As grandes civilizações
As grandes civilizações que surgiram no período conhecido como Antiguidade foram às grandes percussoras de culturas e patrimônio que hoje conhecemos. Estas grandes civilizações surgiram de um modo geral, por causa das tribos nômades que se estabeleceram em um determinado local onde teriam condições de desenvolver a agricultura. Surgindo assim as primeiras aldeias organizadas e as primeiras cidades, dando início às grandes civilizações.
Estas grandes civilizações surgiram por volta do quarto milênio a.C. com a característica principal de terem se desenvolvido às margens de rios importantes, como o rio Tigre, o Eufrates, o Nilo, o Indo e do Huang He ou rio Amarelo.
A Mesopotâmia é considerada o berço da civilização. Esta região foi habitada por povos como os Acádios, Babilônios, Assírios e Caldeus. Entre as grandes civilizações da Antiguidade podemos citar ainda os fenícios, sumérios, os chineses, os gregos, os romanos, os egípcios, entre outros.
As grandes civilizações e suas organizações
As primeiras civilizações se formaram a
partir de quando o homem descobriu a agricultura e passou a ter uma
vida mais sedentária, por volta de 4.000 a.C. Essas primeiras
civilizações se formaram em torno ou em função de grandes rios: A
Mesopotâmia estava ligada aos Rios Tigre e Eufrates, o Egito ao Nilo, a
Índia ao Indo, a China ao Amarelo.
Foi no Oriente Médio que tiveram início
as civilizações. Tempos depois foram se desenvolvendo no Oriente outras
civilizações que, sem contar com o poder fertilizante dos grandes
rios, ganharam características diversas. As pastoris, como a dos
hebreus, ou as mercantis, como a dos fenícios. Cada um desses povos
teve, além de uma rica história interna, longas e muitas vezes
conflituosas relações com os demais.
Mesopotâmia: o berço da civilização
A estreita faixa de terra localiza-se
entre os rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio, onde atualmente é o
Iraque, foi chamada na Antiguidade, de Mesopotâmia, que significa
“entre rios” (do grego, meso = no meio; potamos =
rio). Essa região foi ocupada, entre 4.000 a.C. e 539 a.C, por uma
série de povos, que se encontraram e se misturaram, empreenderam
guerras e dominaram uns aos outros, formando o que denominamos povos mesopotâmicos. Sumérios, babilônios, hititas, assírios e caldeus são alguns desses povos.
Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história.
Os sumérios (4000 a.C. – 1900 a.C.)
Foi nos pântanos da antiga Suméria que
surgiram as primeiras cidades conhecidas na região da Mesopotâmia, como
Ur, Uruk e Nipur.
Os povos da Suméria enfrentaram muitos obstáculos naturais. Um deles era as violentas e irregulares cheias dos rios Tigre e Eufrates. Para conter a força das águas e aproveita-las, construíram diques, barragens, reservatórios e também canais de irrigação, que conduziam as águas para as regiões secas.
Atribui-se aos Sumérios o desenvolvimento de um tipo de escrita, chamada cuneiforme, que inicialmente, foi criada para registrar transações comerciais.
A escrita cuneiforme – usada também pelos sírios, hebreus e persas – era uma escrita ideográfica, na qual o objeto representado expressava uma idéia, dificultando a representação de sentimento, ações ou idéias abstratas, com o tempo, os sinais pictóricos converteram-se em um sistema de sílabas. Os registros eram feitos em uma placa de argila mole. Utilizava-se para isso um estilete, que tinha uma das pontas em forma de cunha, daí o nome de escrita cuneiforme.
Quem decifrou esta escrita foi Henry C. Rawlinson, através das inscrições da Rocha de Behistun. Na mesma época, outro tipo de escrita, a hieroglífica desenvolvia-se no Egito.
Caracteres cuneiformes gravados na Suméria, por volta de 3200 a.C.
Na sociedade suméria havia escravidão, porém o número
de escravos era pequeno. Grupos de nômades, vindos do deserto da
Síria, conhecidos como Acadianos, dominaram as cidades-estados da
Suméria por volta de 2300 a.C.
Os povos da Suméria destacaram-se também
nos trabalhos em metal, na lapidação de pedras preciosas e na
escultura. A construção característica desse povo é a zigurate,
depois copiada pelos povos que se sucederam na região. Era uma torre
em forma de pirâmide, composta de sucessivos terraços e encimada por um
pequeno templo.
