MÓDULO
4
- POLICIAMENTO ORIENTADO PARA O PROBLEMA
Objetivo:
Capacitar os discentes do CAS a que possam potencializar suas tarefas
enquanto operadores do Sistema de Segurança Pública, as quais devem
ser focadas na identificação das causas dos problemas de segurança
vividos pela comunidade, bem como em sua decorrente solução, com o
apoio de lideranças comunitárias.
Aulas:
1.
Conceito e componentes de situações-problema;
2.
Diagnóstico de situações problemáticas;
3.
Etapas da solução de problemas;
4.
Identificação de alternativas;
4.
Avaliação de alternativas;
6.
Discussão, planejamento e encaminhamento participativo de
soluções;
7.
Análise de etapas e forma de comunicação;
8.
Resposta
9.
Avaliação de resultados;
10.
Ferramentas de auxílio à tomada de decisão.
|
Introdução
Texto extraído do livro A Síndrome da Rainha Vermelha
“Vamos
imaginar que você esteja passeando ao longo de um rio e que,
subitamente, perceba que uma criança está sendo arrastada pela
correnteza. Se você for uma pessoa minimamente solidária, por
certo se jogará na água para tentar resgatar a criança.
Suponhamos que você tenha sorte e que seu gesto seja resgatar a
criança. Assim, como bom nadador, você consegue trazer a criança
sã e salva em seus braços e tem razões de sobra para comemorar
seu feito. Vamos imaginar agora que toda a vez que você passe por
aquele lugar haja uma criança sendo levada pela correnteza,
fazendo com que você seja, sempre, obrigado a repetir a mesma
façanha. Certamente, as chances de salvar todas as crianças
seriam menores e, ao mesmo tempo, o risco de você ser tragado
pelas águas aumentaria. Mas, se isso ocorresse, pareceria
evidente que algo estava acontecendo com essas crianças em um
ponto anterior da correnteza. Portanto, tão logo a repetição
das ocorrências fosse comprovada, pareceria-lhe não apenas o
óbvio, mas urgente, descobrir o que estava acontecendo com as
crianças antes de elas caírem na água. Então, você
provavelmente iria percorrer as margens
do rio em direção à sua nascente para tentar descobrir a causa
de tão chocante e misteriosa sucessão de tragédias.”Imagine
que o papel desempenhado pelas polícias modernas é superar a
“lógica” de agir reativamente, que obriga os policiais a
“nadar” o tempo todo, para tentar salvar “crianças que já
estão afogadas” e reflita sobre as questões a seguir:
|
1. Essa metáfora aplica-se no serviço de segurança pública?
2. Geralmente, você atua no serviço de segurança pública de forma reativa ou age de maneira proativa aos problemas diários e repetitivos?
3. É hábito de sua organização pensar ou planejar ações para subir o curso do rio para “salvar as crianças”? O que impede que isso ocorra?
4. Que tipo de ação dá mais visibilidade na mídia e reconhecimento (prêmios ou medalhas) na sua comunidade e organização, tentar “salvar as crianças afogadas” ou “identificar o que gera os afogamentos”?
A
partir
da década
de 1960, as cobranças acerca da efetividade do modelo profissional
de policiamento, calcado em uma perspectiva reativa de patrulhamento
aleatório e limitada a aplicação da lei, nos Estados Unidos
da América, ensejaram diversas avaliações do desempenho policial
(GOLDSTEIN,
1990).
As
pesquisas realizadas nesse período, segundo Brodeur (2002, p. 42),
fizeram emergir, em uma primeira análise, a constatação de que o
trabalho policial abrange não só o crime, mas comportamentos que
não necessariamente envolvem a esfera penal sendo a aplicação da
lei apenas um dos métodos possíveis de ser empregado pela polícia
e não o único.
Para
o autor, as soluções podem ser tão simples como chamar um
departamento de saneamento ou de obras para relatar um problema de
lixo ou de iluminação pública, como desenvolver programas de
educação extensiva e treinamento profissional para jovens, a fim de
evitar a violência juvenil no bairro (BRODEUR,
2002).
No
mesmo sentido, Oliveira (2006), destaca que um estudo realizado no
Kansas entre 1972 e 1973, relativo à eficácia das patrulhas
preventivas, demonstrou que o aumento
ou redução
das patrulhas de rotina não exerceu incidência alguma sobre a
criminalidade ou mesmo no sentimento de segurança.
Finalmente,
destaca-se a verificação de um grande distanciamento entre a
polícia e a comunidade, além de agressividade nas medidas
repressivas e discrepâncias judiciais como fatos geradores de
desigualdade:
O
relatório constatou haver uma hostilidade profunda entre a
comunidade dos guetos e a polícia, fato gerador de revoltas sociais,
porém não o único. Outros fatores apontados pela comissão era o
sistema de justiça criminal que apresentava, em relação aos
pobres, grandes discrepâncias nas sentenças, equipamentos e
serviços correcionais antiquados, entre outras desigualdades. A
comissão relatou, ainda, comentários negativos acerca das práticas
policiais tendo como destaque o “patrulhamento preventivo
agressivo”. (MARCINEIRO,
2009, p. 46, grifo do autor)
Diante
dessas constatações, os pesquisadores bem como os gestores de
polícia, concluíram não pela extinção, mas pela necessidade
do aperfeiçoamento do modelo profissional de polícia, dando
início ao modelo de polícia de proximidade e, subsequentemente,
à Teoria da resolução de problemas com a comunidade (HIPÓLITO;
TASCA,
2012).
A
denominada era da resolução de problemas com a comunidade
evidencia-se, especialmente, em 1970, com a realização de
experiências de reestruturação dos departamentos de polícia
com foco no relacionamento entre polícia e comunidade, havendo
descentralização do serviço policial em nível de comunidade e um
sistema cooperativo com a finalidade de buscar uma solução
preventiva para os problemas locais. (GOLDSTEIN,
1990).
Para
Rolim (2009), as propostas em favor da polícia comunitária e do
policiamento orientado para a solução dos problemas partem do
pressuposto de que “é preciso procurar o que está acontecendo
antes daquele ponto da correnteza”1.
Esse
modelo de polícia enfatiza a necessidade de superar o papel
desempenhado pelas polícias no mundo, por meio do qual os policiais
se obrigam a nadar o tempo todo com resultados limitados uma vez que
quando são avisados é sinal de que as crianças já estão afogadas
(ROLIM,
2009).
Por
fim, importa salientar que a polícia comunitária e o policiamento
orientado ao problema embora não constituam sinônimos, também não
se excluem, são, em verdade, complementares um ao outro.
Para
Oliveira (2006) o policiamento orientado ao problema trata-se de uma
polícia de expertise, na linha da polícia comunitária, mas
dotada de uma ação mais proativa e preventiva na qual a comunidade
é convidada a participar.
Com
efeito, destaca-se que o policiamento orientado ao problema é uma
estratégia moderna que reúne os preceitos de aproximação da
polícia comunitária com o desenvolvimento de uma metodologia
prática, na qual a
identificação, análise, resolução e avaliação dos
resultados são etapas a serem rigorosamente seguidas para que se
alcance uma resposta efetiva ao problema.
Disso
se depreende que o policiamento orientado ao problema demanda a
implementação de uma estratégia voltada ao melhoramento do
policiamento. Para isso, elege como foco principal a ênfase em
fatores preventivos que atuem sobre a causa dos problemas de forma a
saná-los, valendo-se, ainda, de parcerias e proximidade com a
comunidade. Além disso, quando necessário, emprega medidas
repressivas para fazer cessar a contingência imediata.
Para
implementar essa estratégia John e William Spelman, em 1987,
conceberam um modelo com uma orientação mais específica, aplicado
no departamento de polícia de Newport News, com supervisão de
Hermann Goldstein, ao qual se deu o nome de Model
Scanning, Analysis, Response e Assentment
(SARA)
e
deveria ser seguido pela polícia, mediante treinamento de oficiais,
para consecução do policiamento orientado ao problema (GOLDSTEIN,
1990).
Segundo
os autores, no Brasil, esse modelo foi denominado I.A.R.A em alusão
as letras iniciais de cada uma das etapas (Identificação, Análise,
Resposta e Avaliação), sendo essa metodologia, que passa a ser
discriminada, adotada e disseminada pela Secretaria de Nacional de
Segurança Pública.
A
primeira etapa desse método consiste na identificação do problema.
Contudo, para que se considere a existência de um problema, Oliveira
(2006) elenca a necessidade de análise de dois fatores:
existência de incidentes repetidos e relacionados. Esses incidentes
devem ter, pelo menos, um ponto em comum; E, por último, esses
incidentes devem ser uma preocupação comum tanto para a comunidade,
quanto para a polícia.
Goldstein
(1990, p. 61, tradução nossa) utilizava a seguinte definição para
problema:
[...]
É um grupo de duas ou mais ocorrências (cluster
de incidentes)
que são similares em um ou mais aspectos (procedimentos,
localização, pessoas e tempo - PADRÃO), que causa danos e, além
disso, é uma preocupação para a polícia e, principalmente, para a
comunidade”; e acomete, em pouco tempo, grande número de pessoas.
[...].
Nesse
sentido, destacam-se alguns elementos que tornam esses incidentes
comuns, ligando-os, tais como tipo da infração praticada
(furto, lesão, roubo), procedimento modus
operandi,ou
seja, consulta sobre a operacionalização dos incidentes,
comportamentos, local, contexto físico e social, incidentes que por
algum motivo ocorrem sempre no mesmo local, tempo, horários e dias
da semana, pessoas, ou seja, os atores envolvidos no problema, que
incluem vítimas, infratores, e terceiros, e, finalmente,
evento, ou seja, incidentes que ocorrem devido a eventos (show,
festa, feira), ou em determinado período do mês, do dia ou da
semana (GOLDSTEIN,
1990)
Outro
ponto de relevância,
nessa etapa, trata-se dos atores a quem se destina a tarefa de
identificar os problemas, ponto em que se reveste de relevância o
termo disseminado pela polícia comunitária, qual seja, parceria, já
que essa tarefa não está adstrita a um segmento único de tal
forma que Hipólito e Tasca (2012) atribuem a três grandes grupos
essa tarefa (comunidade, gestores de polícia e policiais de ponta).
Já
quanto às formas de identificação desses problemas, aponta-se,
além de reuniões junto a conselhos comunitários, para a
possibilidade de realização de entrevista, aplicação de
questionários, urnas, conversas informais, queixas em rádios
comunitárias, registros de ocorrências. Esse processo é importante
para que a identificação dos problemas não se resuma a visão
parcial e simplificada da polícia que possui conhecimentos restritos
acerca dos problemas que afetam a comunidade (GOLDSTEIN,
1990).
Da
mesma forma, pode-se utilizar, tanto na fase da identificação
quanto na fase da análise dos problemas, de uma técnica denominada
brainstorming,
ou seja, tempestade de ideias, a qual visa reunir, de forma
preliminar, as diversas ideias de variados segmentos da
sociedade para a identificação e solução dos problemas.
(OLIVEIRA,
2006).
Por
fim, Hipólito
e Tasca
(2012) sublinham que, para uma ação eficaz e focada, apresenta-se
como relevante a priorização dos problemas identificados, elegendo,
dentre esses, aqueles em que as ações conjugadas serão empregadas
em um primeiro momento, propondo-se, para esse fim, a utilização da
matriz Gravidade
x Urgência x Tendência
(GUT)
e a qual elencará os problemas conforme sua gravidade (impacto
do problema),
urgência (tempo disponível e necessário para resolução) e
tendência (potencial de crescimento do problema).
Uma
vez identificado e priorizado o problema, passa-se à etapa de
análise, que consiste em entender, conhecer o problema de forma
que se possa descobrir a sua causa, sendo esta etapa primordial para
a eficácia do método, consistindo, nas palavras de Goldstein
(1990), no centro do processo de resolução de problemas.
Para
tanto, Oliveira (2006) propõe
a utilização de um modelo de análise do problema baseado em
questionamentos referentes a três categorias (atores envolvidos no
problema, incidentes que o compõem e ações empreendidas pela
comunidade e demais órgãos), sugerindo o uso de uma tabela
para formatação dessa análise de forma a detalhar os componentes
do problema.
Destaca-se,
ainda, que, segundo Goldstein
(1990), tais informações podem ser colhidas por meio de
trabalhos acadêmicos (artigos científicos, monografias,
dissertações), registros policiais, policiais de ponta,
vítimas, comunidades, infratores e outras agências governamentais e
não governamentais.
Finalmente,
Hipólito e Tasca (2012) sugerem o uso do diagrama de Ishikawa
ou diagrama espinha de peixe (figuras
5
e 6
– seção 4.3)
para auxiliar na mensuração
das causas e efeitos, caracterizando o problema com suas causas
principais e secundárias.
Na
terceira etapa do método
I.A.R.A.,
busca-se o estabelecimento da solução mais adequada ao problema
para posterior implementação, trata-se da fase das respostas. Nessa
fase, Oliveira (2006) destaca a importância de dimensionar
objetivos, os quais podem representar a supressão completa do
problema com ações sobre as causas ou, ainda, a redução de sua
amplitude ou gravidade.
Para
cumprir essa meta, Oliveira
(2006) ressalta a necessidade de buscar respostas mais amplas do
que, aquelas rotineiramente aplicadas, que, em regra, voltam-se
apenas a reprimir um determinado fato delituoso ou prender um
infrator ou, ainda, apenas repassar o problema a outra agência
governamental, sem esquecer, contudo, que as respostas devem ser
pautadas por ações adequadas, preferencialmente, de baixo
custo e máximo benefício, sem esquecer de dimensionar objetivos
estratégicos, os quais podem representar a supressão completa do
problema com ações sobre as causas ou, ainda, a redução de sua
amplitude ou gravidade.
Para
tanto, destacam-se várias alternativas que podem ser exploradas,
tais como: ações voltadas à redução de oportunidades, alteração
na prestação de serviços governamentais, fornecimento de
informações confiáveis da polícia à comunidade
(procedimentos de segurança, informação, etc), desenvolvimento de
novas habilidades e competências dos policiais, novas formas de
autoridade, mobilização da comunidade etc, evitando o uso exclusivo
de técnicas policiais tradicionais (HIPÓLITO;
TASCA).
No
mesmo sentido, Bondaruk
(2011) destaca as estratégias de prevenção ao crime através
do desenho urbano, envolvendo técnicas como a melhoria da vigilância
natural, controle de acesso que permita visualização do ambiente,
bem como reforço territorial, marcado pela presença e
vigilância constante de pessoas e habitantes de determinado local.
Para
tanto, existem algumas técnicas aptas a facilitar o desenvolvimento
dessas respostas, tais como o Triângulo de Análise de Problemas
(TAP),
que levam em conta a vítima, o infrator e o ambiente para, com base
em ações criativas e de baixo custo, oferecer respostas
relacionadas às causas descobertas na fase de análise dos problemas
sem esquecer a viabilidade econômica da implementação dessas
soluções (BONDARUK,
2011).
Essas
ideias podem, ainda, ser explanadas por meio de uma ferramenta
denominada 5W2H,
por meio da qual são propostas cinco perguntas What?
Why? Who? Where? When?, How? How much? (O
que será feito? Por que? Quem vai fazer? Quando será feito? Como
será feito? e Quanto custará?)
para esclarecer a estratégia adotada na solução de um problema
(CAMARGO,
2014).
Finalmente,
Oliveira (2006) destaca que após
aplicada a estratégia de solução dos problemas, passa-se à
avaliação do emprego dessa técnica visando auferir o efeito que a
estratégia teve sobre a resolução do problema.
A
importância dessa fase revela-se em especial por dois aspectos.
Primeiro, possibilita o acompanhamento social do desempenho da
polícia e, segundo, permite que a própria instituição policial
aprenda sobre a efetividade das estratégias desenvolvidas para
determinados problemas aprimorando-as ou descartando-as
(HIPÓLITO;
TASCA,
2012).
Para
tal análise, segundo os autores, se faz necessária a clara
compreensão do problema, a concordância sobre quais interesses
serão contemplados por meio da resolução do problema, a
definição transparente do que se espera da polícia em relação ao
problema, a determinação acerca dos efeitos esperados de curto ou
longo prazo, a certeza de que a resposta implementada é legal e
equânime e, ainda, o padrão de desempenho desejado em relação aos
objetivos estabelecidos.
Diante
do exposto, verifica-se que essa metodologia, destaca-se, não só
pelo fato de possibilitar seu emprego na busca para a solução de
vários problemas comuns ao cotidiano policial, sejam eles de
desordem, crime ou contravenção ou medo do crime, mas, ainda, por
possibilitar o uso de técnicas e soluções diversas das
tradicionalmente utilizadas pelas instituições policiais. Visa,
assim como a gestão e elaboração de projetos, que será
doravante analisada, propiciar mecanismos para que a corporação
atinja a excelência no serviço policial prestado melhorando os
índices de desempenho de cada unidade operacional.
4.1.
CONCEITO
E COMPONENTES DE SITUAÇÕES-PROBLEMA.
O
policiamento orientado para o problema é uma estratégia de
policiamento moderno, que direciona as atividades policiais para
identificar os problemas policiais repetitivos, analisar suas causas,
resolvê-los e avaliar os resultados alcançados.
POLICIAMENTO
ORIENTADO PARA O PROBLEMA – POP
O
policiamento para resolução de problemas é também chamado de
Policiamento Orientado para o Problema – POP. Seu objetivo inicial
é melhorar a antiga estratégia de policiamento profissional,
acrescentando reflexão e prevenção.
