguintes
detalhes:
-
Número de participantes;
-
Acomodações;
-
Estacionamento com Segurança;
-
Acessível a todos;
-
Transporte fácil;
-
Conforto;
-
Acústica;
-
Iluminação e outros.
Recomendações:
Para
definição da data da reunião, deve ser analisada a facilidade
para o comparecimento, sendo evitados dias de grandes eventos na
cidade, decisões esportivas, etc.
A
data e o horário da reunião poderão variar de acordo com as
características locais.
A
reunião não deve afetar o horário das refeições ou de
descanso.
Utilizar
todos os meios possíveis para sensibilizar as pessoas a
participarem da reunião, acionando o jornal do bairro ou até
panfletos em contas mensais.
|
IDENTIFICAÇÃO
DA LIDERANÇA
Alguns
cidadãos terão comparecido a muitas reuniões de bairro, mas não
necessariamente são líderes comunitários potenciais. É preciso
identificar as pessoas que estão dispostas a iniciar o processo. A
maioria das pessoas que se envolvem ativamente na iniciativa da
Polícia Comunitária estão motivadas, não tanto por sua própria
vitimização ou medo do crime, mas por um interesse geral do bairro
e da comunidade. Procure as pessoas que reflitam as atitudes, os
valores, as normas e as metas do bairro, porque elas saberão melhor
como estimular e perpetuar o apoio dos cidadãos.
Independentemente
do método de seleção, os líderes deve apresentar o seguinte
perfil:
-
Capacidade de participar pessoalmente da iniciativa, sendo de
preferência um morador da comunidade;
-
Inclinação para a ação de resolução de problemas, ao invés da
retórica;
-
Habilidade de identificação com as pessoas envolvidas e,
idealmente, ser reconhecido pelo grupo como o seu porta-voz;
-
Capacidade de inovar, inspirar ação e estimular a participação
continuada e geral dos cidadãos;
-
Capacidade de encorajar respostas de todos os segmentos da
comunidade.
Reunião
dos líderes dos grupos relevantes
Após terem sido identificados
os líderes dos grupos relevantes, o próximo passo é congregá-los.
Deverá ser-lhes dito que foram identificados pelos seus colegas dos
grupos como líderes influentes interessados na polícia comunitária.
As reuniões iniciais (em geral dirigidas por alguma pessoa da
comunidade) poderão ser um tanto desestruturadas. Os principais
objetivos dessas reuniões serão:
-
Facilitar a expressão de sentimentos quanto aos problemas
aparentes;
-
Encorajar grupos relevantes a trocar pontos de vista sobre cada um
deles; (Muitas instituições têm receios em relação a outras
instituições, e os cidadãos poderão também ter desconfiança
quanto às instituições);
- Criar
um clima favorável ao diálogo, a fim de que os mal-entendidos ou
as falsas opiniões possam ser identificadas e possam ser discutidos
quaisquer fatores causadores do problema;
-
Identificar os grupos de auto-interesse, e mostrar de que maneira
cada um dos grupos se beneficiará do processo cooperativo de
resolução de problemas para prevenir o crime e a desordem.
Importante!
As
primeiras reuniões em geral têm as seguintes características:
expressão desestruturada de sentimentos e percepções; aceitação
dos “fatos”;
discussão dos fatores que contribuem para os mal-entendidos;
facilitação do entendimento e aumento do número de percepções
positivas entre os grupos.
Após
um certo tempo, as reuniões começam a ter um enfoque mais real e
menos emotivo. Se as reuniões iniciais atingiram os seus objetivos,
tudo está
pronto para o próximo passo do processo.
IDENTIFICAÇÃO
DAS ÁREAS DE ACEITAÇÃO COMUM E DAS ÁREAS DE DISCORDÂNCIA
Uma
vez identificados os pontos de vista dos diversos grupos, as
informações podem ser apresentadas, em geral em um quadro tipo
“flip chart”, e logo em seguida, essas informações podem ser
discutidas. As percepções dos diversos grupos podem ser comparadas
e as áreas de aceitação comum e as de discordância podem ser
identificadas. Por exemplo, a percepção que a polícia tem em
relação ao seu papel pode ser comparada com a percepção que a
comunidade tem do papel da polícia e vice-versa. Esta comparação
pode ser feita com os demais grupos relevantes - a polícia com os
assistentes sociais, os assistentes sociais com a comunidade, e assim
por diante.