Os Sumérios eram
politeístas e faziam do culto aos deuses uma das principais atividades a
desempenhar na vida. Quando interrompiam as orações deixavam
estatuetas de pedra diante dos altares para rezarem em seu nome.
Dentro dos templos havia oficinas para artesãos, cujos produtos contribuíram para a prosperidade da Suméria.
Os sumérios merecem destaque também por terem sido os primeiros a construir veículos com rodas.
As cidades sumérias eram autônomas, ou seja, cada qual possuía um governo independente. Apenas por volta de 2330 a.C., essas cidades foram unificadas.
O processo de unificação ocorreu sob comando do rei Sargão I, da cidade de Acad. Surgia assim o primeiro império da região.
O império construído pelos acades não durou muito tempo. Pouco mais de cem anos depois, foi destruído por povos inimigos.
Os babilônios (1900 a. C – 1600 a.C.)
Os babilônios estabeleceram-se ao norte
da região ocupada pelos sumérios e, aos poucos, foram conquistando
diversas cidades da região mesopotâmica. Nesse processo, destacou-se o
rei Hamurabi, que, por volta de 1750 a.C., havia conquistado toda a
Mesopotâmia, formando um império com capital na cidade de Babilônia.
Hamurabi impôs a todos os povos
dominados uma mesma administração. Ficou famosa a sua legislação,
baseada no princípio de talião (olho por olho, dente por dente, braço
por braço, etc.) O Código de Hamurabi, como ficou conhecido, é um dos
mais antigos conjuntos de leis escritas da história. Hamurabi
desenvolveu esse conjunto de leis para poder organizar e controlar a
sociedade. De acordo com o Código, todo criminoso deveria ser punido de
uma forma proporcional ao delito cometido.
Os babilônios também desenvolveram um
rico e preciso calendário, cujo objetivo principal era conhecer mais
sobre as cheias do rio Eufrates e também obter melhores condições para o
desenvolvimento da agricultura. Excelentes observadores dos astros e
com grande conhecimento de astronomia, desenvolveram um preciso
relógio de sol.
Além de Hamurabi, um outro imperador que
se tornou conhecido por sua administração foi Nabucodonosor,
responsável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia, que fez
para satisfazer sua esposa, e a Torre de Babel. Sob seu comando, os
babilônios chegaram a conquistar o povo hebreu e a cidade de
Jerusalém.
Jardins Suspensos da Babilônia
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Torre de Babel
|
Após a morte de Hamurabi, o império Babilônico foi invadido e ocupado por povos vindos do norte e do leste.
Os hititas (1600 a. C – 1200 a.C.)
Os Hititas foram um povo indo-europeu,
que no 2º milênio a.C. fundaram um poderoso império na Anatólia Central
(atual Turquia), região próxima da Mesopotâmia. A partir daí,
estenderam seus domínios até a Síria e chegaram a conquistar a
Babilônia.
Provavelmente, a localização de sua
capital, Hatusa, no centro da Ásia Menor, contribuiu para o controle
das fronteiras do Império Hitita.
Essa sociedade legou-nos os mais
antigos textos escritos em língua indo-européia. Essa língua deu origem
à maior parte dos idiomas falados na Europa. Os textos tratavam de
história, política, legislação literatura e religião e foram gravados em
sinais cuneiformes sobre tábuas de argila.
Os Hititas utilizavam o ferro e o
cavalo, o que era uma novidade na região. O cavalo deu maior velocidade
aos carros de guerra, construídos não mais com rodas cheias, como as
dos sumérios, mas rodas com raios, mais leves e de fácil manejo.
O exército era comandado por um rei,
que também tinha as funções de juiz supremo e sacerdote. Na sociedade
hitita, as rainhas dispunham de relativo poder.
No aspecto cultural podemos destacar a escrita hitita, baseada em representações pictográficas (desenhos). Além desta escrita hieroglífica, os hititas também possuíam um tipo de escrita cuneiforme.
Pictograma mostrando um guerreiro hitita.
Assim como vários povos da antiguidade,
os hititas seguiam o politeísmo (acreditavam em várias divindades). Os
deuses hititas estavam relacionados aos diversos aspectos da natureza
(vento, água, chuva, terra, etc).