O
POP,
como geralmente é chamado na literatura internacional, pressupõe
que os crimes podem ser causados por problemas específicos e,
talvez, contínuos na comunidade, tais como: relacionamento
frustrante, grupo de desordeiros, narcotráfico, dentre outras
causas. Para esse tipo de policiamento, o crime pode ser controlado e
até mesmo evitado por ações diferentes das meras prisões de
determinados delinquentes. A polícia pode, por exemplo, resolver
problemas ao simplesmente restaurar a ordem em um local. Essa
estratégia determina o aumento das opções da polícia para reagir
contra o crime (muito além da patrulha, investigação e detenções).
CARACTERÍSTICAS
-
As chamadas repetidas geram uma forma de agir diferenciada. Entre o
repertório de ações preventivas incluem alertar bares quanto ao
excesso de ruído, incentivar os comerciantes a cumprirem regras de
trânsito, proibir a permanência de menores em determinados locais,
etc.
-
A comunidade é encorajada a lidar com problemas específicos. Pode,
por exemplo, providenciar iluminação em determinados locais, limpar
praças e outros locais, acompanhar velhos e outras pessoas
vulneráveis. De igual modo, outras instituições governamentais e
não-governamentais podem ser incentivadas a lidar com situações
que levem aos delitos.
-
Essa estratégia de policiamento implica mudanças estruturais da
polícia, aumentando a capacidade de decisão, de resolução de
problemas e a iniciativa do policial.
-
O POP
desafia a polícia a lidar com a desordem e situações que causem
medo, visando um maior controle do crime. Os meios utilizados são
diferentes dos anteriores, incluem um diagnóstico das causas do
crime, a mobilização da comunidade e de instituições
governamentais e não-governamentais. Eles encorajam uma
descentralização geográfica e a existência de policiais
generalistas e capacitados. Mais à frente você verá o método
I.A.R.A.
utilizado neste tipo de policiamento.
4.2.
DIAGNÓSTICO
DE SITUAÇÕES PROBLEMÁTICAS.
A
ênfase dada à resolução de problemas é uma estratégia de
policiamento eficaz que deriva do trabalho pioneiro sobre o
Policiamento Orientado para a Resolução de Problemas realizado por
Herman
Goldstein,
em finais da década de 70, e das experiências realizadas no início
da década de 80 em Madison,
no Wisconsin;
no Condado de Baltimore, no Maryland;
e em Newport
News,
na Virgínia. Em Newport
News,
os agentes policiais, ao trabalharem em conjunto com estudiosos e com
membros da comunidade, demonstraram que os problemas decorrentes do
crime e da desordem podiam ser significativamente reduzidos através
da implementação de respostas concebidas para o efeito e
diretamente ligadas às conclusões, detalhadas, resultantes
das análises efetuadas aos problemas. A polícia e os membros da
comunidade, em Newport
News,
conseguiram reduzir em 34% os assaltos a residências num bairro de
blocos de apartamentos que serviu de alvo à sua estratégia,
reduziram em 39% os roubos relacionados com a prostituição num
distrito-alvo, e reduziram em mais de 50% os furtos no interior de
viaturas em duas áreas da baixa da cidade.1 A partir daqueles
esforços desenvolvidos e de outros trabalhos prévios sobre o
policiamento orientado para a resolução de problemas, os defensores
do policiamento comunitário reconheceram a eficácia da abordagem
orientada para a resolução de problemas e incorporaram-na na
filosofia do policiamento comunitário.
Desde
meados da década de 80, as comunidades de todos os tamanhos e as
agências policiais de todos os tipos – incluindo departamentos de
xerifes, polícias estatais, patrulhas das autoestradas
e polícias de trânsito – começaram a usar, com sucesso, aquele
tipo de abordagem virada para a resolução de problemas, para lidar
com uma infindável diversidade de problemas. A partir daqueles
esforços, tornou-se claro que a Resolução de Problemas é de
importância determinante para o sucesso dos esforços no âmbito do
policiamento comunitário. As iniciativas às quais falta uma
componente analítica, por norma, melhoram as relações
polícia/comunidade mas, frequentemente, têm pouco impacto nos
problemas decorrentes dos crimes e das desordens específicos.
PROBLEMAS
RECORRENTES
A
adoção de uma abordagem solucionadora de problemas, para tratar de
um problema criminal específico, obriga a um estudo abrangente à
natureza desse problema em particular. Como parte daquele estudo,
muitas equipas de resolução de problemas, constituídas por
elementos da polícia e da comunidade, acabaram por chegar à
conclusão que era útil a análise aos padrões subjacentes aos
pedidos de intervenção recorrentes, relacionados com vítimas,
locais, e ofensores específicos. A pesquisa demonstrou que um número
relativamente pequeno de locais e de ofensores estava envolvido numa
quantidade relativamente grande de crimes. De forma similar, um
pequeno número de vítimas estava relacionado a uma quantidade
relativamente grande de vitimizações.
Por
exemplo, nalgumas áreas,
os investigadores descobriram que mais de 60% das chamadas de serviço
foram realizadas a partir de, somente, 10% dos locais.2 De acordo com
um estudo, aproximadamente 50% das vítimas de crimes, na Inglaterra,
sofreram repetições de vitimização e 4% das vítimas, as
“cronicamente vitimizadas”, contaram para 44% de todos os
crimes.3 Uma grande cidade do sudoeste dos EUA, também, descobriu
que as vítimas repetidas – neste
caso estabelecimentos comerciais – contaram para um número
desproporcionado de assaltos na jurisdição. Nesta cidade, 8% dos
negócios foram assaltados duas ou mais vezes no decurso de um ano e
contaram para, pelo menos, 22% de todos os assaltos a
estabelecimentos. Em Gainesville,
na Florida, este padrão repetiu-se. Recuando cinco anos, a polícia
descobriu que 45 das 47 lojas de conveniência da cidade tinham sido
vítimas de roubo, pelo menos uma vez entre 1981 e 1986, mas que
metade delas haviam sido roubadas cinco ou mais vezes e que várias
haviam sido roubadas, pelo menos, 10 vezes2.
4.3.
ETAPAS
DA SOLUÇÃO DE PROBLEMAS (RESUMO).
Na
resolução de problemas repetitivos de segurança, com base no
Posp5,
a polícia deve utilizar a seguinte metodologia: identificar e
especificar os problemas, analisar para descobrir as causas desses
problemas, responder baseada nos dados analisados para eliminar as
causas geradoras dos problemas e avaliar o sucesso de todo esse
processo (CLARKE;
ECK,
2013).
As
mencionadas etapas de identificar, analisar, responder e avaliar
foram sintetizadas na sigla Iara, traduzida da sigla inglesa SARA,
criada por John
Eck
e Bill
Spelman
para descrever as quatro fases de solução de problemas
correspondentes no inglês: scanning,
analysis, response e assessment
(CLARKE;
ECK,
2013).
Este
método foi desenvolvido por policiais e pesquisadores no projeto
Newport
News,
na década de 1970
nos EUA,
modelo
de solução de problemas que pode ser utilizado para lidar com o
problema do crime e da desordem. Como resultado desse projeto surgiu
o método SARA,
que traduzido para a língua portuguesa é denominado IARA.
Etapa
|
Português
|
Inglês
|
1ª
FASE
|
IDENTIFICAÇÃO
|
SCANNING
|
2ª
FASE
|
ANÁLISE
|
ANALYSIS
|
3ª
FASE
|
RESPOSTA
|
RESPONSE
|
4ª
FASE
|
AVALIAÇÃO
|
ASSESSMENT
|
Figura
3
– Fases
do Método
IARA
É
importante ressaltar que existem diversas variações desta
metodologia, detalhando ainda mais cada uma das fases. O método IARA
é de simples compreensão para os líderes comunitários e para os
policiais que atuam na atividade-fim,
e não compromete a eficiência e eficácia do serviço apresentada
pelo POP, assim como não contradiz outros métodos, por isso, neste
texto resolvemos adotá-la como referência. Observe como que o
processo PDCA
(muito utilizado na administração de empresas), assemelha-se com o
próprio método IARA, utilizado no policiamento
orientado para o problema (POP).Como primeiro passo, o policial deve
identificar os problemas em sua área e procurar por um padrão ou
ocorrência persistente e repetitiva. A questão que pode ser
formulada é: O QUE É O PROBLEMA?
Para
GOLDSTEIN (2001) um problema no
policiamento comunitário podeser definido como“um grupo de duas ou
mais ocorrências (cluster de incidentes) que são similares em
um ou mais aspectos (procedimentos,localização, pessoas e tempo),
que causa danos e, além disso, é uma preocupação para a
polícia e principalmente para a comunidade.”
CERQUEIRA
(2001), conceitua que problema (no contexto de Polícia Comunitária),
“é qualquer situação que cause
alarme, dano ameaça ou medo,ou que possa evoluir para um distúrbio
na comunidade” - Fonte:
SENASP.
IDENTIFICAÇÃO
DO PROBLEMA
Para
iniciar o método Iara, é necessário definir o que é um problema.
No contexto do POSP, um problema corresponde a um grupo de
incidentes similares em tempo, modo, lugar e pessoas, relacionados à
segurança pública. Além disso, um problema deve ser uma
preocupação substancial tanto para a comunidade quanto para a
polícia. Assim, tanto polícia como comunidade devem participar
juntos e ter paridade no processo de identificação do problema
(TASCA, 2010). É importante também nesta etapa a participação da
comunidade. Segundo Marcineiro (2009, p. 119), dar qualidade ao
serviço policial significa torná-lo mais próximo e acessível ao
cidadão respeitando-lhe as necessidades e desejo e considerando as
díspares peculiaridade de cada comunidade no planejamento oferta do
serviço policial
Além
disso, segundo o autor,
Outro
aspecto que deve ser levado em conta na identificação do problema é
a necessidade de se eliminar o ‘achismo’, ou seja, deve-se
trabalhar com atos concretos e dados coletados em fontes de
informações confiáveis. A experiência pessoal de cada um que
participa na identificação do problema é importante, porém, para
se evitar desperdício de tempo e recursos na busca de soluções por
um problema erroneamente identificado ou pouco importante no contexto
geral, deve-se procurar, sempre que possível, comprovar a
experiência pessoal através de dados estatísticos (Marcineiro,
2009, p. 180).
No
tocante à contribuição da polícia, destaca-se o papel da
inteligência de segurança pública como condição primordial à
identificação dos problemas e suas respectivas causas. Por isso, a
inteligência de segurança pública deve ser desenvolvida e
aperfeiçoada constantemente com a integração de diversas bases de
dados e não apenas com dados de instituições de segurança
pública, uma vez que órgãos, como secretarias de saúde e
educação, podem fornecer informações bastante valiosas à
polícia. Nesse cenário, é interessante a utilização de
tecnologias cada vez mais avançadas de análise criminal no auxílio
à inteligência de segurança pública (SANTA
CATARINA, 2011).
Entretanto,
segundo Rolim (2009, p. 41), infelizmente, muitas vezes só se obtêm:
dados compilados partir dos registros de ocorrência, o que assimila,
inequivocamente, uma maneira ultrapassada de se lidar com indicadores
de criminalidade e violência.
Não
por outra razão, o rol de indicadores de problemas deve ser amplo e
diversificado. Do lado policial devem ser considerados os órgãos da
segurança pública no geral (policiais militares, policiais civis e
bombeiros); do lado da comunidade devem participar, além de
moradores, empresários e lideranças locais representantes de outras
instituições públicas e privadas. Todos devem participar e
conjunto para dar legitimidade ao processo (BRASIL, 2009).
Cabe
salientar que, ao se isolar um determinado tipo de problema, há
maior facilidade de resolvê-lo, e é necessário considerar ainda
que um pequeno grupo de problemas se mostra responsável por um
número considerável de ocorrências policiais. Segundo dados
trazidos por Rolim (2009, p. 139) de pesquisa realizada no Estados
Unidos cerca de 10% das vítimas estão envolvidas em 40% dos crimes;
10% dos agressores estão envolvidos em 50% dos crimes; e 10% dos
lugares formam o ambiente para cerca de 60% das ocorrências
infracionais.
Acredita-se
que a realidade seja semelhante no Brasil, seguindo o que se chama de
Princípio de Pareto, de acordo com o qual, geralmente, um pequeno
número de causas (20%) é responsável por uma grande proporção de
resultados (80%) (TASCA, 2010).
ANÁLISE
DO PROBLEMA
A
fase de análise do problema corresponde ao coração do método
IARA. Nesta fase, buscam-se as raízes dos problemas para,
assim, conseguir atacar suas causas e não apena combater os
efeitos dos problemas (HIPÓLITO, TASCA, 2012).
Tentando
analisar a gênese do crime, as teorias de criminologia se
concentram em fatores sociais.
Simulam causas em fatores longínquos, como as práticas de
educação de crianças, componentes genéticos e processos
psicológicos ou sociais. Essas constituem teorias difíceis
de validação prática e focam em políticas públicas incertas
que estão fora do alcance da polícia (CLARKE; ECK,
2013).
Ao
contrário da criminologia tradicional, as teorias e os conceitos
da ciência do crime são muito mais úteis no trabalho diário da
polícia, pois segundo Clarke e Eck (2013, p. 38), “lidam com as
causas situacionais imediatas dos eventos criminais, incluindo
tentações e oportunidades e proteção insuficiente dos alvos”.
Para
esta fase é importante o conhecimento do triângulo de
análise de problema (também conhecido como o triângulo
do crime), originado da teoria da atividade rotineira. Essa
teoria, formulada por Lawrence Cohen e Marcus Felson, diz que o
crime ocorre quando um potencial infrator encontra-se com um
potencial alvo (para aquele tipo de infrator) no mesmo tempo e
lugar, sem a presença de um guardião eficaz. Essa formulação
forma o tripé da análise de problema representada por infrator,
alvo e local (CLARKE; ECK, 2013).
|
TEORIA
DO CRIME 6
Triangulo
do crime –Dinâmica no cenário shopping center
Por
André Vicente dos Anjos
O
primeiro centro de compras do
país
foi inaugurado em 1966 e, num primeiro momento, causou desconfiança
em empresários e investidores pelo formato fechado, conflitando com
o badalado e luxuoso comércio de rua que predominava na época. Com
o tempo a disputa pelos melhores espaços provou que os visionários
empreendedores estavam certos em sua aposta, pois logo o
empreendimento se transformou num importante ponto de encontro da
cidade de São Paulo. Mais de cinquenta anos se passaram e este
modelo de centro de compras sofreu grandes mudanças conceituais ao
longo de todos estes anos, se transformando nos grandes locais de
entretenimento que vemos hoje.
Os
shopping centers são estruturas pensadas e construídas para receber
grandes quantidades de pessoas que buscam, em sua grande maioria, um
ambiente confortável, climatizado, limpo, seguro, com ótimo
atendimento desde sua entrada e que ali possam resolver tudo com
total segurança. Segundo dados da ABRASCE
–Associação Brasileira de Shopping Centers –temos
hoje no Brasil 571 empreendimentos e outros tantos em construção
que recebem mensalmente mais de 400 milhões de clientes passando
pelos corredores destes espaços confiantes que estão sendo muito
bem cuidados. Essa é a percepção dos clientes.
Por
ser considerado um local seguro muitos empresários do segmento joias
e relojoarias que possuíam lojas de rua optaram em locar espaços
dentro destes grandes empreendimentos onde podiam atender um público
muito exigente de forma diferenciada, discreta e segura. Este era o
cenário …
Ocorre
que, os shoppings passaram a ser alvo de constantes ataques de
quadrilhas bem organizadas e articuladas cujo foco principal são
produtos de fácil negociação como relógios, joias e aparelhos
telefônicos, situação que mudou completamente o cenário
anterior. As ações criminosas, cada vez mais ousadas, têm se
mostrado recorrentes em alguns empreendimentos, deixando algumas
dúvidas, a saber:
1)
Por que as ações criminosas se voltaram para os shoppings?
2)
Quais os critérios adotados pelos criminosos para escolher um
alvo específico?
3)
Por que não se consegue dar uma resposta assertiva de modo a
inibir atos criminosos?
4)
Por que determinado empreendimento sofre com mais ataques que
outro, situado no mesmo bairro?
|
Essas
perguntas só podem ser respondidas se deixarmos de lado o modelo
mental ultrapassado que tipifica um criminoso como alguém sem
estudo, com baixo nível intelectual e cultural e que seja incapaz de
articular com outros elementos em prol de um objetivo delituoso que
gere benefícios para todos os envolvidos.
Isso
mesmo. Esse modelo dominante nos fez imaginar que o shopping fosse
algo intransponível enquanto deixamos de considerar ainda outro
importante fato. A sazonalidade das ações criminosas. Exatamente
isso. Basta analisar os dados estatísticos dos últimos anos e
podemos observar claramente que existe uma mudança no foco das ações
nos diferentes períodos da história recente.
Sem
a necessidade de ser específico com datas, pois a temática abordada
no estudo é o cenário shopping center, observamos que, ao longo dos
últimos vinte e cinco anos, as ações criminosas de grande vulto
contemplaram as seguintes modalidades:
- Assalto a agências bancárias;
- Sequestro e sequestro relâmpago;
- Assaltos a casas lotéricas;
- Explosões de caixas eletrônicos;
- Assaltos a shoppings e
- Roubo de cargas.
Não
consideramos nesta lista o tráfico de drogas pelo simples fato que
este apresenta uma característica atemporal,
ou seja, sempre existiu neste período independente das outras
ocorrências e dos impactos causados por
tipo criminal.