As
percepções dos papéis dos grupos também podem ser comparadas com
os comportamentos reais dos grupos, podendo ser feita uma avaliação
se um determinado grupo age como deveria agir ou de acordo com a
percepção que dele se tem.
Como
resultado da comparação das percepções com o comportamento,
ficará evidenciado se os grupos agem como deveriam ou se eles não
estão cumprindo com os seus papéis. Há em geral um maior consenso
do que seria esperado, em relação ao papel que cada grupo deveria
desempenhar.
O
problema consiste em geral, nas próprias limitações e restrições
que cada grupo possui por causa da sua história passada e/ou
problemas financeiros.
IMPLANTAÇÃO
Após
a identificação das áreas de aceitação comum e de discordância,
é possível fazer um esforço para incorporar as áreas de
concordância no intuito de que os pontos importantes da iniciativa
da Polícia Comunitária sejam aceitáveis para todos os grupos. Os
grupos não irão necessariamente concordar em todas as áreas, mas
haverá em geral, suficientes áreas comuns para possibilitar a
cooperação.
Muitos
grupos ficarão inspirados e esclarecidos para aprender quantas áreas
existem de concordância, que à primeira vista, podem não ter
estado aparentes. Em geral, haverá concordância nas metas
principais, tais como a necessidade
de controle do crime e da desordem, bem como de uma comunicação
mais positiva e eficiente, e de cooperação entre os grupos. As
áreas de consenso podem diminuir à medida que começam a ser
identificadas as técnicas específicas de resolução de problemas e
passam a ser sugeridas por cada grupo alternativas para a
implantação. Isto não será um problema grave, porque se tiverem
sido seguidos os princípios da teoria do patrocínio normativo
(postula que a maioria das pessoas tem boa vontade e irão cooperar
com as outras para a construção de um consenso) e da teoria social
crítica (procura responder porque as pessoas se juntam para corrigir
e superar os obstáculos).
Fundamenta-se
em três ideias
centrais:
-
Esclarecimento: sobre circunstâncias para pleitear mudanças;
-
Poder: agir para melhorar as suas condições; e
-
Emancipação: Podem atingir a liberação através da
reflexão e da ação social.
Prevalecerá
uma atmosfera de cooperação e ficará facilitado o compromisso.
Todos
os grupos sentirão que têm uma participação de consenso no
processo de resolução de problemas.
IMPLANTAÇÃO
DO MODELO DE POLÍCIA COMUNITÁRIA:
CONDIÇÕES
BÁSICAS
QUANTO
À ORGANIZAÇÃO POLICIAL
1.
A Polícia deve reconhecer que é parte integrante do conjunto do
sistema penal e aceitar as consequências de tal princípio. Isso
supõe:
a)
a existência de uma filosofia geral mínima, aceita e aplicada pelo
conjunto do sistema penal;
b)
a cooperação efetiva entre os policiais e os demais membros de tal
sistema penal em relação ao problema do tratamento judicial da
delinquência.
2.
A Polícia deve estar a serviço da comunidade, sendo a sua razão
de existir garantir ao cidadão o exercício livre e pacífico dos
direitos que a lei lhe reconhece. Isso implica em:
a)
uma adaptação dos serviços policiais às necessidades reais da
comunidade;
b)
a ausência de qualquer tipo de ingerência política indevida nas
atuações policiais;
c)
a colaboração do público no cumprimento de certas funções
policiais.
3.
A Polícia deve ser, nas suas estruturas básicas e em seu
funcionamento, um serviço democrático. Isso pressupõe:
a)
a civilidade no atendimento ao serviço;
b)
um respeito total aos direitos fundamentais dos cidadãos;
c)
a participação de todos os integrantes do serviço e do conjunto
da população na elaboração das políticas policiais;
d)
a aceitação da obrigação de prestar contas., periodicamente, das
suas atividades.
4.