Comprovadamente
os tipos criminais mudaram ao longo dos anos assim como os objetivos
e isto exigiu por parte dos infratores certa perspicácia e um nível
de inteligência capaz de identificar as VULNERABILIDADES
em cada alvo potencial.
As
percepções deste breve estudo foram compartilhadas com cinco
gestores de grandes administradoras do varejo Brasileiro e,
excetuando-se pequenas divergências sobre os fatores externos e de
localização do empreendimento, as conclusões uníssonas serviram
de base para as respostas das perguntas feitas na introdução do
estudo.
1)
Por que as ações criminosas se voltaram para os shoppings?
Os
produtos de fácil repasse como celulares, joias, relógios e
dinheiro (Casa de câmbio e lotéricas) dentro de um ambiente
vulnerável que não possibilita reação em razão dos impactos que
esta pode causar. Algumas administradoras optam em ter agentes
desarmados.
2)
Quais os critérios adotados pelos criminosos para escolher um alvo
específico?
Os
criminosos planejam muito bem suas ações e, durante as várias
visitas a diferentes empreendimentos, escolhem aquele que apresentar
maior vulnerabilidade, facilidade de acesso e saída. Este será
fatalmente um alvo potencial. Rotas de fuga difíceis e proximidade
de órgão públicos podem ser inibidores de ações em locais bem
específicos.
3)
Por que não se consegue dar uma resposta assertiva de modo a inibir
atos criminosos?
Para
que uma resposta seja assertiva uma combinação de protocolos
operacionais e técnicos devem ser implantados, para isso é
necessário que o empreendimento disponha de um aparato tecnológico
(meios técnicos ativos) que permita a rápida identificação de
suspeitos, ou seja, um sistema de monitoramento capaz de apoiar a
confirmação de um rosto ou comportamento que denote ação
iminente. As equipes de segurança devem passar por treinamentos que
ainda não são considerados em sua forma ampla nos cursos técnicos.
Avaliar comportamentos, por exemplo, deve ser uma das matérias
obrigatórias para quem atua na área, afinal um shopping é aberto
ao público durante todo o dia e como identificar que uma ação está
em curso? Alguns empreendimentos recebem milhares de pessoas e como
saber quais vão cometer um ato ilícito?
4)
Por que determinado empreendimento sofre com mais ataques que outro,
situado no mesmo bairro?
Simples.
Se os criminosos estudam, sistematicamente
os ambientes, é
lógico
que optarão
pelo que se encontrar mais vulnerável. Temos casos em que existem
dois shoppings muito próximos, mas apenas um vira alvo recorrente de
ações, justamente pelo fato de ser encontrado em maior estado de
vulnerabilidade que o outro.
Aprofundado
a questão das vulnerabilidades, adaptamos o triângulo do crime para
o cenário shopping center de modo a criar uma interface entre os
critérios observados para consumação de um fato criminal e as
variáveis do ambiente interno de um empreendimento. Basta um olhar
mais técnico e criterioso sobre as nuances do cenário e a relação
sistêmica da teoria do crime, de certo teremos corroboradas todas as
assertivas dos colegas gestores na figura ilustrativa. Vejamos.
Figura
4 – Triângulo do Crime.
A
teoria do TRIANGULO DO CRIME pressupõe
a prevalência de três variáveis para que um ato criminoso ocorra:
a)
O indivíduo motivado
A
obtenção de algo que despertou desejo.
Dentro
de um shopping temos ótimos atrativos de fácil negociação e
ainda dinheiro em espécie, nas casas lotéricas, casas de câmbio
e agências bancárias. Tudo num único lugar.
b)
O emprego de técnica
O
elemento precisa dominar conhecimento suficiente para ter êxito
no seu intento.
O
que se confirma após a investigação interna pós crime é que
os autores empreenderam várias “visitas técnicas” a fim de
estudar o local, planejar a ação para poder executar o objetivo,
ou seja, todas as vulnerabilidades foram consideradas antes da
decisão final dos criminosos.
c)
A oportunidade
O
momento (cenário) mais favorável para a consumação do ato.
Após
estudar todas as possibilidades dentro de um empreendimento os
elementos ainda necessitam de um cenário bem específico.
Trata-se de uma combinação de fatores de risco que podem ocorrer
em diferentes momentos ou em um único momento, proporcionando uma
“janela” facilitadora da concretização da prática
criminosa.
A
consumação de um fato criminoso, em mais 70% dos casos, se
concretiza por falha ocorrida dentro do sistema preventivo de
segurança, ou seja, o criminoso explorou alguma das
vulnerabilidades observadas no empreendimento e o escolheu como
alvo para realizar seu objetivo.
|
Figura
5 – Diagrama 6M, Causa e Efeito ou Ishikawa.
Figura
6 – Diagrama 6M, Causa e Efeito ou Ishikawa.
Segundo
BRASILIANO (2010, p. 42) a
identificação dos perigos e de seus fatores significa a compreensão
das origens de cada perigo. Deve-se buscar responder por que o perigo
existe na empresa. Quais são as condições que potencializam a
concretização do evento estudado.
A
compreensão da origem do perigo é imperiosa para a eficácia no
tratamento, na priorização que a empresa vai poder dedicar para
mitigar aquela situação. Somente após o entendimento do porquê da
existência de cada perigo, é que se poderá sugerir medidas
eficazes para reduzir riscos.
O
DIAGRAMA DE ISHIKAWA
(causa e efeito) é a ferramenta que permite a organização
identificar, dentro do contexto da GESTÃO DE RISCOS, quais são os
facilitadores na materialização dos riscos e preparar suas defesas,
através de um plano de ação.
Dentro
do cenário
shopping center, no que tange as variáveis contempladas no
DIAGRAMA, cabem algumas considerações:
1)
Um empreendimento que foi projetado para receber milhares de pessoas
por dia deve possuir um sistema de gerenciamento de riscos bem
consolidado e atualizado conforme cenários;
2)
No planejamento de segurança a aplicação dos investimentos deve
observar o equilíbrio entre recursos humanos e toda a gama de
treinamentos e tecnológicos (segurança física e segurança
eletrônica). Ambos são complementares e, neste cenário, um não
vive sem o outro;
3)
A questão do recrutamento das equipes deve ser vista com muita
seriedade, pois esses profissionais devem possuir competências bem
específicas que permitam boa capacidade analítica e rápida tomada
de decisão em um ambiente aberto ao público e acessado por milhares
de pessoas diariamente;
4)
O investimento em treinamento deve ser massivo e constante com foco
na antecipação de fatos típicos, através de
análise
comportamental e nas respostas, treinando, mediante a aplicação de
exercícios simulados, os protocolos pós ocorrência.
Atualmente
o segmento conta com legislação própria, normas, instruções e
vasto conteúdo acadêmico específico para prover o gestor de riscos
de informações suficientes para que não deixe seu empreendimento
desguarnecido de um bom programa de gerenciamento de riscos. Não
obstante, Bem antes do cenário atual, Henry
Fayol,
já defendia em seu legado literário, o importante “papel da
segurança em proteger vidas e patrimônio de problemas”.
Ainda
nesta linha o engenheiro apregoava (1990, p. 65) que prever é
planejar, investigar profundamente o futuro e traçar um plano de
ação a médio e longo prazo a fim de preparar a empresa ante as
adversidades, ou seja, mesmo se tratando do aludido modelo de
administração é possível identificar compatibilidades,
principalmente quando pensamos em cenários prospectivos na segurança
corporativa.
Para
segurança empresarial, “O objetivo de elaborar cenários,
específicos para a área de riscos corporativos, é o de poder
antecipar as variáveis que, por ventura, possam interferir nas metas
da empresa”. (BRASILIANO, 2003 p. 47).
Para
BRASILIANO
(2003, p. 51) a dinâmica das vaiáveis observadas dentro da gestão
de riscos delimita a modelagem de cenários para apenas um ano.
Nesse
mesmo diapasão, um dos grandes expoentes da segurança corporativa,
o especialista e professor Claudio Moretti em:
<http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/cenarios-em-seguranca-visao
prospectiva/106652/>.
Acesso em: 22 mar 2018. expõe justa e douta crítica ao empirismo
dos empresários e profissionais da área que ainda acreditam em uma
implantação e gestão de segurança sem aplicação de metodologia
e respaldo cientifico, empregando seus recursos da mesma forma que
vinte anos atrás.
É
fato que tudo está em constante mudança, assim como os cenários e,
se existe mudança, é salutar que hajam novos estudos, diagnósticos
e análises por parte dos profissionais que cuidam destes grandes
centros de entretenimento e laser, caso contrário, continuaremos a
ver alguns shoppings sofrendo com ataques recorrentes e outros, cujos
profissionais entenderam a necessidade de mudança, mantendo seus
empreendimentos resguardados das ações criminosas.
Por
isso, nosso QAP
total,
full time
e real
time
nos estudos da ciência segurança.
RESPOSTAS
ÀS CAUSAS DO PROBLEMA
Após
a identificação clara e análise detalhada do problema, a polícia
enfrenta o desafio de procurar o meio mais efetivo de lidar com ele,
desenvolver ações adequadas com baixo custo e o máximo de
benefício. Para isso, a polícia deve evitar a tentação de
respostas prematuras não fundamentadas nas fases anteriores do
método Iara (BRASIL, 2009).
Deve
haver um equilíbrio nas respostas com a utilização de táticas
tradicionais e não tradicionais. Normalmente as primeiras estão
relacionadas às atividades básicas de policiamento e sozinhas
dificilmente proporcionam soluções duradouras para os problemas
(por exemplo, prisões, intimações e policiamento fixo no local),
ao passo que as táticas não tradicionais ligam-se às ações
comunitárias (como organização da comunidade, educação da
população, alteração do contexto físico, mudanças no contexto
social e da sequência de eventos, alteração do comportamento das
vítimas) (BRASIL,
2009; HIPÓLITO; TASCA, 2012).
Frisa-se
que essas respostas não são limitadas aos esforços para
identificar, prender e oficialmente acusar e julgar infratores.
Expande- se, sem abandonar o uso do direito penal. O policiamento
orientado à solução de problemas procura descobrir outras
respostas potencialmente efetivas (que podem exigir parcerias), dando
grande prioridade à prevenção (CLARKE;
ECK, 2013).
AVALIAÇÃO
DO PROCESSO
Nesta
etapa, os policiais avaliam a efetividade das respostas aplicadas na
fase anterior. A avaliação é chave para o método Iara, pois se as
respostas implementadas não são efetivas, as informações reunidas
durante a etapa de análise devem ser revisitadas e novas hipóteses
de respostas devem ser formuladas (BRASIL, 2009).
Esta
fase serve também para exportar programas que funcionaram em
determinados locais para serem aplicados em outras localidades cujos
resultados de identificação e análise do problema sejam
semelhantes. Nesse sentido, em 1977, o Tesouro britânico iniciou uma
política
de controle e eficiência nos gastos em segurança pública
condicionando o repasse de
verbas à demonstração de capacidade de reduzir o crime. Por isso,
investiu-se em uma grande revisão dos estudos disponíveis nos EUA,
no Reino Unido e na Holanda. Assim, foi possível identificar
programas que, de fato, funcionavam. Demonstrou-se que os projetos
mais eficazes na redução do crime, sem aumentar o efetivo policial,
utilizavam-se da abordagem de Posp e firmavam fortes parcerias com as
comunidades (ROLIM,
2009).
As
comunidades e as polícias devem compartilha as experiências
bem-sucedidas de prevenção ao crime; aquelas que geram efetiva
segurança a curto e a longo prazo. Devem compartilhar as ideias
específicas de como resolver problemas de vizinhança. Ao destacar
os programas que foram desenvolvidos, espera-se que esta informação
sirva como um catalisador para desenvolver maneiras eficazes de
impedir o crime e aumentar a participação das comunidades nestes
esforços (DALMARCO, 2004, p. 22).
Segundo
Skonieczny (2009), outro fator
importante nesta fase é conhecer o impacto das medidas policiais
sobre a população.
4.4.
IDENTIFICAÇÃO
DE ALTERNATIVAS.
Identificar
e Selecionar um Problema (Identificação)
Um
problema pode ser definido como:
Um
conjunto de incidentes semelhantes, relacionados entre si e
recorrentes, em vez de um único incidente; uma preocupação
comunitária concreta; (ou) uma componente do trabalho policial; 7
Um
tipo de comportamento (a vadiagem, o furto de viaturas); um local
(um determinado centro comercial); Uma pessoa, ou pessoas (um
perpetrador recorrente de violência doméstica, ou as vítimas
recorrentes de assaltos); ou um evento, ou época especial (um
desfile anual, ou os roubos de salários). Um problema, também,
poderá ser uma combinação de quaisquer dos problemas acima
referidos;8
e
Informalmente,
um problema pode ser entendido como dois ou mais incidentes, de
alguma forma semelhantes, e que constitui motivo de preocupação
para a polícia e é um problema para a comunidade.
|
MÉTODOS
DE IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS
Os
problemas poderão obrigar-nos a prestar-lhes atenção de
diversas maneiras, incluindo quando:
|
SELECIONAR
UM PROBLEMA
É
importante que, ambos, os membros da comunidade e a polícia dêem
contributos para que os problemas sejam priorizados assim que sejam
identificados. Por vezes, os problemas que preocupam os membros da
comunidade são algo diferentes daquilo que são as expetativas
policiais. Consultar os membros da comunidade, acerca do que são as
suas prioridades, não só garante que as preocupações comunitárias
serão tratadas como, também, desenvolve os esforços de resolução
dos problemas em cada fase do processo. Os contributos dos cidadãos
podem ser solicitados de diversas formas, incluindo através de
sondagens, de reuniões comunitárias e de grupos-alvo (por exemplo,
um grupo de estudantes, ou um conjunto de moradores de um bairro). Os
contributos policiais para a seleção do problema são, também,
algo de importante, porque a polícia tem a perícia e a informação
acerca dos problemas que, por norma, os cidadãos não têm.
Ao
selecionarmos um problema no qual nos deveremos focar, de entre os
muitos problemas que a nossa comunidade enfrenta, poderemos querer
ter em atenção os seguintes fatores: 9
O
impacto do problema na comunidade – a sua dimensão e custos;
A
presença de condições que ameacem a vida;
O
interesse da comunidade e o grau de apoio que provavelmente
exista, tanto para o estudo como para as subsequentes
recomendações;
As
potenciais ameaças aos direitos constitucionais – como as que
podem ocorrer quando os cidadãos tomam posições no sentido de
limitar o uso dos meios públicos, quando limitam o acesso às
propriedades, ou quando restringem a liberdade de expressão, de
circulação, ou de reunião;
O
grau dos efeitos pelos quais o problema afeta negativamente o
relacionamento entre a polícia e a comunidade;
O
interesse dos agentes policiais de base, e o seu grau de apoio, ao
tratamento do problema;
A
especificidade do problema, dada a frustração associada ao se
tentar entender reclamações que são indefinidas e difusas; e
O
potencial para que surja algum progresso no tratamento do problema
a que a exploração do problema, provavelmente, conduzirá.
|
REDEFINIR
O PROBLEMA
Logo
que o problema tenha sido selecionado poderá ser necessário
redefini-lo à medida que vão surgindo mais informações acerca do
mesmo. Isto é expetável. À medida que trabalhamos no decurso do
processo de resolução do problema poderemos vir a descobrir que o
problema com o qual começamos é demasiado abrangente. Por outro
lado, poderemos vir a concluir que ele é, na realidade, sintoma de
outro diferente problema e o qual merecerá a nossa atenção. Será
mesmo possível que aquilo que à primeira vista parecia um problema
não seja, na realidade e de maneira nenhuma, um problema assim que
se olha com mais atenção. É normal que o problema venha a ter que
ser redefinido à medida que se avança através do processo de
resolução do problema, e isto é uma das razões do porquê de se
começar a implementar as respostas, somente, após se ter analisado
o problema na sua totalidade.
IDENTIFICAR
OS INTERESSADOS NO PROBLEMA SELECIONADO
As
partes interessadas são organizações privadas e públicas, tipos
ou grupos de pessoas (cidadãos idosos, proprietários de
residências, comerciantes, etc.) que beneficiarão se o problema for
tratado, ou que poderão vir a sofrer consequências negativas
(devido a ferimentos, por lacunas dos serviços, por perda de
rendimentos, devido a uma ação policial mais rigorosa, etc.) se o
problema não for tratado.
Poderemos
incluir como partes interessadas:
|
Deveremos
identificar o máximo possível de partes interessadas, relativamente
ao problema selecionado. Cada parte interessada poderá contribuir
com diferentes conhecimentos e poderá cooperar, à sua maneira, no
sentido de impulsionar os esforços de resolução do problema.
Quantos mais interessados forem identificados, tantos mais recursos
estarão disponíveis para tratar do problema.
Contudo,
algumas comunidades acabaram por descobrir que os esforços
de resolução de problemas progridem com mais eficácia se, somente,
duas ou três partes interessadas – um grupo central –
trabalharem no problema ao longo do projeto. Com frequência, existem
outras partes interessadas, mais periféricas, que podem contribuir
com algo durante algumas fases específicas, mas não ao longo de
todo o processo.
Segue-se
uma breve descrição de um problema exemplificativo e de uma lista
de possíveis partes interessadas e de parceiros.
PROBLEMA
EXEMPLIFICATIVO (ROUBO, MEDO)
Uma
cidade de médio tamanho do este dos EUA, com cerca de 34.000
habitantes e com taxas de criminalidade relativamente baixas, sofreu
uma série de roubos cometidos contra pessoas que faziam entregas de
comida ao domicílio. Em média, estava-se a registar um roubo, a uma
daquelas pessoas, em cada mês. Muitas lojas de pizzas e de outros
tipos de comida rápida começaram a recusar a entrega dos seus
produtos em bairros com moradores de baixos rendimentos e
predominantemente de raça negra, onde, segundo parecia, muitos dos
roubos estariam a ocorrer. Os responsáveis dos restaurantes disseram
que haviam decidido não proceder à entrega de comida, naquela área,
devido ao aumento do número de funcionários que haviam sido
agredidos quando se encontravam a trabalhar e porque, estes, temiam
fazer as suas entregas em áreas com grande criminalidade. Um morador
do bairro onde as entregas não se estavam a processar reclamou
acerca da não prestação do serviço de entregas e deu início a
uma petição pública para que aquela norma fosse alterada. A
assembleia municipal teve em consideração a proposta, que
solicitava que as entregas fossem feitas a todos os moradores,
independentemente da sua localização, e o assunto teve cobertura
noticiosa nos jornais locais e regionais.
Partes
Interessadas
(Para
além da polícia)
Os
potenciais clientes das entregas ao domicílio, moradores no bairro
onde as mesmas estavam suspensas, assinantes da petição.
Os
trabalhadores das entregas de comida rápida (fast
food, quentinhas).
Os
gestores dos restaurantes de fast food (franchisados locais).
As
redes nacionais de entregas de fast food ao domicílio.
A
Associação Nacional de Restaurantes.
A
secção local da National Association for the Advancement of Colored
People - NAACP.
Os
legisladores locais.
Os
órgãos locais de comunicação social.
4.4.
AVALIAÇÃO
DE ALTERNATIVAS;
AS
ERAS DO POLICIAMENTO MODERNO
O
objetivo desta aula é destacar como são divididos os períodos
distintos do policiamento e como o policiamento orientado para o
problema é fruto da evolução das estratégias de policiamento
moderno, através de seus elementos de inovação nos Estados Unidos.
Devido
à influência
dessa cultura nos países ocidentais, é necessário verificar como
essas. O objetivo desta aula é destacar como são divididos os
períodos distintos do policiamento e como o policiamento orientado
para o problema é fruto da evolução das estratégias de
policiamento moderno, através de seus elementos de inovação nos
Estados Unidos. Devido
à influência
dessa cultura nos países ocidentais, é necessário verificar como
essas transformações refletem e embasam, até os dias atuais, as
estratégias implementadas nas polícias latino-americanas.
De
acordo com Moore,
Trojanowicz
(1993) e
Dias Neto
(2003), historicamente, o policiamento nos EUA é dividido em três
períodos fundamentais:
Figura
7:
Eras do policiamento moderno americano10
Era
Política (1º período: 1830 – 1930)
Caracterizado,
principalmente, por um policiamento que desempenhava diversas
funções sociais, muita corrupção policial e sem
profissionalização.
Era
da Reforma (2º período: 1930 – 1980))
Momento
que surgem as Academias de Polícias, com o objetivo de formar os
profissionais de polícia, tendo como foco combater o infrator e
como tática prioritária o rádio patrulhamento.
Era
solução de problemas com a comunidade (3º período: 1980 –
2000).
Orienta-se
na construção de um relacionamento de cooperação entre a
polícia e a sociedade, tendo como base a participação das
lideranças comunitárias e foco na solução dos problemas
locais.
|
A
Era Política é caracterizada por um sistema de aplicação da lei,
envolvendo um órgão permanente, com funcionários dedicados em
tempo integral ao patrulhamento contínuo visando à prevenção do
crime. (MOORE; KELLING, 1993)Neste contexto a polícia desenvolve um
serviço social amplo, pois não está bem definida sua função
social.
A
polícia conduzia inspeções sanitárias, zelava por crianças
perdidas, checava óleo nas iluminações de rua, monitorava pesos e
as medidas adotadas pelos comerciantes, concedia licença para
pedintes de rua, controlava odores advindos
dos curtumes, realizava recenseamento, apreendia animais perdidos,
obrigava as pessoas a criar seus porcos nos quintais e preservava o
sabbath.
(SKOGAN apud DIAS NETO, 2003, p. 7)11.
A
polícia era uma importante instituição responsável pelo bem-estar
social daquela sociedade,o grande objetivo era atender aos cidadãos
e aos políticos locais. Certamente suas ações eram muito
influenciadas pelas instituições político-partidárias locais, o
que gerava uma enorme flexibilidade na atuação do policial. Para
Dias Neto (2003), esta postura gerava uma enorme discricionariedade
policial e, muitas vezes, hostilidade entre o policial e a própria
comunidade, que para ser resolvida era utilizada a força. Toda esta
característica gerava, entre a polícia e a comunidade local, um
vínculo muito forte. Destaca-se que a principal tática de
policiamento era o deslocamento a pé ou a cavalo, o que
possibilitava um maior contato entre as pessoas.
Segundo
Goldstein (2003),as maiores críticas à Era Política era a
violência e corrupção policiais, dentre outros desmandos, que
foram evidenciados pela National
Comminssion onLaw Observance and Enforcement
ocorrida em 1931, nos Estados Unidos. Outro grave problema era a
forma de ingresso na carreira policial, resumida a uma oportunidade
de emprego para protegidos políticos.
Os
únicos requisitos necessários para a indicação de um policial
eram influência política e força física[...] Não havia
necessidade de treinamento preliminar, os policiais eram
considerados suficientemente preparados para o exercício de suas
funções se portassem um revólver, cassetete, algemas e
vestissem um uniforme [...] Tratava-se de uma era de
incivilidade, ignorância, brutalidade e corrupção. (SKOGAN
apud DIAS NETO, 2003, p. 7).
|
Baseando-se
nessas contradições, várias críticas surgiram, principalmente
dentro da própria polícia, para aprimorar esse serviço. “Os
defensores das reformas lutavam pela incorporação dos métodos
gerenciais e operacionais da iniciativa privada”.
(Dias Neto (2003, p. 9). O objetivo era
criar um departamento policial “perfeito” – afora comumente
chamado de modelo profissional. Portanto, havia um consenso que era
preciso blindar a polícia de
interferências da política externa, centralizar as estruturas
internas de comando e controle, delimitar a função do policial para
prender os infratores da lei e formar o profissional de polícia.
As
características dessa Era Policial estão num serviço profissional
distante da comunidade, focado no combate repressivo do crime e que
utiliza principalmente o automóvel e o telefone para implementar o
rádio patrulhamento. É inegável que surge uma máquina
burocrática eficiente e de um corpo profissional treinado, com as
melhores tecnologias para o momento, mas os policiais não conseguem
identificar os problemas cotidianos dos cidadãos. Com essa lógica,
o policial fica distante e inacessível às demandas políticas
próprias do jogo democrático. (DIAS NETO,
2003).
Com
o modelo profissional surge uma obsessão pela eficiência
operacional e administrativa, dificultando o contato social sobre
as decisões policiais. Uma das maiores críticas contra o modelo
profissional refere-se à ausência de controle sobre a conduta
policial. Um movimento que aos poucos permitiu aos próprios cidadãos
americanos de representar a sociedade civil na apuração e no
julgamento das denúncias contra abusos policiais. Esse foi um
importante passo para ter algum controle externo sobre a polícia,
mas acirrou, ainda mais, os ânimos entre os ofendidos e os
policiais.
As
atuais reformas na área policial estão fundadas na premissa de que
deve haver uma relação sólida e consistente entre a polícia e a
sociedade para que tenha efeito a política de prevenção criminal e
na produção de segurança pública (DIAS
NETO, 2003).
Diante
das iniciativas frustradas de relações públicas ou de reforma na
estrutura administrativa policial surgem alternativas que fortalecem
as ideias de partilhar entre a polícia e a comunidade a tarefa de
planejar e implementar as políticas de segurança pública.
As
eras do policiamento moderno americano são apresentadas para uma
análise temporal (quadro 1). Nesta síntese é possível
perceber quais são as principais características de cada período e
como ocorreu essa transformação que influenciou as principais
estratégias de policiamento, que surgiram na Era da Reforma e na Era
de Solução de Problemas com a Comunidade.
Atenção!
Deve-se ter o cuidado para não simplificar a análise de uma era
policial somente em algumas características, sob o risco de
distorcer todo um contexto histórico-social. Uma característica
(total ou parcial), de um período pode
repetir em outro, por exemplo: o relacionamento íntimo entre a
polícia e a comunidade, presente na era política e era da
comunidade. Também é importante destacar que essas são
características comuns entre a maioria dos órgãos policiais
naquele período, portanto, as datas são parâmetros.
Quadro
1 – Características das eras do policiamento moderno12
Características
gerais
|
Era
Política 1830 - 1930
|
Era
da Reforma 1930 - 1980
|
Era
soluções de Problema com a Comunidade
1980
– 2000
|
Autorização
e
legitimidade
|
Políticos
locais e lei
|
Lei
e profissionalismo
|
Lei,
profissionalismo e
comunidade
|
Função
|
Serviço
social amplo
|
Controle
do crime
|
Serviço
policial amplo e
personalizado
|
Relacionamento
com
a
comunidade
|
Íntimo
|
Distante
e remoto
|
Íntimo
|
Táticas
e tecnologia
|
Patrulhamento
a pé
|
Patrulhamento
motorizado e acionamento por
telefone
|
Patrulhamento
a pé, envolvimento da comunidade para solução
de
problemas
|
Resultados
esperados
|
Satisfação
dos
cidadãos
e dos políticos locais
|
Respostas
rápidas para controlar os crimes
|
Qualidade
de vida e satisfação da comunidade
|
As
eras do policiamento moderno americano são apresentadas para uma
análise temporal (quadro 1).
Estratégias
de policiamento.
(esse
item será visto em Polícia Comunitária)
4.6.
DISCUSSÃO, PLANEJAMENTO E
ENCAMINHAMENTO PARTICIPATIVO DE SOLUÇÕES;
O
que é planejamento
Por
que planejar?
Para
iniciar esta unidade, será proposto a você um desafio. Leia o
texto: “O irônico sorrisodo
gato”, de Mário Sergio
Cortellae responda as perguntas:
O
IRÔNICO SORRISO DO GATO
Mário
SergioCortella13
A
ESCOLHA DOS CAMINHOS DEPENDE DO LUGAR ALMEJADO
Há
alguns meses, participando de um congresso sobre o professor e a
leitura de jornal, pude debater a respeito da "overdose"
ferramental que invade cada vez mais o cotidiano social e, sem
dúvida, também o mundo da escola.
Relembrávamos
nesse debate uma das mais contundentes reflexões sobre a vida humana
e que não pode ser esquecida, tamanha é a importância que carrega
também para o debate pedagógico: Alice no País das Maravilhas,
escrita no século XIX pelo matemático inglês, Charles Dodgson (que
deu a si mesmo o apelido Lewis Carroll).
Nessa
obra, Alice cai. Ela está atrás de um coelho e cai em um mundo
desconhecido (na verdade, a menina cai dentro de si mesma). Entre as
inúmeras personagens fantásticas da obra, duas delas estão muito
próximas de nós: uma é um coelho que está sempre atrasado,
correndo para lá e para cá com o relógio na mão; a outra é um
gato do qual somente aparece o sorriso, somente ficam visíveis os
dentes e, às vezes, o rabo. Há uma cena que a gente não deve
ocultar – principalmente quando se fala em ferramentas para o
trabalho pedagógico e, muitas vezes, da percepção equivocada da
tecnologia como redentora da educação: o encontro de Alice com o
gato. Contando resumidamente, na cena, Alice está
perdida, andando naquele lugar e, de repente, vê no alto da árvore
o gato. Só o rabão do gato e aquele sorriso. Ela olha para ele lá
em cima e diz assim: "Você pode me ajudar? "Ele falou:
"Sim, pois não. " "Para onde vai essa estrada?",
pergunta ela. Ele respondeu com outra pergunta (que sempre devemos
nos fazer):“Para onde você
quer ir?”. Ela disse: “Eu
não sei, estou perdida.”
Ele, então, diz assim:" Para quem não sabe para onde vai,
qualquer caminho serve."
Para
quem não sabe para onde vai, serve de qualquer maneira o jornal, a
revista, o livro, a internet, o videocassete, o cinema, etc. E aí,
qualquer um de nós, na ansiedade de modernizar o modelo pedagógico,
eletrifica sofregamente a sala de aula ou, mais desesperadamente,
sonha em fazer isso, imaginando o quanto o trabalho seria espetacular
com esses instrumentos. Daí, se possível, o professor enche a sala
de aparatos tecnológicos, como se, para fazer algo que interesse às
pessoas, precisasse eletrificar continuamente o processo, metendo
aparelhos eletrônicos ligados para todo o lado. Muitos dizem que,
como os alunos estão habituados com isso, precisamos modernizar o
ensino. Será?
Depende
da finalidade do “para
onde se desejar ir”. Se
você sabe para onde quer ir, vai usar a ferramenta necessária. O
que se deve modernizar não é primeiramente a ferramenta, mas sim o
tratamento intencional dado aos conteúdos trabalhados na escola.
Por
isso, é preciso trazer sempre na memória o ditado chinês que diz:
“Quando você aponta a lua bela e brilhante, o tolo olha
atentamente a ponta do seu dedo.”
Na
sua organização, as atividades de policiamento são planejadas
envolvendo o nível de execução (atividade de linha)?
Existe
rotina para gerenciar as atividades diárias do policial militar, que
está focada no problema?
Resposta:
Uma
das características do policiamento profissional (tradicional) é a
centralização do planejamento, geralmente na seção operacional. A
estratégia de policiamento orientado para o problema propõe que o
planejamento deve envolver todos os níveis organizacionais,
principalmente o nível de execução, para evitar que o policial
fique perdido, sem saber para onde seguir quando deparar com um
problema.
Existem
várias rotinas de gerenciamento, que facilitam a execução e o
acompanhamento das metas propostas para o policial. Uma organização
que almeja executar o policiamento com qualidade tem que focar nesse
objetivo organizacional, para dar um “norte” para as pessoas.
Ao
responder a essas perguntas, você refletiu sobre a importância do
planejamento, envolvendo principalmente o nível operacional
(atividade linha). Assim como sobre a necessidade de desenvolver
formas de gerenciar diariamente as tarefas, com o estabelecimento de
metas, para cada setor do Sistema de Defesa Social/Segurança
Pública.
Agora,
responda, o que é planejamento?
Observe
atentamente a charge abaixo e responda:
Figura
8: Ilustração sobre planejamento
Na
figura 8, qual o “assunto” ilustrado: produção, finanças,
marketing ou saúde?
- Quais são os “elementos” necessários para prestar esse serviço?
- Qual é o “tempo” para sua realização?
- Quais “unidades organizacionais” precisam ser envolvidas para prestar esse serviço: departamentos, grupos de pessoas ou divisões de serviço?
- Quais são as “características” que envolvem esse processo: simples ou complexo; ênfase na qualidade ou quantidade; estratégico ou tático; confidencial ou público; formal ou informal; econômico ou oneroso?
Respostas:
- A figura retrata o planejamento de uma cirurgia médica, ou melhor, a sua ausência.
- O assunto abordado é saúde.
- Os elementos necessários para planejar este serviço estão vinculados ao objetivo do hospital, às estratégias utilizadas para prestar o serviço, às políticas internas, aos orçamentos, às normas de conduta médica, aos princípios éticos, dentre outros.
- O tempo ou período para executar esse serviço é curto.
- Para que esse serviço seja executado é necessário o envolvimento de outros setores, dentro do hospital: Departamento de Enfermaria, Departamento do CTI, Grupo de anestesistas, serviço “terceirizado” de entrega de materiais (medicamentos, sangue, instrumentos cirúrgicos, etc.).
É
possível inferir que esse planejamento tem a característica de ser
complexo, focado na qualidade, operacional, confidencial (envolve
pessoas que devem ter sua identidade preservada), formal e econômico
(ou, até mesmo caro, se imaginar que é um procedimento muito
difícil de ser realizado).
Ao
responder às perguntas da página anterior, você estabeleceu as
cinco dimensões do planejamento, que são:
AS
5 (CINCO) DIMENSÕES DE STEINER
Considerando
as 5 dimensões de Steiner o planejamento pode ser considerado um
processo, e deve abranger 5 pontos principais:
Assunto
abordado (tema):
Pode
ser produção, pesquisa, novos produtos, finanças, marketing,
instalações, recursos humanos, etc.
Elementos
(Fases): Propósitos,
objetivos, estratégias, políticas, programas, orçamentos, normas e
procedimentos, entre outros.
Tempo
(Extensão):
Longo,
médio ou curto prazo.
Unidade
Organizacional (Espaço):
Onde
o planejamento é elaborado. Pode ser planejamento corporativo, de
unidades estratégicas de negócios, de subsidiárias, de grupos
funcionais, e divisões, de departamentos, de produtos, etc. E
Características
(Perfil):
Podem
ser representadas por complexidade ou simplicidade, qualidade ou
quantidade; planejamento estratégico ou tático, confidencial ou
público, formal ou informal, econômico ou caro.
AS 5 DIMENSÕES DE STEINER. Disponível em: <https://planejamentoestrategicoadmblog.wordpress.com/2016/04/26/as-5-dimensoes-de-steiner/#targetText=AS%205%20DIMENS%C3%95ES%20DE%20STEINER&targetText=Considerando%20as%205%20dimens%C3%B5es%20de,instala%C3%A7%C3%B5es%2C%20recursos%20humanos%2C%20etc. >. Acesso em 08 set 2019.