A polícia deve ser um serviço profissional. São critérios
necessários para um verdadeiro profissionalismo policial:
a)
a limitação da ação da Polícia a funções específicas;
b)
a formação especializada de seu pessoal;
c)
a aceitação de profissionais civis;
d)
a criação e implantação de um plano de carreira;
e)
a prioridade dada à competência na atribuição de promoções,
critério que deve prevalecer sobre o da antiguidade na escala;
f)
a existência de um código de ética profissional.
5.
A Polícia deve reconhecer a necessidade do planejamento, da
coordenação e da avaliação de suas atividades, assim como da
pesquisa, e pô-los em prática. Como consequência:
a)
o planejamento administrativo e operacional da Polícia, a
coordenação e avaliação das suas atividades, assim como a
pesquisa, devem ser funções permanentes do serviço;
b)
as principais etapas do processo de planejamento policial devem ser:
identificação de necessidades, análise e pesquisa, determinação
de objetivos a curto, médio e longo prazos, elaboração de uma
estratégia para a sua implantação, consulta regular dentro e fora
do serviço e avaliação periódica de tais objetivos e
estratégias;
c)
os objetivos da polícia devem corresponder às necessidades da
comunidade, ser flexíveis, realizáveis e mensuráveis; e
d)
a Polícia deve participar de planejamento conjunto com os demais
serviços policiais do país e com as instituições governamentais
implicadas ou interessadas nos problemas relacionados com as
atividades das forças da ordem.
Quanto
a comunidade
-
A polícia comunitária transfere o poder à comunidade para
auxiliar o planejamento objetivando melhorar a qualidade de vida e
as ações policiais;
-
A polícia comunitária requer que a comunidade forneça insumos
para as gestões que afetam a sua finalidade de vida;
-
A comunidade (com poder) compartilha a responsabilidade de melhorar;
-
O senso de parceria com a polícia é criado e fortalecido;
-
Uma comunidade com mais poder, trabalhando em conjunto com uma
polícia com mais poder, resulta numa situação em que o todo é
maior do que a soma das partes.
Quanto
aos policiais
-
Permitir ao policial “resolver” os problemas em
vez de simplesmente se “desvencilhar”
deles;
-
Dar o poder de analisar os problemas e arquitetar soluções,
delegando responsabilidade e autoridades reais;
-
Os recursos da Instituição devem ter como foco de atenção
auxiliar este policial;
-
Os executivos de polícia devem entender que seu papel e dar
assistência os policiais na resolução de problemas.
CONTROLE
DE QUALIDADE, DESENVOLVIMENTO CONTÍNUO E ATUALIZAÇÃO
Como
ocorre com qualquer iniciativa, existe uma constante necessidade de
controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e atualização. O
processo exige que os grupos relevantes proporcionem uma
significativa retroalimentação, e que novas ideias
sejam testadas, demandando ainda avaliação e reflexão, individual
e em grupo. Existe também uma necessidade de pesquisa científica,
não apenas sobre as causas básicas do crime e da desordem, mas
também sobre a eficácia das abordagens empregadas.
Uma
prevenção eficiente do crime e da desordem e um esforço de
controle só podem resultar de uma experiência direta de cooperação
por parte de todos os grupos relevantes no processo de resolução de
problemas – seja através do envolvimento ativo ou da mera
verbalização. Isto facilitará a cooperação e o entendimento
mútuo entre os grupos em questão.
A
maneira mais eficiente de motivar as pessoas é transmitir-lhes que
suas opiniões serão valorizadas, que eles terão uma voz nas
tomadas de decisão, e que serão engajados no processo de resolução
de problemas. Se esses critérios forem obedecidos, as iniciativas
serão apoiadas e perpetuadas, porque as partes que constituem os
grupos relevantes possuem um investimento pessoal no processo. A
atuação dos grupos relevantes trará benefícios mútuos e
aumentará o entendimento e a cooperação entre eles.
PROAÇÃO,
PREVENÇÃO E REPRESSÃO
Polícia
proativa visa erradicar as causas da violência, atuando de forma
planejada nas mais diversas áreas, contornando problemas
socioeconômicos, tudo com finalidade de não permitir que a
violência surja. A polícia proativa atua nos antecedentes da
violência, e não apenas reage uma vez praticado o ato delituoso.