Assunto
abordado
|
Elementos
|
Tempo
|
Unidade
Organizacionais
|
Características
|
•Saúde
|
|
|
Crime
Organizado
|
Público
|
Quadro
2. As cinco dimensões do planejamento
Para
facilitar a estruturação do planejamento é importante contemplar
as cinco dimensões descritas.
Afinal,
o que é planejamento?
Planejamento
é um processo desenvolvido para alcançar uma situação futura
desejada de um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor
concentração de esforços humanos e recursos pela empresa.
Toda
empresa (pública ou privada) precisa desenvolver estratégias
almejando os seguintes aspectos:
Eficiência
|
É
fazer as tarefas de maneira adequada para resolver os problemas,
guardar os recursos, cumprir seu dever e reduzir seus custos.
|
Eficácia
|
É
fazer as tarefas certas para produzir alternativas criativas,
maximizar a utilização dos recursos, obter resultado e aumentar
o lucro.
|
Efetividade
|
É
a capacidade da empresa coordenar de forma constante, no tempo,
esforços e energias, tendo em vista o alcance dos resultados
globais.
|
Quadro
3. Efetividade
Na
verdade, esses aspectos interagem-se. Por isso, a fórmula
administrativa para desenvolver o sucesso da estratégia é:
Figura
9: Fórmula da efetividade
O
objetivo do planejamento é desenvolver processos, técnicas e
atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável
de avaliar as implicações futuras de decisões presentes. Isto
é definido em função do objetivo empresarial, que facilitará a
decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e
eficaz.
O
exercício sistemático do planejamento tende a reduzir a incerteza
envolvida no processo de tomar a decisão e aumenta a chance de
alcançar os objetivos e desafios enfrentados.
O
planejamento pode provocar uma série de modificações nas:
Figura
10: Planejamento
Baseado
nesse diagrama, quais são as modificações que você acha que podem
ocorrer numa empresa?
Resposta:
As
modificações relacionadas às pessoas podem corresponder à
necessidade de treinamento, substituições, transferências,
avaliações periódicas, premiação, dentre outras.
Na
tecnologia, as modificações estão relacionadas com a evolução
dos conhecimentos para desempenhar aquela tarefa, uma nova maneira de
desenvolver aquele serviço ou produzir o produto, no ajuste do
ambiente.
No
sistema, as modificações podem ocorrer na divisão das
responsabilidades, na desconcentração da empresa, na
descentralização dos serviços, na criação de novas instruções,
dentre outros. Pode ser dividido
em três níveis, observe:
Figura
11:
Os níveis de planejamento
Os
níveis de planejamento
Planejamento
Estratégico
É
o processo administrativo que proporciona sustentação
metodológica para estabelecer a melhor direção a ser tomada
para uma empresa. Busca otimizar o grau de interação entre os
fatores externos – que não são controláveis – e internos
para formular objetivos e cursos de ação.
Planejamento
Tático
É
o processo administrativo que tem por objetivo otimizar uma
determinada área da empresa, setor de finanças, setor
operacional, setor logístico, dentre outros. Portanto, trabalha
com a decomposição dos objetivos do planejamento estratégico.
Planejamento
Operacional
É
o processo de formalizar, através de documentos, das metodologias
e implantações estabelecidas. Basicamente, são os planos de
ação ou plano operacional.
O
foco são as tarefas cotidianas.
|
Sistema
de Gestão para atingir metas
Conforme
foi visto na aula anterior, no planejamento estratégico são
definidas as metas que se quer atingir, os principais produtos ou
serviços,
tecnologias e processos de produção que serão utilizados numa
empresa.
Observe
a citação abaixo:
Não
se gerencia o que não se mede.…
Não
se mede o que não se define…
Não
se define o que não se entende…
Não
há sucesso no que não se gerencia…
William
Edwards Deming
Baseado
na citação do professor americano Deming, para você, o que é
meta? Dê um exemplo.
Resposta:
Meta
é a quantificação do objetivo com atribuição de valores
(custos), com estabelecimento de prazos (tempo) e definição de
responsabilidades.
Exemplo:
Eu tenho o objetivo de emagrecer para ficar com o peso ideal entre
73-79 kg. Para atingir esse objetivo “pessoal” vou estabelecer,
com ajuda de minha nutricionista, uma meta de perder 3kg por mês.
Para isso vou adotar o seguinte método: modificar minha dieta
alimentar e implementar caminhadas diárias de 20 minutos; e tenho
disponível para custear alimentação e academia a quantia mensal de
R$250,00.
O
que não pode ser quantificado não pode ser definido como meta.
Observe que a palavra método é formada pela união dos termos meta
+ hodos = caminho. É a maneira de como fazer;é um
sistema de práticas, técnicas e regras usadas pelas pessoas que
trabalham em uma disciplina.
De
forma simples, uma estratégia define as metas que se querem
atingir, os principais produtos ou serviços, tecnologias e
processos de produção que serão utilizados. Por isso, elaborar
metas é quantificar cada objetivo, atribuir valores (custos),
estabelecer prazos (tempo) e definir responsabilidades.
A
estratégia orienta, ainda, a
maneira como a instituição irá se relacionar com seus
funcionários, seus
parceiros e seus clientes. Uma
estratégia é definida quando um executivo descobre a melhor maneira
de usar sua instituição para enfrentar os desafios ou para explorar
as oportunidades.
Gerenciar
a rotina de tarefas é garantir meios para que o nível operacional
atinja resultados esperados de produtividade e de qualidade pelo
nível institucional.
Geralmente,
as empresas modernas utilizam o sistema de gestão para formular,
desdobrar e atingir metas. Esse processo de gerência envolve os três
níveis hierárquicos.
O
nível estratégico é responsável pela formulação estratégica e
estabelece metas anuais e a longo prazo para a empresa. O nível
tático tem o dever de desdobrar essas metas, através de diretrizes
e normas. O nível operacional tem como tarefa cotidiana atingir e
gerenciar as rotinas de trabalho para cumprir as metas pactuadas.
Perceba
como que todas as pessoas, em todos os níveis, devem estar voltadas
para atingir esse objetivo.
Figura
12:
O sistema de gestão para atingir metas Fonte:
https://gestaodesegurancaprivada.com.br/planejamento-organizacional-o-que-e-conceitos/
Atenção!
O gerenciamento da rotina só pode ser realizado com metas. As metas
são os insumos, o início do trabalho do gerenciamento. Não se
atinge metas sem que se façam mudanças.
A
relação do PDCA com POP
Conforme
foi visto na aula anterior,é no nível operacional que ocorre o
gerenciamento da rotina do trabalho para atingir as metas,
visando melhorar a qualidade do serviço prestado ou do produto
produzido.
Foi
Walter A. Shewhart que deu um salto significativo no conceito de
qualidade, pois associou as técnicas estatísticas à realidade da
empresa de telefonia Bell Telephone Laboratories. Shewarth
desenvolveu os gráficos de controle, que utilizam maciçamente os
princípios estatísticos, bem como o próprio ciclo PDCA. Perceba
que PDCA é uma sigla formada pelo anagrama das palavras em inglês
de cada fase desse ciclo, que direciona as atividades de plan =
planejar, do= fazer, check= verificar e action= atuar.
Figura
13: Diagrama do PDCA
ACTION
(atuar)
Atue
no processo em função dos resultados obtidos.
PLAN
(planejar)
Defina
asmetas.
Determine
os métodos para alcançá-las.
DO
(fazer)
Treine
e eduque.
CHECK
(avaliar)
Execute
o trabalho.
Verifique
os efeitos do trabalho executado.
|
Para
detalhar melhor o processo PDCA, observe (figura 14) a
sequência de tarefas que deve ser desencadeada para atingir uma meta
e, consequentemente, aperfeiçoar a qualidade de uma empresa.
P
roblema:
Identificação do problema.
Observação:
Reconhecimento das características do problema.
Análise
do processo: Descoberta das causas principais.
Plano
de ação: Contramedidas às causas principais.
Treinamento
dos executores – Comunicação das contramedidas
Atuação
conforme plano de ação.
Verificação:
confirmação da efetividade da ação sim
Padronização
e conclusão
Figura
14:
Fluxo
de tarefas do PDCA
Baseado
na figura 14, para você, qual a correlação que se pode fazer entre
a estratégia de POP com o método PDCA?
Perceba
a semelhança da metodologia, observando o fluxo das atividades entre
o método PDCA e o método IARA.
Figura
15:
Diagrama do PDCA
Resposta:
Conforme pode ser constatado o PCDA, que é uma ferramenta
gerencial desenvolvida, em 1924, inspirou aos professores
americanos John Eck e Bill Spelman no desenvolvimento do modelo
SARA (modelo IARA), que é uma metodologia utilizada na estratégia
de policiamento orientado para o problema. O método IARA é uma
técnica voltada para a melhoria da qualidade do serviço
policial.
|
4.7.
ANÁLISE
DE ETAPAS E FORMA DE COMUNICAÇÃO;
ANALISAR
O PROBLEMA SELECIONADO
PORQUE
É QUE A ANÁLISE É IMPORTANTE
Analisar
um problema, de forma abrangente, é fundamental para o sucesso dos
esforços de resolução desse problema. Não se conseguem
desenvolver respostas eficazes, concebidas à medida, a não ser que
saibamos o que está a causar o problema.
Contudo,
por norma, muitas pessoas passam por cima das fases do modelo SARA.
As razões para isso são diversas, mas incluem o seguinte: por a
natureza do problema, por vezes falsamente, parecer óbvia à
primeira vista; por poderem existir enormes pressões, internas e
externas, para se resolver de imediato
o problema; pela
pressão para se responder aos pedidos de intervenção não parece
dar tempo a que se realizem estudos detalhados à natureza do
problema; por a investigação ou estudo do problema não parecer ser
uma “verdadeira” função da polícia; e por os supervisores,
eventualmente, poderem não valorizar o trabalho analítico, que leva
o seu tempo a ser realizado, e que não resulta em detenções, em
autuações
rodoviárias, ou em outras medidas policiais tradicionais. Também,
em muitas comunidades, o forte comprometimento com a antiga maneira,
de encarar e de lidar com os problemas, impede a polícia e os
cidadãos de encararem os problemas através de novas e diferentes
formas.
Apesar
daquelas pressões e percepções,
os solucionadores de problemas devem resistir à tendência de
saltarem a fase da análise, porque arriscam-se a lidar com um
problema que não existe e/ou a implementarem soluções que são
ineficazes a longo prazo.
Por
exemplo, os dados informáticos dos despachos do serviço, de um
departamento de polícia do sudeste dos EUA, indicaram a existência
de um grande problema relativo ao furto de viaturas num centro
comercial local. Contudo, após um sargento ter revisto os relatórios
das ocorrências e os subsequentes aditamentos pelos cancelamentos,
tornou-se-lhe claro que muitos dos furtos de viaturas denunciados
eram, na realidade, casos em que os lojistas haviam-se esquecido do
local onde tinham estacionado as suas viaturas e, erradamente,
comunicaram o seu furto à polícia. Se ele não tivesse analisado o
problema, o primeiro impulso do sargento, provavelmente, iria no
sentido da implementação de esforços para prevenir os furtos de
viaturas, os quais teriam pouco ou nenhum impacto no problema das
denúncias de alegados furtos de viaturas baseadas em pressupostos
errados. Após ter analisado o problema, tornou-se-lhe óbvio que o
problema do furto de viaturas não era tão grave como parecia e que
era necessário, sim, uma combinação entre os esforços concebidos
para a prevenção do furto de viaturas e uma melhor distinção dos
locais de parqueamento, através da sinalética, no centro comercial.
FAZER
AS PERGUNTAS CERTAS
O
primeiro passo, na análise, é para se determinar qual o tipo de
informação que é necessário. Isto deve consistir numa pesquisa
alargada, não inibida por perspetivas passadas; as questões devem
ser colocadas, quer as respostas sejam ou não obtidas. A abertura do
processo e a sondagem persistente de informações, associadas a tal
pesquisa, serão do mesmo tipo da abordagem que seria adotada por um
detetive conceituado para resolver um crime intrincado: procurar em
todas as direções, sondar a fundo, e fazer as perguntas certas.
Grupos de elementos policiais experientes, convidados a participar em
tal exercício, deverão colocar um amplo conjunto de questões
pertinentes. Eles, também, deverão reconhecer que, exceptuando
alguns bons palpites, não têm as respostas para as questões que
colocam. 14
O
TRIÂNGULO DO CRIME
Geralmente,
são necessários três elementos para a constituição de um crime
na comunidade: um ofensor, uma vítima, e uma cena do crime ou um
local.15
Os solucionadores de problemas descobriram ser útil, para a
compreensão dos problemas, visualizar-se a ligação entre aqueles
três elementos através da construção de um triângulo.
Figura
16– triângulo do crime
Como
parte da fase de análise, é importante descobrir-se o máximo,
possível, de informações acerca de todos os três lados do
triângulo. Uma forma de se começar é perguntando: Quem? O quê?
Quando? Onde? Como? Porquê? E porque não? Acerca de cada um dos
lados do triângulo. 16
Vítimas
É
importante focarmo-nos no lado do triângulo referente à vítima.
Como referido anteriormente, os estudos recentes têm demonstrado que
uma pequena quantidade de vítimas está relacionada com uma grande
quantidade de incidentes criminais. Acrescentando, os pesquisadores,
na Inglaterra, concluíram que as vítimas de assaltos, de violência
doméstica, e de outros crimes têm grande probabilidade de virem a
ser revitimizadas a curto prazo, logo após
a primeira vitimização – com frequência no espaço de um a dois
meses. 17
18As
intervenções eficazes, destinadas às vítimas repetidas, podem
contribuir para uma redução significativa do crime.
Por
exemplo, de acordo com um estudo referente a assaltos a residências,
levado a efeito na Divisão da Polícia de Huddersfield, em West
Yorkshire, na Inglaterra, as residências que já tinham sido
assaltadas tinham quatro vezes mais probabilidades de voltarem a ser
vitimizadas que as residências que nunca haviam sido vítimas, e que
muitos dos assaltos repetidos ocorriam dentro de seis semanas após o
primeiro. Consequentemente, a Divisão de Huddersfield desenvolveu
uma resposta tripartida
adaptada à medida das vítimas de assaltos repetidos, baseada no
número de vezes que as suas casas haviam sido assaltadas. De acordo
com os relatórios iniciais, os assaltos a residências foram
reduzidos em 20% desde que o projeto se iniciou, e não se registou
nenhuma deslocalização.19
De fato, os assaltos a estabelecimentos comerciais, na mesma área,
também, foram reduzidos, apesar de este problema não ter sido um
dos objetivos da resposta. Contudo, a polícia teve alguma
dificuldade em identificar as vítimas repetidas, porque o seu
sistema de base de dados não estava concebido para este tipo de
pesquisa.
Ofensores
É
fundamental, para o esforço de resolução dos problemas, que se
encare, de uma forma renovada, o lado do triângulo referente ao
ofensor. No passado, foi colocada demasiada ênfase na identificação
e na detenção dos ofensores. Embora isto possa reduzir um tipo
específico de problema criminal, particularmente se os ofensores
detidos contribuírem para uma grande parte do problema, essa redução
é, frequentemente, temporária à medida que novos ofensores
substituem os antigos ofensores.
O
problema da substituição dos ofensores é particularmente agudo nas
atividades relacionadas com a aquisição de dinheiro: como o tráfico
de droga, os assaltos, os roubos, a prostituição, etc. Por esta
razão, as polícias chegaram à conclusão que ajuda aprender-se
mais acerca das razões que levam os ofensores a serem atraídos por
certas vítimas e locais, daquilo que eles especificamente ganham ao
ofender, e daquilo, se é que existe algo, que possa prevenir ou
reduzir as suas taxas de delito.
Locais
É
igualmente importante que se analise o lado do triângulo referente
ao local. Como referido anteriormente, certos locais são
responsáveis por uma significativa quantidade de atividade criminal.
Uma análise desses locais poderá indicar-nos a razão porque são
tão favoráveis à ocorrência de um determinado tipo de crime e
indicar-nos as formas pelas quais eles poderão ser alterados, para
inibir os ofensores e proteger as vítimas. Por exemplo, colocar os
caixas multibanco dentro das agências bancárias poderá fazer
reduzir a quantidade de informação que um ofensor pode obter acerca
das suas potenciais vítimas (que elas estão a levantar dinheiro no
banco, que elas põem o dinheiro no bolso da frente do lado esquerdo)
e poderá reduzir
a vulnerabilidade das vítimas quando estão de costas
para os potenciais ofensores, ao servirem-se nos caixas multibanco.
Supervisores,
Gestores e Guardiões
Existem
pessoas, ou coisas, que podem exercer um controlo sobre cada um
dos lados do triângulo, para que o crime tenha menos
probabilidade de ocorrer. Os ofensores poderão, por vezes, ser
controlados por supervisores como a polícia e os funcionários da
reinserção social. Os alvos e as vítimas podem ser protegidos
pela presença de guardiões. Os locais, também, podem ter
guardiões ou gerentes os quais poderão exercer influência tanto
nos ofensores como nas vítimas. A resolução de problemas, com
sucesso, assenta na compreensão, não só, da forma como todos os
três lados do triângulo interagem mas, também, na forma como os
ofensores, as vítimas e os locais são, ou não são, controlados
por terceiros.20
|
QUESTÕES
EXEMPLIFICATIVAS PARA SE ANALISAR PROBLEMAS
As
agências policiais deverão fazer uma lista das questões, acerca da
natureza do problema, que necessitam de ser respondidas, antes de se
poder desenvolver respostas novas e eficazes.21Seguem-se
15 questões exemplificativas acerca do problema dos roubos, descrito
anteriormente na parte “Identificar os Interessados”.
VÍTIMAS
1.
Quem são as vítimas (idade, raça, gênero)?
Para quem trabalham? Qual foi a natureza das ofensas?
2.
Em que altura do dia foram as vítimas ofendidas?
3.
Existem alguns funcionários da entrega de comida ao domicílio que
tenham sido ofendidos mais do que uma vez? Existem alguns
funcionários da entrega de comida, de determinados restaurantes, que
foram ofendidos com mais frequência que outros?
4.
Qual o grau de medo que têm as pessoas que entregam comida ao
domicílio? Quais as áreas que mais temem? Eles têm algumas
sugestões sobre formas de cumprirem com mais segurança as suas
obrigações? Eles estão munidos de algum tipo de equipamentos de
segurança, ou foi-lhes prestada formação acerca da sua segurança?
4.
O que é que outras jurisdições, que enfrentaram o mesmo problema,
fizeram para aumentar a segurança das pessoas que se dedicam à
entrega de comida ao domicílio? Quais as normas que se mostraram
mais eficazes e porquê?
LOCAIS
(CENA DO CRIME, LOCALIZAÇÃO, AMBIENTE)
6.
Onde é que os roubos ocorreram – no local das entregas, no
percurso de ida para o local de entrega, ou perto do estabelecimento
de comida rápida? Qual a conformidade e proximidade entre os locais
das ofensas e as áreas em que as pessoas das entregas não costumam
ir?
7.
Dos roubos que ocorreram longe do estabelecimento de comida rápida,
qual é a distribuição dos locais nos quais os roubos ocorreram
(prédios de apartamentos, condomínios fechados, casas isoladas,
habitação social, motéis e hotéis, parques de estacionamento,
edifícios de escritórios, etc.)?
8.
Os funcionários das entregas foram roubados perto das suas viaturas,
ou longe delas? Qual o tipo de viatura que os funcionários das
entregas conduzem? Estão assinaladas como viaturas de entrega de
comida?
9.
Onde se encontra localizada a loja de comida rápida em relação ao
bairro onde não são feitas as entregas? Quais os caminhos que os
empregados das entregas tomam para fazer as suas entregas?
10.
Existem algumas semelhanças ambientais entre os locais específicos
dos roubos (iluminação, arbustos, isolamento ou com áreas
escondidas)?
OFENSORES
11.
Qual é o método empregue nas ofensas? Existem alguns padrões
evidentes? Que armas têm sido utilizadas, e em quantos dos ataques?
12.
Como é que os ofensores escolhem as suas vítimas? O que é que
torna algumas vítimas mais atraentes ao roubo que outras? O que é
que torna as pessoas que não são vítimas menos atraentes?
13.
Os ofensores fazem pedidos de entrega para atraírem a si os
empregados das entregas, ou encontram as suas vítimas por acaso? Se
os ofensores fazem pedidos de comida para roubar os empregados das
entregas, aqueles pedidos são feitos no nome dos verdadeiros
“clientes” ou são feitos com nomes falsos?
14.
Que quantidade de dinheiro costuma ser roubada pelos ofensores numa
ocorrência típica? Mais alguma coisa é roubada?
15.
Os ofensores vivem no(s) bairro(s) onde os roubos ocorrem? Se sim,
eles são conhecidos dos moradores, os quais possam ter alguma
influência sobre aqueles?
(Para
Informações adicionais sobre a análise de problemas, ver o
capítulo sete do guia “Problem-Oriented Policing”, de Herman
Goldstein, e o capítulo cinco do guia “Neighborhood-Oriented
Policing in Rural Communities”, publicado pelo U.S. Department of
Justice. Uma lista de referências completa pode ser encontrada na
pág. 38).
RECURSOS
QUE PODERÃO AJUDAR A ANALISAR OS PROBLEMAS
Existe
um número de instrumentos que nos poderão ajudar a recolher
dados, e outras informações, acerca dos problemas criminais e de
desordem.
Analistas
criminais. Os
analistas criminais podem-nos prestar uma grande ajuda na recolha
e na análise de dados, e outras Informações, acerca de crimes
específicos e de problemas decorrentes de desordens.
Sistemas
de Gestão de Registos. Este
tipo de sistemas pode ajudar as agências policiais a recolher, a
recuperar e a analisar informações acerca dos problemas. Em
particular, ele deve ser capaz de, rapidamente e com facilidade,
ajudar os utilizadores a identificar as chamadas de serviço
repetidas relacionadas com vítimas, com locais e com ofensores
específicos.
Sistemas
de informação geográfica/mapeamento.22Estes
sistemas podem-nos esclarecer a respeito dos padrões, ajudam a
identificar áreas problemáticas, e mostram as potenciais
ligações entre os hot spots criminais e outros tipos de
estabelecimentos (máquinas multibanco, lojas de venda de bebidas,
etc.).
Assistência
técnica.
Os profissionais ligados à justiça criminal, que se
especializaram no uso das técnicas de Resolução de Problemas,
para resolver problemas criminais específicos como os homicídios,
os roubos, o tráfico de droga nas ruas, etc., podem fornecer uma
ajuda inestimável às agências de polícia e aos membros da
comunidade. Acrescentando, outras pessoas não ligadas à justiça
criminal, com formação numa diversidade de áreas, também,
poderão ajudar nos esforços de resolução de problemas. Por
exemplo, um arquiteto poderá ser capaz de ajudar a avaliar os
riscos criminais relacionados com a concepção
de um conjunto de blocos de apartamentos, e um perito em saúde
mental poderá ser capaz de ajudar a avaliar a resposta corrente
de uma comunidade às pessoas com doença mental e ajudar a
melhorar a resposta.
Inquéritos
aos moradores/comerciantes. Estes
inquéritos podem ajudar a polícia e as entidades com base na
comunidade a identificar e a analisar os problemas, a calcular os
níveis de medo, a identificar as respostas mais indicadas e a
determinar a eficácia real e percepcionada
dos esforços de resolução dos problemas. Estes inquéritos,
também, podem ajudar a determinar as taxas de vitimização geral
e repetida, particularmente as relacionadas com as cifras negras e
com os crimes raros.
Inquéritos
ambientais criminais.
Estes instrumentos podem ajudar as agências de polícia e as
entidades da comunidade a, sistematicamente, avaliarem o ambiente
físico dos locais problemáticos e as formas pelas quais as
caraterísticas específicas dos locais conduzem ao crime e à
desordem.
Entrevistas
com as vítimas e os ofensores.
As entrevistas, sistemáticas e estruturadas com as vítimas e com
os ofensores, podem fornecer reflexões importantes sobre as
dinâmicas de um determinado problema criminal. Por exemplo, as
entrevistas realizadas a ladrões de rua, de uma determinada
localidade, forneceu importantes Informações, à polícia,
relacionadas com a seleção das vítimas e com outros aspetos dos
roubos que puderam ser usadas para prevenir futuras vitimizações.
Formação.
A formação em Resolução de Problemas, com uma ênfase na
análise, pode ajudar a polícia e os cidadãos a desenvolver e a
melhorar as suas competências de resolução de problemas.
Laptops/computadores
portáteis.
Quando instalados nos carros patrulha, a última geração de
computadores portáteis pode fornecer, aos agentes policiais,
acesso direto a dados úteis e atempados sobre o crime e
permitir-lhes analisar problemas criminais e a produzir mapas
enquanto de patrulha.
Internet.
Ao
usarem serviços de pesquisa online sobre assuntos legais e
comerciais, o pessoal policial e os membros da comunidade podem,
rapidamente, saber a quem pertence determinada
propriedade
que se tornou num paraíso para o tráfico de droga, a apurarem
qual a legislação aplicável a um determinado problema e a rever
a cobertura noticiosa das comunidades que enfrentam problemas
semelhantes. De forma similar, o pessoal policial e os membros das
comunidades podem usar a internet para a troca de Informações
com outros que já trataram de problemas idênticos e para obterem
acesso a redes especificamente dedicadas ao policiamento
comunitário e à resolução de problemas.
|
4.8.
RESPOSTA
RESPONDER
A UM PROBLEMA
Após
um problema ter sido claramente definido e analisado, teremos que nos
confrontar com o desafio último do Policiamento Orientado para a
Resolução de Problemas: a procura da forma mais eficaz para lidar
com ele.23
O
terceiro estádio do modelo SARA foca-se no desenvolvimento e na
implementação de respostas eficazes para o problema. Antes de se
entrar neste estádio, uma agência policial deve ter a certeza de
que analisou completamente o problema. A tentação para se
implementar uma resposta e para se “começar a fazer alguma coisa”,
antes de a análise estar terminada, é muito forte. Mas, os
remedeios rápidos raramente são eficazes a longo prazo.
Provavelmente, os problemas persistirão se as soluções não forem
concebidas à medida das causas específicas do problema.24
Para
se desenvolver respostas à medida dos problemas criminais, os
solucionadores de problemas devem rever as suas descobertas acerca
dos três lados do triângulo do crime – as vítimas, os
ofensores e os locais – e deverão desenvolver soluções
criativas que tratem de, pelo menos, dois dos lados do
triângulo.20 Eles devem fazer uma aproximação ao
desenvolvimento de soluções sem quaisquer noções preconcebidas
acerca do que deve ser feito. Frequentemente, os resultados na
fase da análise apontam, à polícia e aos cidadãos, para
direções inesperadas. Por exemplo, suponhamos que a agência
policial que enfrenta o problema dos roubos aos empregados das
entregas de fast food, descrito anteriormente, acaba por
descobrir:
|
Uma
resposta concebida para este problema poderia incluir o seguinte:
|
A
TRADIÇÃO DOMINANTE
Desde
o início, temos estado, constantemente, a tentar combater a
tendência natural de voltar às respostas tradicionais.25
Tendo
sido depositada demasiada confiança nas respostas tradicionais no
passado (amplos varrimentos de área, ou detenções,
patrulhamento intensivo, etc.), é natural que as agências de
polícia venham a gravitar à volta destas mesmas táticas para
lidar com os problemas no futuro - mesmo que essas mesmas táticas
não se tenham provado especialmente eficazes, ou sustentáveis a
longo prazo.
Por
exemplo, no caso dos roubos aos empregados das entregas ao
domicílio, é fácil de ver como a polícia poderia ter decidido
avançar com patrulhamentos em viaturas, ou a peados, na área
problemática, aos fins
de semana,
entre as 22 h
00
min
e as 02 h
00
min.
Mas esta resposta teria sido relativamente dispendiosa para o
departamento de polícia. As respostas criativas, que vão além
do sistema de justiça criminal e que se focam na prevenção de
futuras ocorrências, geralmente, surtem melhores resultados.
Os
cidadãos e a polícia são tentados, frequentemente, a
implementar programas e respostas usadas noutras comunidades.
Embora possa ser bastante útil aprender-se como foi que outras
comunidades foram bem-sucedidas
ao lidarem com problemas semelhantes (e encorajamos as agências
policiais a pesquisarem outras abordagens como parte das suas
análises), deveremos ser cautelosos quanto ao adotar soluções
tiradas da prateleira, a não ser que a situação seja,
impressionantemente, semelhante.26
A
polícia ao enfrentar o problema dos roubos aos empregados das
entregas ao domicílio poderá sentir-se inclinada a sugerir aos
serviços públicos para aumentar a iluminação pública na área
problemática, porque isto foi uma das maneiras que outras
comunidades implementaram com sucesso para lidar com o problema
dos roubos. Mas, a não ser que os roubos tenham ocorrido em áreas
que são fracamente iluminadas, esta estratégia, provavelmente,
terá pouco efeito no problema dos roubos aos empregados da
distribuição de comida.
A
chave para se desenvolver respostas propositadamente concebidas é
garantindo que as respostas são devidamente focadas e diretamente
ligadas às
conclusões que resultaram da fase analítica do projeto.
Para
exemplos específicos de resoluções de problemas, consultar a
Série de Guias Policiais Orientados para a Resolução de
Problemas, desenvolvida pelo Center
for Problem-Oriented Policing (www.popcenter.org)
e custeados pelo COPS Office. Consultar, também, a secção de
Recursos Adicionais, a qual lista alguns dos problemas criminais e
de desordem social os quais poderão ser tratados com o uso de
abordagens de resolução de problemas.
|
4.9.
AVALIAÇÃO
DE RESULTADOS;
AVALIAR
O IMPACTO SOBRE O PROBLEMA SELECIONADO
Nos
últimos 20 anos, tornou-se claro para muitos dos que se dedicam ao
policiamento que, tanto as abordagens tradicionais ao tratamento do
crime, do medo e de outros problemas, como as avaliações da sua
eficácia, ficaram aquém das expetativas de muita gente. Isto fez
com que um número significativo de departamentos de polícia
procurasse novas abordagens para lidar com velhos problemas. Isto,
também, levou a que muitos departamentos de polícia se começassem
a interrogar se, e até que ponto, o seu
trabalho
realmente fazia a diferença, para além de lidar com as ocorrências
imediatas. 27
MEDIDAS
TRADICIONAIS
Uma
quantidade de parâmetros tem sido usada, tradicionalmente, pelas
agências policiais e pelos membros das comunidades, para avaliar a
eficácia das suas medidas. Naqueles incluem-se: o número de
detenções, os níveis dos crimes denunciados, os tempos de resposta
policial, a quantidade de autorizações concedidas, as reclamações
dos cidadãos e diversos outros indicadores do trabalho policial,
como as chamadas de serviço e o número de entrevistas de campo
realizadas. 28
Vários
daqueles parâmetros poderão ser-nos úteis para se avaliar o
impacto de um esforço de resolução de problemas, incluindo: as
chamadas de serviço relacionadas com o problema (especialmente uma
redução na repetição das chamadas de serviço envolvendo locais,
vítimas e ofensores específicos); as mudanças na incidência dos
crimes denunciados; e as mudanças nos níveis das reclamações dos
cidadãos. Outros parâmetros tradicionais, como as detenções e o
número de entrevistas de campo realizadas, poderão não ser assim
tão úteis para os nossos esforços de resolução de problemas, a
não ser que esses parâmetros possam ser diretamente ligados a uma
redução, a longo prazo, dos malefícios associados a um determinado
problema criminal.
Mesmo
as reduções nas chamadas de serviço e nas reclamações dos
cidadãos poderão não ser os melhores indicadores de, e até que
ponto, estarmos a causar um impacto positivo no problema, porque,
nalguns casos, aqueles parâmetros poderão, na realidade, aumentar
como resultado do nosso esforço de resolução dos problemas.
Nalguns casos, tal incremento poderá ser um resultado positivo, se
isso significar que os moradores se sentem mais à vontade em
registarem as suas reclamações, ou porque acreditam que as suas
chamadas serão levadas a sério. Contudo, quando o esforço de
resolução de problemas resulta num aumento das detenções, ou num
aumento das chamadas de serviço, as agências policiais devem
encarar aqueles resultados positivos com cautela. Será que eles são
os resultados pretendidos da iniciativa?
UMA
ESTRUTURA NÃO
TRADICIONAL
Avaliar
o impacto de um esforço de resolução de problemas poderá
requerer o uso de uma estrutura não tradicional para se
determinar a sua eficácia. Uma daquelas estruturas desenvolvida
por Eck e por Spelman identifica cinco diferentes níveis, ou
tipos, de impactos positivos nos problemas. Eles são: 29
1.
A total eliminação do problema;
2.
Menos incidentes;
3.
Incidentes menos graves ou perniciosos;
4.
Melhor tratamento das ocorrências/uma resposta ao problema
melhorada; e
5.
A remoção do problema como uma das preocupações policiais
(transferindo o tratamento para outros mais capazes em lidar com o
problema).
Também,
foi sugerido um sexto impacto positivo:
6.
As
pessoas e as instituições afetadas pelo problema ficam melhor
preparadas para lidar com um problema semelhante no futuro.30
|
Alguns
dos parâmetros listados acima poderão ser adequados para os nossos
esforços de resolução dos problemas. Outros, não listados acima,
poderão ser, ainda, mais adequados. Após termos analisado o nosso
problema, poderemos pretender modificar os parâmetros inicialmente
selecionados, ou rever os parâmetros. Os parâmetros que
selecionarmos dependerão
da natureza do problema escolhido, das preferências da polícia e da
comunidade, e da habilidade da nossa jurisdição em recolher os
dados necessários, tanto antes do início do projeto, bem como após
ele ter sido implementado no terreno por algum tempo.
Um
número de parâmetros não tradicionais poderão esclarecer-nos
sobre a forma como um problema foi afetado.31
A chave está em nos focarmos nos parâmetros que demonstram o
impacto no problema apontado.
Parâmetros
Demonstrativos do Impacto no Problema
Quatro
casas de crack, existentes numa área de 12 blocos de apartamentos,
foram encerradas e as avaliações, posteriores, indicaram que o
tráfico de droga não se havia deslocalizado para os cinco blocos de
apartamentos das redondezas. As chamadas de serviço, relativamente
ao tráfico de droga nas ruas da área-alvo, haviam sido reduzidas,
de uma média de 45 por mês par 8 por mês. O número de moradores
que relataram ser testemunhas do tráfico de droga, durante o mês
anterior, foi reduzido de 65%, antes dos esforços policiais, para
10% após a intervenção.
Antes
da intervenção policial, 40% daqueles que foram vitimizados duas
vezes por assaltantes, no período de seis meses seguinte foram, de
novo, revitimizados. Após os esforços policiais, só 14% das
vítimas voltaram a ser revitimizadas.