Em termos financeiros, é muito mais lógico não permitir que o
fato ocorra, já que de outra forma, toda uma série de atores
eventualmente terão de participar: uma equipe de policiais civis,
um promotor, um juiz, uma vaga no sistema penitenciário, uma vaga
num hospital público etc. Portanto, atuar nas causas que
propiciem que a violência surja tem se mostrado mais eficiente
que atuar nas consequências. Atuar na consequência torna-se um
ônus para a própria Polícia, para o Estado como um todo e para
toda a sociedade por conseguinte. Por fim, a eliminação de
fatores de potencial criminógeno melhora a própria qualidade de
vida da comunidade, sendo um fator retroalimentador da confiança
da população em relação à polícia.
No
Brasil, precisa-se de um nível mais básico de policiamento
proativo, que é a análise técnica da criminalidade. Este tipo
de análise permite uma otimização dos recursos humanos e
materiais na contenção da criminalidade.
|
ANÁLISE
DO ANTES E DEPOIS DA POLÍCIA COMUNITÁRIA.
A polícia comunitária não é
apenas um meio de melhorar a imagem da polícia, ainda que ele o
faça. Ele deve ser visto como uma técnica de policiamento, que
deve trazer melhores resultados que o policiamento tradicional.
Nesse sentido, deve-se ter em mente a quantificação dessa melhora:
- Mapas claros da violência
objetiva, isto é, dados estatísticos da região em questão;
- Clareza dos medos subjetivos
da comunidade.
- Abertura para população
local dos avanços (ou não) na solução e contenção dos
problemas levantados.
Os pré-requisitos para
estes elementos são:
- Comunicação (interna e
externa);
- Cooperação e colaboração
(interna e externa);
- Coordenação;
- Mudanças.
CONDIÇÕES
PARA A CONTINUIDADE DA POLÍCIA COMUNITÁRIA
Estabelecido o conceito de
polícia comunitária, faz necessário abordar o que mantém e
sustenta este tipo de policiamento:
a. Desenvolvimento da
confiança entre o policial e a comunidade a que serve (não-remoção
do policial; solução de problemas individuais e comunitários;
honestidade do policial para com a comunidade)
b. Atuação constante da
polícia e da sociedade na remoção de elementos ou condições que
possibilitem ou mesmo encorajem a ação criminal.
c. Resultados claros e
inequívocos da atuação policial;
d. Práticas administrativas
modernas e ágeis;
e. Mudança estrutural das
condições de violência na cidade como um todo.
RESUMO
Saiba mais:
|
Referências
AMORIM,
Jorge Schorne de. Sistema Nacional de Segurança Pública. Palhoça,
2009. Livro didático do Curso de Especialização em Polícia
Comunitária da UnisulVirtual.
ASSUNÇÃO,
Rosângela Pereira de Abreu. TOMADA
DE DECISÃO PELA POLÍCIA.
Disponível
em:
<http://marioleitedebarrosfilho.blogspot.com/2012/07/tomada-de-decisao-pela-policia.html
>. Acesso em: 10 ago 2019.
BRASILIANO,
Antonio Celso Ribeiro, gestão
e análise de riscos corporativos, São
Paulo: Sicurezza, 2010
BRODEUR,
Jean-Paul. Como Reconhecer um Bom Policiamento: problemas e temas;
tradução de Ana Luísa Amêndola Pinheiro. São Paulo: EDUSP, 2002.
(Série Polícia e Sociedade; n.º 6).
CASTELLS,
Manuel. Para o Estado-Rede: globalização econômica e instituições
políticas na era da informação. In: PEREIRA, L. C. B, WILHEIM, J.
e SOLA, L. (orgs.) Brasília: ENAP / São Paulo: UNESP, 1999. Cap. 4.
COUTO,
Sônia Maria de Araújo. Violência doméstica: uma nova intervenção
terapêutica. Belo Horizonte: Universidade FUMEC. Editora Autêntica,
2004.