No cômputo geral, os assaltos na área-alvo foram reduzidos, de 68
num ano para 45 no ano seguinte.
Porque
os esforços de resolução de problemas conseguiram interromper a
venda de armas aos jovens que procuravam a aquisição de armas de
fogo semiautomáticas,
mais letais, o comércio de armas, o número e a gravidade das
ofensas à integridade física, resultantes dos tiroteios a partir de
viaturas em andamento, foram significativamente reduzidas, mesmo,
apesar do número de disparos com armas de fogo a partir de viaturas
em andamento ter decrescido ligeiramente. Antes da intervenção
policial, ocorreram 52 daquelas ocorrências na cidade e que
resultaram em 21 ofensas à integridade física graves e 5
homicídios. Após os esforços policiais, ocorreram 47 tiroteios a
partir de viaturas em andamento as quais resultaram em 8 ofensas
graves à integridade física e nenhum homicídio.
No
ano transato ao dos esforços policiais, a polícia recebeu uma média
de 50 denúncias por mês relacionadas com desavenças entre
vizinhos. Uma média de 10 daquelas denúncias ficaram resolvidas com
uma única intervenção de um agente policial, mas aproximadamente
40 das chamadas de serviço eram efetuadas pelos moradores de 22
locais habitualmente problemáticos. Assim que os esforços de
resolução do problema foram implementados, o departamento policial
passou a receber uma média de 12 denúncias mensais. Cinco dos
locais repetidamente problemáticos mantiveram-se sem alteração,
mas eles contaram para menos de 25% das denúncias recebidas
mensalmente.
PARÂMETROS
NÃO DEMONSTRATIVOS DO IMPACTO NO PROBLEMA
Foram
realizadas cinco reuniões entre a polícia e a comunidade no decurso
de um ano de projeto. (As conclusões relativas ao impacto sobre o
problema não se podem extrair deste parâmetro. Se um dos objetivos
do projeto for o de melhorar a compreensão da polícia acerca dos
problemas comunitários, um dos parâmetros a ter em conta é o nível
de percepção
dos moradores acerca dos melhoramentos que resultaram dos esforços
desenvolvidos, o qual poderá ser determinado através de inquéritos
realizados antes e após a implementação das medidas.).
Foram
realizadas verificações das condições de segurança em 43
residências, pelos agentes policiais, da urbanização-alvo. (Embora
isto possa ser importante para se documentar o número de
verificações de segurança a residências, seria mais importante
saber-se até que ponto os assaltos foram reduzidos como resultado da
iniciativa.)
Os
agentes policiais e os membros da comunidade participaram numa
limpeza ao bairro e removeram perto de 500 kg de lixo. (Esta
informação não, necessariamente, indica uma redução nos níveis
dos problemas criminais e de desordem em causa, e uma limpeza
esporádica poderá ser, somente, um melhoramento temporário. Seria
mais importante demonstrar-se que os problemas criminais e de
desordem em causa foram reduzidos como resultado de, ou em conjunto
com, a limpeza realizada.)
A
polícia apreendeu para cima de 10 quilos de cocaína durante a
iniciativa, a qual procurou alvejar as atividades ligadas ao tráfico
de narcóticos no distrito do sudoeste. (Este resultado não indica
até que ponto as vendas de droga nas ruas e quaisquer outros
problemas relacionados – como a prostituição, a vadiagem, os
graffiti, o lixo e a intimidação dos moradores – foram
reduzidos.)
Ajustar
as Respostas Baseadas na Avaliação
Se
as respostas implementadas não forem eficazes, a informação
recolhida durante a análise deve ser revista. Poderá ser necessário
recolher-se novas Informações antes de se desenvolver e testar
novas respostas.32
4.10.
FERRAMENTAS
DE AUXÍLIO À TOMADA DE DECISÃO.
TOMADA
DE DECISÃO
A
tomada de decisões é o núcleo da responsabilidade administrativa.
O administrador deve constantemente decidir o que fazer, quem deve
fazer, quando, onde e, muitas vezes, como fazer. Seja ao estabelecer
objetivos, alocar recursos ou resolver problemas que surgem pelo
caminho, o administrador deve ponderar o efeito da decisão de hoje
sobre as oportunidades de amanhã. Decidir é optar ou selecionar
dentre várias alternativas de cursos de ação aquela que pareça
mais adequada.
Por
tanto, a tomada de decisão não é aleatória, pois está
relacionada com a Missão,
visão
e valores,
indispensáveis à construção da cultura
organizacional de
toda e qualquer empresa.
Empowerment
Significa
fortalecimento do poder decisório dos indivíduos da empresa
(instituição) ou criação de poder decisório para os
indivíduos.
Castro
(l994) afirma que o termo empowerment
sintetiza um processo de transformação no qual a energização
torna-se o principal foco da empresa.
Energização:
Clima positivo, envolvimento e comprometimento de pessoas.
Rothstein
(1995) empowerment é um ato de construir, de desenvolver e
incrementar o poder entre os indivíduos por meio de cooperação,
compartilhamento e trabalho em conjunto.
Uma
organização moderna identifica no seu principal capital, seus
colaboradores, a principal matéria-prima geradora de
competitividade.
|
DO
PROCESSO DECISORIAL
A
tomada de decisões é o núcleo da responsabilidade administrativa.
O administrador deve constantemente decidir o que fazer, quem deve
fazer, quando, onde e, muitas vezes, como fazer. Seja ao estabelecer
objetivos, alocar recursos ou resolver problemas que surgem pelo
caminho, o administrador deve ponderar o efeito da decisão de hoje
sobre as oportunidades de amanhã. Decidir é optar ou selecionar
dentre várias alternativas de cursos de ação aquela que pareça
mais adequada.
EM
TODA DECISÃO EXISTEM, NO MÍNIMO, SEIS ELEMENTOS, A SABER:
1.
O tomador da decisão: é o indivíduo ou grupo de indivíduos que
faz uma escolha dentre vários cursos de ação disponíveis.
2.
Objetivos: são os objetivos que o tomador de decisão pretende
alcançar por meio de suas ações.
3.
O sistema de valores: são os critérios de preferência que o
tomador de decisão usa para fazer sua escolha.
4.
Cursos de ação: são as diferentes sequências de ação que o
tomador de decisão pode escolher.
5.
Estados da natureza: são aspectos do ambiente que envolvem o
tomador de decisão e que afetam sua escolha de cursos de ação.
São fatores ambientais fora do controle do tomador de decisões,
como as condições de certeza, risco ou incerteza.
6.
Consequências: representam os efeitos resultantes de um
determinado curso de ação e de um determinado estado da
natureza.
|
NÍVEIS
DE DECISÃO
Existem
três diferentes áreas de decisão na empresa, a saber:
1.
Decisões estratégicas:
relacionadas com as relações entre a empresa e o
ambiente; guiam e dirigem o comportamento da empresa,
principalmente quando ela expande e altera sua posição
produto/mercado. São tomadas no nível institucional.
2.Decisões
administrativas:
relacionadas com a estrutura e configuração
organizacional da empresa, com a alocação e distribuição de
recursos. São tomadas no nível intermediário.
3.
Decisões operacionais:
relacionadas com a seleção e orientação do nível
operacional encarregado de realizar a tarefa técnica.
É
necessário estudar cada nível de decisões, sem perder de vista
o seu inter-relacionamento e sua interdependência.
|
FASES
DO PROCESSO DECISORIAL
As
decisões são tomadas em resposta a algum problema a ser resolvido,
a alguma necessidade a ser satisfeita ou a algum objetivo a ser
alcançado. A decisão envolve um processo, isto é, uma
sequência de passos ou fases que se sucedem. Daí o nome processo
decisorial para descrever essa sequência de fases. Na realidade, o
processo decisorial pode ser descrito em quatro fases essenciais, a
saber:
1.
Definição e diagnóstico do problema. Esta fase
envolve a obtenção dos dados e fatos a respeito do problema,
suas relações com o contexto mais amplo, suas causas, definições
e seu diagnóstico.
2.
Procura de soluções alternativas mais promissoras. Esta
fase envolve a busca de cursos alternativos de ação possíveis e
que se mostrem mais promissores para a solução do problema,
satisfação da necessidade ou alcance do objeto.
3.
Análise e comparação dessas alternativas de solução. É
a fase na qual as várias alternativas de curso de ação são
analisadas, ponderadas e comparadas, no sentido de verificar os
custos (tempo, de esforços, de recursos etc) e os benefícios que
possam trazer, bem como consequências futuras e prováveis quanto
á sua adoção.
4.
Seleção e escolha da melhor alternativa como um plano de ação.
A escolha de uma alternativa de curso de ação implica no
abandono dos demais cursos alternativos. Há sempre um processo de
seleção e de escolhas dentre várias alternativas apresentadas.
A racionalidade está implícita nesta atividade de escolha.
|
RACIONALIDADE
DO PROCESSO DECISORIAL
O
tomador de decisão escolhe uma alternativa dentre várias outras.
As empresas procuram gerar um ambiente psicológico capaz de
condicionar as decisões dos indivíduos aos objetivos
organizacionais. Assim, existe uma racionalidade no comportamento
administrativo, pois o comportamento dos indivíduos nas empresas é
planejado e orientado no sentido de metas e objetivos.
A
eficiência na decisão é a obtenção de resultados máximos com os
meios e recursos limitados. Há sempre uma relatividade nas decisões,
pois toda decisão é, até certo ponto, resultado de uma acomodação:
a alternativa escolhida dificilmente permite a realização completa
ou perfeita dos objetivos visados representando apenas a melhor
solução encontrada naquelas circunstâncias. Por esses motivos, o
processo decisorial repousa em uma racionalidade limitada, onde o
tomador de decisões não tem condições de analisar todas as
alternativas possíveis e receber todas as informações necessárias.
O comportamento administrativo é basicamente satisfaciente
(satisfazer) e não otimizante, pois o tomador de decisões procura
sempre alternativas satisfatórias e não as alternativas ótimas,
dentro das possibilidades da situação envolvida, somente em casos
excepcionais preocupa-se com a descoberta e seleção de alternativas
ótimas. Assim, o
processo decisorial na empresa se caracteriza pelos seguintes
aspectos.:
1.
O tomador de decisão evita
a incerteza
e segue as regras padronizadas para tomar as decisões.
2.
O tomador de decisão procura
manter as regras estabelecidas pela empresa
e somente as redefine quando sofre pressões.
3.
Quando
o ambiente muda e
novas estatísticas afloram ao processo decisorial, a empresa se
mostra lenta no ajustamento e tenta utilizar o seu modelo decisorial,
a empresa se mostra lenta no ajustamento e tenta
utilizar o seu modelo decisório atual a respeito do mundo para lidar
com as condições modificadas.
DECISÕES
PROGRAMÁVEIS NÃO-PROGRAMÁVEIS
Quando
à sua forma, existem
dois tipos de decisão: as decisões programáveis e as
não-programáveis.
As
decisões programáveis
são aquelas tomadas de acordo com regras e procedimentos já
estabelecidos, enquanto as
decisões não-programáveis
constituem novidades e tendem a ser tomadas dentro de julgamentos
improvisados e exigindo esforços para definir e diagnosticar o
problema ou situação pela obtenção dos fatos e dos dados, procura
de soluções alternativas, análise e comparação dessas
alternativas e seleção e escolha da melhor alternativa como plano
de ação.
CARACTERÍSTICA
DAS DECISÕES PROGRAMADAS E NÃO-PROGRAMADAS
Decisões
Programadas
|
Decisões
Não-programadas
|
São
computacionais e rotineiras
|
Baseadas
em julgamentos
|
Dados
adequados
|
Dados
inadequados
|
Dados
repetitivos
|
Dados
novos
|
Condições
estáticas
|
Condições
dinâmicas
|
Certeza
|
Incerteza
|
Baseadas
em regras e métodos já estabelecidos
|
Baseadas
em julgamento pessoal
|
Geralmente
as decisões não-programadas são tomadas no nível intermediário
das empresas, enquanto as decisões programadas são remetidas no
nível operacional.
CONDIÇÕES
DE DECISÃO.
As
decisões podem ser tomadas dentro de três condições, a saber:
1.
Incerteza: nas condições de
decisão sob incerteza, o tomador de decisão tem pouco ou nenhum
conhecimento ou informação para utilizar como base para atribuir
probabilidade a cada estado da natureza ou a cada evento futuro.
Em casos extremos de incerteza não é possível estimar o grau de
probabilidade de que o evento venha ocorrer. É a situação
típica com que se defronta o nível institucional das empresas,
exigindo um planejamento contingencial que permita alternativas
variadas e flexíveis.
2.
Risco: nas situações de
decisão sob risco, o tomador de decisão tem informação
suficiente para predizer os diferentes estados da natureza. Porém,
a qualidade dessa informação e sua interpretação pelos
diversos administradores podem variar amplamente e cada
administrador pode atribuir diferentes probabilidades conforme sua
crença ou intuição, experiência anterior, opinião etc.
3.
Certeza: nas situações sob
certeza, o administrador tem completo conhecimento das
conseqüências ou dos resultados das várias alternativas de
cursos de ação para resolver o problema. É a decisão mais
fácil de se tomar, pois cada alternativa pode ser associada com
os resultados que pode produzir. Mesmo que o administrador não
tenha condições de investigar todas as alternativas disponíveis,
ele pode escolher a melhor dentre as alternativas consideradas.
Esta é uma situação excepcional e não a regra.
O
planejamento consiste na tomada antecipada de decisões sobre o
que fazer antes que a ação seja necessária e, por isso,
constitui um sistema aberto e dinâmico de decisões. No fundo, as
empresas constituem sistemas programados de decisão em seus
níveis intermediários.(FONTE:
TOMADA
DE DECISÃO. Disponível em:
<http://www2.unifap.br/mariomendonca/files/2011/05/PROCESSO-DECISORIO.pdf>.
Acesso em 19 ago 2019.)
|
TOMADA
DE DECISÃO PELA POLÍCIA
As
organizações empresariais modernas se caracterizam pela tomada de
decisões baseada em regras e precedentes, o que possibilita o
estabelecimento de rotinas e padrões.
Na
organização policial, ao contrário, na maioria das vezes a polícia
é direcionada pelos eventos esporádicos com aparência, duração,
extensão e potencial muitas vezes incertos. Por exemplo, é possível
predizer que cem roubos vão acontecer em uma determinada cidade,
durante um ano, mas são fatores imprevisíveis saber as datas, os
criminosos, as perdas de bens, os
ferimentos
nas vítimas e as respostas políticas. Não existe na polícia uma
teoria geral que lhe possibilita prever acontecimentos que
justifiquem e racionalizem totalmente suas práticas.
Assim,
tradicionalmente, a polícia se caracteriza pela tomada de decisões
baseada numa racionalidade situacional, que leva em conta as datas e
os lugares específicos dos eventos, em vez de uma série de regras e
regulamentos firmes. (MANNING, 2003, p. 383).
Na
organização policial o processo de tomada de
decisão apresenta algumas peculiaridades:
1.
A decisão dos policiais tem por base um processo de triagem de
pessoas e eventos para um processamento posterior, permitindo que
a polícia administre a justiça e preserve os recursos
organizacionais;
2.
as decisões da polícia envolvem os casos e as decisões
orientadas politicamente (estabelecimento de precedentes);
3.
A
visibilidade da tomada de decisões pela polícia varia. Muitas
das decisões são virtualmente invisíveis ou de baixa
visibilidade;
4.
a tomada de decisões pela polícia está marcada por grande
complexidade e heterogeneidade (o objeto da conduta para controle
da polícia varia enormemente, desde o mau comportamento trivial
até as grandes violações da lei criminal. Os julgamentos do
policiamento são influenciados pela percepção de trivialidade
ou gravidade de um ato ou evento).
4.
a escolha de agir é seguida pela pergunta “Como agir?” A
polícia pode prender, escolher não fazer nada ou dar conselho,
advertir, ameaçar ou formalizar uma advertência. Pode mandar as
pessoas para outros órgãos ou, em brigas domésticas, proceder a
mediação de conflitos.
Devido
às peculiaridades acima mencionadas, é importante admitir que
para um melhor processo de tomada de decisão na organização
policial deve-se considerar um modelo que possibilite o
alinhamento da Gestão do Conhecimento e a Gestão da Tecnologia
da Informação (TI), em prol da Análise Criminal, no sentido de
um melhor controle do fenômeno do crime e da violência.
|
A
INTELIGÊNCIA
POLICIAL
e a ANÁLISE
CRIMINAL,
consideradas como instrumentos de produção de conhecimento, terão
como princípio básico a coleta e o processamento de dados,
disseminando o conhecimento produzido sob a denominação de
informação.
A)
INTELIGÊNCIA
POLICIAL:
é
a informação sistematizada, classificada e analisada, que foi
codificada em categorias relevantes para a polícia. O processo de
inteligência descreve o tratamento dado a uma informação para que
ela passe a ser útil para a atividade policial.
O
processo de atividade de inteligência envolve o julgamento bem
informado, um estado de coisas, ou um fato singular.
Segundo
Manning
(2003) a estratégia operacional não só disponibiliza, no
tempo e no espaço, policiais e outros recursos, mas também inclui a
avaliação do número de policiais designados para uma certa posição
e, ainda, a distribuição das posições.
As
estratégias operacionais podem ser classificadas em:
REATIVA:
responder a eventos em seguida ao recebimento passivo de pedidos
por serviço.
Instituições
ou empresas são reativas porque
suas estratégias são reativas. Pense no modelo
clássico de planejamento estratégico34:
uma análise acurada do ambiente e a construção dos objetivos
e estratégias aptos a responder à realidade
diagnosticada. O mercado é o ponto de partida e o guia de todas
as ações posteriores.
PROATIVA:
quando o policial cria as condições combate
ao de
crime, antevendo-o.
Proatividade é
o comportamento de antecipação e responsabilidade sobre
determinada ação, escolha ou resolução de um desafio.
As
principais características de uma pessoa com proatividade são:
PREVENTIVA:
ações provenientes da polícia para alterar, prevenir ou
intervir antecipadamente nas situações.
Tradicionalmente,
a ação da polícia é principalmente reativa. Estas três
estratégias se interagem e não
são mutuamente excludentes.
|
Por
outro lado, essas estratégias operacionais estão diretamente
relacionadas com as funções de inteligência da polícia.
A
Inteligência Policial adquire três formas:
INTELIGÊNCIA
PROSPECTIVA:
é a informação coletada antes de um crime ou problema, com base
na identificação de alvos selecionados e com o desenvolvimento
de alguma “teoria” de base social, ou pela compreensão da
natureza, da aparência e da frequência do fenômeno a ser
controlado.
INTELIGÊNCIA
RETROSPECTIVA:
é a informação que resulta do curso normal do trabalho
policial; por exemplo, dos arquivos de prisões, das violações
de trânsito e dos mandados de prisão pendentes.
INTELIGÊNCIA
APLICADA:
Busca associar nomes de suspeitos já anteriormente conhecidos com
atos conhecidos, ou é usada para conectá-los.
|
O
uso da inteligência aplicada pode exigir dados processados
analiticamente, tais como material forense e trabalho de inteligência
ligando suspeito a hora, lugar, oportunidade, motivo e outros.
Qualquer
forma de tecnologia da informação vai interagir com as funções de
estratégia e inteligência. Por exemplo:
•
Nas estratégias
preventivas em que são usadas as inteligências prospectiva
e retrospectiva:
As
tecnologias são importantes para o armazenamento de dados, sua
recuperação e uso potencial.
•
Nas estratégias
proativas em
que são usadas as inteligências prospectiva e
retrospectiva:
É
necessário o estabelecimento de alvos. A análise de redes e a
tecnologia dos computadores são essenciais para grandes projetos
que envolvam, por exemplo, o mapeamento dos membros de um grupo de
traficantes de drogas.
Poderão
ser feitas também o uso da informação de modo preventivo ou de
análise, com a ajuda de programas de computador específicos.
•
Nas estratégias
reativas, com
uso de inteligência aplicada e retrospectiva:
O
uso estratégico mais importante das tecnologias de informação
está associado a essa estratégia. Essas estratégias usam
inteligência aplicada e retrospectiva, obtida através de
informações, confissões, admissão de crimes conhecidos
anteriormente, ou entrevistas de suspeitos feitas por detetives.
|
Assim
que um crime possível tenha sido identificado e a polícia tenha
informações sobre seu conteúdo, pessoal, localização e
consequências, são usadas tanto a inteligência prospectiva como a
retrospectiva. Por exemplo, a inteligência aplicada é claramente
ampliada pela comparação automatizada computadorizada das
impressões digitais.
Na
medida em que o propósito da tecnologia de informação é organizar
e sistematizar dados acumulados e armazenados existentes, e facilitar
sua recuperação, criando formatos com os quais se possa trabalhar,
tal tecnologia combina bem com o policiamento reativo.
Dados
sobre veículos roubados, placa de carros, cartas de motoristas,
mandados pendentes e fichas criminais estão entre os tipos
sistematizados e rapidamente disponíveis. Para situações onde um
policial intervém e fica indeciso sobre a situação do suspeito,
sem saber se o detém ou prende, os sistemas computadorizados podem
ajudar na decisão a ser tomada.
Eles
vão fornecer as informações necessárias que permitem à polícia
deter, e talvez acusar, uma pessoa que, de outra forma, poderia não
ser questionada nem presa e acusada por um crime ou infração.
B)
Segundo Steven Gottlieb (1994) a ANÁLISE CRIMINAL é:
“Um
conjunto de processos sistemáticos (...) direcionados para o
provimento de
informação oportuna e pertinente sobre os padrões 2 do crime e
suas correlações de tendências 3, de modo a apoiar as áreas
operacional e administrativa no planejamento e 2 A expressão Padrão
corresponde a uma característica da ocorrência de um determinado
delito, segundo a qual pelo menos uma mesma variável daquela
ocorrência se repete em outra, ou outras ocorrências ao longo do
tempo (antes e/ou depois). Exemplo de variável repetida: o dia da
semana, hora, local, tipo de vítima, descrição do autor, modus
operandi , etc... (DANTAS;
SOUZA
,2007). A expressão Tendência, indica uma propensão quantitativa
geral (aumento, estabilização ou diminuição) de um fenômeno da
segurança pública, por exemplo: as ocorrências de um delito
específico. Tal distribuição de recursos para prevenção e
supressão de atividades criminais, auxiliando o processo
investigativo e aumentando o número de prisões e esclarecimentos de
casos. Em tal contexto, a análise criminal tem várias funções
setoriais na organização policial, incluindo a distribuição do
patrulhamento, operações especiais e de unidades táticas,
investigações, planejamento e pesquisa, prevenção criminal e
serviços administrativos (como orçamento e planejamento de
programas).”
A
ANÁLISE CRIMINAL
compreende, essencialmente, o ato de separar e examinar as diversas
partes do registro de um atendimento ou ocorrência policial, a fim
de conhecer sua natureza, proporções, funções e relações com
variáveis homólogas de outras ocorrências. A análise pode
subsidiar uma pronta resposta tática, favorecendo prisões e
esclarecimento de casos. Diferentemente, pode estar voltada para
questões estratégicas, caso de potenciais problemas de segurança
pública de médio e longo prazos.
TIPOS
DE ANÁLISE CRIMINAL:
ANÁLISE
CRIMINAL TÁTICA:
Identificam um padrão resultante das ações de um determinado
delinquente que comete uma série de crimes, do mesmo tipo penal,
em uma mesma localidade, e em um pequeno espaço de tempo. Provê
informação de apoio às áreas de pessoal (patrulhamento e
investigação) na identificação de problemas criminais
específicos e imediatos e na prisão de delinquentes. Os dados da
análise criminal tática são utilizados para promover uma pronta
resposta para situações operacionais.
ANÁLISE
CRIMINAL ESTRATÉGICA:
está voltado para a determinação de um padrão geral de
delinquência (por exemplo: arrombamentos) e que produz uma série
de vítimas tipicamente pertencentes a um mesmo grupo de risco (a
exemplo, os comerciantes de uma determinada cidade). Está, pois,
voltada para “projeções de cenários”, formulados a partir
de variações dos indicadores de criminalidade. Ela inclui ainda
a realização de estudos e respectiva elaboração de planos para
a identificação e aquisição de recursos futuramente
necessários. Um dos resultados típicos da análise criminal
estratégica é a formulação de programas preventivos.
ANÁLISE
CRIMINAL ADMINISTRATIVA:
provê os gestores de informações gerais de natureza econômica,
social, geográfica, ou de outra área qualquer do conhecimento
com interface com a segurança pública. Está focada nas
atividades genéricas de produção de conhecimento. Tem como
propósito instrumentar a gestão policial, o poder executivo
local, conselhos comunitários e grupos da sociedade organizada.
|
As
bases de dados constituem a matéria prima da Análise Criminal. As
análises podem apresentar alto valor tático ou estratégico se
direcionadas para os registros de categorias pontuais de dados sobre
os crimes (dados de materialidade, autoria e modus operandi) ou de
informações genéricas (números de delitos, índice ocorridos e
respectivas taxas de propensão deve ser verificada ao longo de uma
área geográfica e série histórica, extensas o suficientemente
para que a tendência possa ficar confiavelmente confirmada. (DANTAS;
SOUZA, 2007) resolução). É de
extrema importância a existência de uma base de dados nacional que
funcione como suporte mais abrangente e possibilite resultados mais
confiáveis e inclusivos.
A
Análise Criminal pode envolver o processamento de milhares de
variáveis com o objetivo de estabelecer as relações entre os dados
constantes de uma base. Para tanto, é preciso o auxílio de
ferramentas da Tecnologia da Informação
(TI) indispensáveis para o processamento de grandes
quantidades de dados. Várias ferramentas da TI, destacando-se os
Sistemas de Informação Geográfica (SIG)
estão disponíveis para a Análise Criminal:
Crime
Watch, Crime Analysus Extension, Crime Info, Crime Analyst, Crime
Mapper, Crime Solv, Crime Stat 2.0, Crime View, Map ALI Desktop,
GeoGenie, Rige, S-Plus, Space Stat, Spatial Analyst, STAC, Vertical
Mapper, Terrain Tools, VMS 200 Video Mapping System, etc…
FINALIDADE
DA ANÁLISE CRIMINAL:
1.
Produção
de conhecimento relativo à identificação de parâmetros
temporais e geográficos do crime, bem como detectar a atividade e
identidade da delinquência correspondente.
2.
Identificar e prover de conhecimento sobre a relação entre dados
de ocorrências criminais e outros dados relevantes para os órgãos
do Sistema de Justiça Criminal;
3.
Subsidiar ações dos operadores do sistema de justiça criminal
(policiais – análise criminal tática) bem como dos
formuladores de políticas de controle (gestores – análise
criminal estratégica) “Com a utilização dos produtos de
análise, inquestionavelmente, é possível lidar mais
efetivamente com incertezas e ameaças contra a Segurança
Pública.” (DANTAS; SOUZA, 2007)
4
Os
Sistemas de Informação Geográfica
(SIG)
possibilitam o posicionamento espacial de variáveis, incluindo a
espacialização das ocorrências criminais, distribuição de
recursos humanos, bens e serviços, características
sócio-econômicas, etc. A utilização de ferramentas de SIG
vem apoiando de forma inovadora a gestão da segurança Pública
na formulação de novas políticas, programas e planos no que
concerne a prevenção e repressão da criminalidade, através da
visualização imediata de tendências, padrões e outras
regularidades do fenômeno. Um exemplo disso é a identificação
de PONTOS
QUENTES,
locais de alta densidade da criminalidade. (Cfme. DANTAS; SOUZA,
2007.
|
Disponível
em:
<http://marioleitedebarrosfilho.blogspot.com/2012/07/tomada-de-decisao-pela-policia.html
>.
Acesso em 31 ago 2019.
1Com
a expressão mencionada o autor referencia um caso em que,
hipoteticamente, todos os dias crianças caíam na água e eram
levadas pela correnteza, forçando quem passava pelo local a
continuamente arriscar-se para salvá-las, parecendo óbvio e
urgente que, tão logo a repetição das ocorrências fosse
comprovada, deveria se desvendar o que estava acontecendo com as
crianças antes de elas caírem na água. (ROLIM, 2009).
2
Clarke,
Roland V., e John E. Eck. Crime
Analysis for Problem Solvers in 60 Small Steps.
Washington, D.C.: U.S. Department of Justice, Office of Community
Oriented Policing Services, 2004.
3
Bacharel
em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte –
UFRN. Especialista em Gestão da Segurança Pública pela Faculdade
Barddal. Aspirante a oficial da Polícia Militar de Santa
Catarina.igor4444@gmail.com
4
Bacharel em Direito pela
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Bacharel em Segurança
Pública pela Universidade do Vale do Itajaí. Especialista em
Ciências Penais pela Universidade Anhanguera. Capitão da Polícia
Militar de Santa Catarina. thiagoaugusto.vieira@gmail.com
5Policiamento
Orientado para a Solução de Problemas
6
André
Anjos C.P.S.I
/ C.I.G.R / M.B.R / C.I.S.I. Gestor
de Segurança no segmento varejo , Graduado e Pós-Graduado em
Segurança Privada e Ordem Públicas, Especialista em riscos
corporativos com ênfase em grandes empreendimentos, Especialista em
Administração de Segurança,
Certificado
Profesional em Seguridad Internacional-C.P.S.I, Certificado
Internacional en Gestion de Riesgos-C.I.G.R e
Master
Business In Risk-MBR
Certificado
Internacional em Segurança Integral e Prevenção de
perdas-C.I.S.I.
AGRADECIMENTOS:
Nelson Junior: Gerente
de segurança – São Paulo, Marcelo
Cabral: Gestor
de Segurança – Rio de Janeiro, Tiago
Miranda: Gestor
de Segurança – Rio de Janeiro, Djalma
Santos: Coordenador
de Segurança – Rio de Janeiro e
Ubiratan
Gomes: Coordenador
de Segurança – Rio Grande
7Disorderly
Youth in Public Places. Michael
S. Scott. 2001. ISBN: 1-932582-05-3
8Loud
Car Stereos. Michael S. Scott.
2001. ISBN: 1-932582-06-1
9
Using Crime Prevention Through Environmental Design in
Problem-Solving. Diane
Zahm. 2007. ISBN: 1-932582-81-9
10
Fonte
adaptada de KELLING, George L. e MOORE, Mark Harrinson. A evolução
da estratégia de policiamento, perspectivas em
policiamento.Cadernos
de Polícia,
n. 10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro,
1993.
DIAS
NETO, Theodomiro. Policiamento comunitário e controle sobre a
polícia: A experiência norte- americana. 2ª edição. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2003.
11Sabbath,ou
sabá, é uma palavra de origem hebraica shabbath,que
significa o descanso religioso que, conforme a legislação mosaica,
devem os judeus observar no sábado, consagrado a Deus. (FERREIRA,
2008)
12
Fonte adaptada de KELLING,
George L. e MOORE, Mark Harrinson. A evolução da estratégia de
policiamento, perspectivas em policiamento.Cadernos de Polícia, n.
10. Rio de Janeiro: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro,
1993. MOORE, Mark Harrinson e TROJANOWICZ, Robert C. Estratégias
institucionais para o policiamento.Cadernos de Polícia, n. 10. Rio
de Janeiro: Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, 1993. DIAS
NETO, Theodomiro.Policiamento comunitário e controle sobre a
polícia: A experiência norte- americana. 2ª edição. Rio de
Janeiro: Lumen Juris, 2003.
13*Professor
de pós-graduação em Educação (currículo) da PUC-SP.
14Enhancing
the Problem-Solving Capacity of Crime Analysis Units. Matthew
B. White. 2008. ISBN: 1-932582-85-1
15
Este conceito foi desenvolvido por William Spelman e John E. Eck em
1989. Ele foi edificado sobre o trabalho prévio de Marcus Felson.
16Sampson,
Rana. “Problem
Solving,” Neighborhood-Oriented Policing in Rural Communities: A
Program Planning Guide,
Washington, D.C.: U.S. Department of Justice, Office of Justice
Programs, Bureau of Justice Assistance, 1994.
17
Sampson,
Rana. “Problem
Solving,” Neighborhood-Oriented Policing in Rural Communities: A
Program Planning Guide,
Washington, D.C.: U.S. Department of Justice, Office of Justice
Programs, Bureau of Justice Assistance, 1994.
18
Farrell,
G. e K. Pease. 1993.
19Rave
Parties. Michael S. Scott.
2002. ISBN: 1-932582-13-4
20
Módulo
de formação não publicado e desenvolvido por Rana Sampson sob os
auspícios do Community Policing Consortium do the Bureau of Justice
Assistance, U.S. Department of Justice.
21
Clandestine
Methamphetamine Labs, 2.ª edição. Michael
S. Scott e Kelly Dedel. 2006. ISBN: 1-932582-15-0
22
Acquaintance Rape of
College Students. Rana
Sampson. 2002. ISBN: 1-932582-16-9
23
Burglary of
Single-Family Houses. Deborah
Lamm Weisel. 2002. ISBN: 1-932582-17-7
24Misuse
and Abuse of 911. Rana
Sampson. 2002. ISBN: 1-932582-18-5
25
Check and Card Fraud. Graeme
R. Newman. 2003. ISBN: 1-932582-27-4
26
Stalking.
The
National Center for Victims of Crime. 2004. ISBN: 1-932582-30-4
27
Gun
Violence Among Serious Young Offenders. Anthony
A. Braga. 2004. ISBN: 1-932582-31-2
28
Prescription
Fraud. Julie
Wartell e Nancy G. La Vigne. 2004. ISBN: 1-932582-33-9
29
Identity
Theft. Graeme
R. Newman. 2004. ISBN: 1-932582-35-3
30
Crimes
Against Tourists. Ronald
W. Glesnor e Kenneth J. Peak. 2004. ISBN: 1-932582-36-3
31
Underage Drinking. Kelly Dedel
Johnson. 2004. ISBN: 1-932582-39-8
32Street
Racing. Kenneth J. Peak
e Ronald W. Glensor. 2004. ISBN: 1-932582-42-8
33Rosângela
de Pereira de Abreu Assunção é professora da Academia de Polícia
Civil de Minas Gerais
34
Planejamento
estratégico é
uma competência da administração que auxilia gestores a pensar no
longo prazo de uma organização. Alguns itens e passos cruciais
para o plano
estratégico são:
missão, visão, objetivos, metas, criação de planos de ação e
seu posterior acompanhamento.
35substantivo
de dois gêneros. 1.
pessoa encarregada pelo Estado de defender os direitos dos cidadãos,
recebendo e investigando queixas e denúncias de abuso de poder ou
de mau serviço por parte de funcionários ou instituições
públicas. 2.POR
EXTENSÃO em empresas
públicas ou privadas, indivíduo encarregado do estabelecimento de
um canal de comunicação entre consumidores, empregados e
diretores.
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