DAMODARAN,
Aswatah,
gestão
estratégica do risco,
São Paulo: Bookman, 2009
DIAS,
Reinaldo. 2008. Introdução à Sociologia, 2ª. Edição. Pearson
Prentice Hall: São Paulo.
FARRELL,
Graham e PEASE, Ken. Criminology and security. In: GILL, M. The
handbook of security. Loughborough University. Perpetuity Press,
2004. Disponível em:
<http://wwwstaff.lboro.ac.uk/~ssgf/PDFs/06forthcoming_Criminology_and_Security.pdf>.
FAYOL,
H. Administração
Industrial e Geral: previsão,
organização, comando, coordenação e controle. São Paulo: Atlas,
1990.
GALDEANO,
A. P. Para falar em nome da segurança: o que pensam, querem e fazem
os representantes dos Conselhos Comunitários de Segurança. 2009.
GLENDSOR,
Ronald W. & PEAK, Kenneth J. Community policing & problem
solving: strategies and practices. Second edition. Prentice Hall,
Upper Saddle River, New Jersey, 1999.
GOLDSTEIN,
Herman. Problem-oriented policing. McGraw-Hill, Inc. 1990.
HENRIQUES,
M. S.;
BRAGA, C.
S.; MAFRA,
R. L.
M. O
planejamento da
comunicação para
a mobilização
social: em busca da co-responsabilidade. Comunicação e estratégias
de mobilização social. 2a . ed. Belo Horizonte: Autêntica,
2007.
Home
office.
Policing and reducing crime unit. London. November 1998. Disponível
em <http://www.homeoffice.gov.uk/rds/prgpdfs/fprs98.pdf>.
LARKE,
Ronald V. e ECK, John E. Crime analysis for problem solvers in 60
small steps. U.S. Department of Justice. Office of Community Oriented
Policing Service, 2003. Disponível em <
http://www.cops.usdoj.gov/Default.asp?Item=1597>.
LARKE,
Ronald V. e FELSON, Marcus. Opportunity makes the thief: practical
theory for crime prevention. Police Research Series, Paper 98.
MINISTRO
DE ESTADO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA, Portaria nº 43, de 12
de abril de 2019. 28/02/2018
SEI/MJ – 4196017 – Ementa
https://sei.mj.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar
&id_documento=5001747&infra_sistem… 2/2
Monografia
(especialização) – Academia de Polícia Militar, Polícia Militar
de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2006.
MOORE,
Mark Harrison. Policiamento comunitário e policiamento para a
solução de problemas. In: TONRY,
Michael e MORRIS,
Norval (orgs.) Policiamento moderno. Trad. Jacy Tardia Ghirotti. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003.
MOREIRA,
Cícero Nunes. A passar de largo: vitimização repetida e violência
conjugal. 2006.
MORETTI,
Claudio dos Santos, (www.administradores.com.br) Site da internet,
acesso 22/03/2018. Artigo cenários em segurança: visão
prospectiva.
OLIVEIRA,
Alexandre Magno de. Os indicadores de qualidade para avaliação do
policiamento comunitário na Polícia Militar de Minas Gerais.
Monografia (especialização) – Academia de Polícia Militar,
Polícia Militar de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2008.
PEAK,
Kenneth J. e GLENSOR,
Ronald W. Community policing and problem solving: strategies and
practices. Prentice Hall. Upper Saddle River. New Jersey, 2nd Ed.
1999.
PEDROSO
FILHO,
Otávio Ferreira. Polícia
Comunitária. São Paulo: PMESP, CAO-II/95, Monografia.1995
ROLIM,
Marcos. A síndrome da rainha vermelha: policiamento e segurança
pública no século XXI. Jorge Zahar, Rio de Janeiro, 2006, p. 311.
SAFFIOTI,
Heleieth I. B. Gênero e patriarcado: a necessidade da violência.
In: CASTILHO-
MARTIN,
Márcia e OLIVEIRA,
Sueli. Marcadas a ferro: violência contra a mulher: uma visão
multidisciplinar. Brasília. Secretaria Especializada de Políticas
para as Mulheres, 2005, p. 35- 73.
Série
Polícia e sociedade,
n. 7 (Tradução de Modern Policing).
SKOLNICK,
J. H.;
BAYLEY, D.
H. Policiamento
Comunitário: Questões
e Práticas
Através do
Mundo. [s.l.]
EdUSP, 2002. v. 6.(Série
Polícia e Sociedade; n.º 6).
SKOLNICK,
Jerome H; BAYLEY,
David. Policiamento Comunitário: Questões e Práticas Através do
Mundo; tradução de Ana Luísa Amêndola Pinheiro. 1ª ed. São
Paulo: EDUSP, 2006. (Série Polícia e Sociedade; n.º 6 /
Organização: Nancy Cardia).
SKONIECZNY,
Turíbio. O
policiamento orientado para a
solução de problemas (Posp) como ferramenta para a polícia
comunitária na cidade de Lages (SC).
Florianópolis, 2009. Disponível em:
biblioteca.pm.sc.gov.br>.
Acesso em: 22 out. 2012.
TORO,
B. Mobilização social: uma teoria para a universalização da
cidadania. Comunicação e Mobilização Social.
Série Mobilização Social. Brasília: UNB, v. 1, 1996.
US
Department of Justice.
COPS TIPS. Problem-solving TIPS: a guide to reducing crime and
disorder through problem-solving partnerships. US Department of
Justice. Office of Community Oriented Policing Service.
www.usdoj.gov/cops .
1
O Prof. Theodomiro Dias Neto, no livro “Policiamento
Comunitário e Controle sobre a Polícia” (2006:11), explica com
riqueza de detalhes este momento histórico que centraliza as
estruturas internas policiais de comando e controle.
2
Ombudsman.
/ombyds'man/
SUECO
substantivo
de dois gêneros
1.
pessoa encarregada pelo Estado de defender os direitos dos cidadãos,
recebendo e investigando queixas e denúncias de abuso de poder ou
de mau serviço por parte de funcionários ou instituições
públicas.2. POR
EXTENSÃOem
empresas públicas ou privadas, indivíduo encarregado do
estabelecimento de um canal de comunicação entre consumidores,
empregados e diretores.
3
Bacharel
em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte –
UFRN. Especialista em Gestão da Segurança Pública pela Faculdade
Barddal. Aspirante a oficial da Polícia Militar de Santa Catarina.
4
Bacharel
em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
Bacharel em Segurança Pública pela Universidade do Vale do Itajaí.
Especialista em Ciências Penais pela Universidade Anhanguera.
Capitão da Polícia Militar de Santa Catarina.
thiagoaugusto.vieira@gmail.com
5Um cluster (do
inglês TESTE:
'‘grupo,
aglomerado’)
consiste em computadores fracamente ou fortemente ligados que
trabalham em conjunto, de modo que, em muitos aspectos, podem ser
considerados como um único sistema. Diferentemente dos computadores
em grade,
computadores em cluster têm
cada conjunto de nós,
para executar a mesma tarefa, controlado e programado por software.
6
O princípio
de Pareto (também
conhecido como regra
do 80/20, lei
dos poucos vitais ou princípio
de escassez do fator afirma
que, para muitos eventos, aproximadamente 80% dos efeitos vêm de
20% das causas.
7
PACHECO.
Giovanni Cardoso e Marcineiro, Nazareno Polícia Comunitária e
Segurança Pública. Tópicos
Emergentes em Segurança Pública III.
UnisulVirtual.
Palhoça, 2013
8QC
= Quality Control ou Controle de Qualidade
9República
Federativa do Brasil. Programa Nacional de Direitos Humanos. BR:
Min. Da Justiça, 1996.p.21.
10Governo
do Estado de São Paulo. Programa Estadual de Direitos Humanos. SP:
Secretaria da Justiça e cidadania, 1997,p.25.
11COSTA,
Júlio C. PMES - Diretrizes para Implantação e Implementação da
Polícia Interativa, ES:1995, p.12.
12PEDROSO
FILHO, Otávio Ferreira. Polícia Comunitária. SP:
PMESP, CAO-II/95, Monografia.1995, p.117.
13
Op.Cit.p.69.
0 Comentários