Em torno de 1200 a.C., os hititas foram
dominados pelos assírios, que, contando com exércitos permanentes,
tinham grande poderio militar.
A queda deste império dá-se por volta do século 12 a.C.
A queda deste império dá-se por volta do século 12 a.C.
Os assírios (1200 a. C – 612 a.C.)
Legenda: Painel de pedra
que decorava o palácio do rei Assurbanipal, em Nínive, arqueiros
assírios colocam em fuga um contingente de árabes montados em camelos.
Os assírios habitavam a região ao norte
da babilônia e por volta de 729 a.C. já haviam conquistado toda a
Mesopotâmia. Sua capital, nos anos mais prósperos, foi Nínive, numa
região que hoje pertence ao Iraque.
Este povo destacou-se pela organização e
desenvolvimento de uma cultura militar. Encaravam a guerra como uma
das principais formas de conquistar poder e desenvolver a sociedade.
Eram extremamente cruéis com os povos inimigos que conquistavam,
impunham aos vencidos, castigos e crueldades como uma forma de manter
respeito e espalhar o medo entre os outros povos. Com estas atitudes,
tiveram que enfrentar uma série de revoltas populares nas regiões que
conquistavam.
Empreenderam a conquista da Babilônia, e
a partir daí começaram a alargar as fronteiras do seu Império até
atingirem o Egito, no norte da África. O Império Assírio conheceu seu
período de maior glória e prosperidade durante o reinado de
Assurbanipal.
Assurbanipal foi o último grande rei dos
assírios. Durante o seu reinado (668 - 627 a.C.), a Assíria se tornou a
primeira potência mundial. Seu império incluía a Babilônia, a Pérsia, a
Síria e o Egito.
Ainda no reinado de Assurbanipal, os
babilônios se libertaram (em 626 a.C.) e capturaram Ninive. Com a morte
de Assurbanipal, a decadência do Império Assírio se acentuou, e o
poderio da Assíria desmoronou. Uma década mais tarde o império caía em
mãos de babilônios e persas.
O estranho paradoxo da cultura assíria
foi o crescimento da ciência e da matemática. Este fato pode em parte
explicado pela obsessão assíria com a guerra e invasões. Entre as
grandes invenções matemáticas dos assírios está a divisão do círculo em
360 graus, tendo sido eles dentre os primeiros a inventar latitude e
longitude para navegação geográfica. Eles também desenvolveram uma
sofisticada ciência médica, que muito influenciou outras regiões, tão
distantes como a Grécia.
Os caldeus (612 a. C – 539 a.C.)
A Caldéia era uma região no sul da
Mesopotâmia, principalmente na margem oriental do rio Eufrates, mas
muitas vezes o termo é usado para se referir a toda a planície
mesopotâmica. A região da Caldéia é uma vasta planície formada por
depósitos do Eufrates e do Tigre, estendendo-se a cerca de 250
quilômetros ao longo do curso de ambos os rios, e cerca de 60
quilômetros em largura.
Os Caldeus foram uma tribo (acredita-se que tenham emigrado da Arábia) que viveu no litoral do Golfo Pérsico e se tornou parte do Império da Babilônia. Esse império ficou conhecido como Neobabilônico ou Segundo Império Babilôncio. Seu mais importante soberano foi Nabucodonosor.
Em 587 a.C., Nabucodonosor conquistou Jerusalém. Além de estender seus domínios, foram feitos muitos escravos entre os habitantes de Jesuralém. Seguiu-se então um período de prosperidade material, quando foram construídos grandes edifícios com tijolos coloridos.
Em 539 a.C., Ciro, rei dos
persas, apoderou-se de Babilônia e transformou-a em mais uma província
de seu gigantesco império.
A organização social dos mesopotâmios
Sumérios, babilônios, hititas, assírios,
caldeus. Entre os inúmeros povos que habitaram a Mesopotâmia existiam
diferenças profundas. Os assírios, por exemplo, eram guerreiros. Os
sumérios dedicavam-se mais à agricultura.
Apesar dessas diferenças, é possível
estabelecer pontos comuns entre eles. No que se refere à organização
social, à religião e à economia. Vamos agora conhecê-las:
A sociedade
As classes sociais - A sociedade estava
dividida em classes: nobres, sacerdotes versados em ciências e
respeitados, comerciantes, pequenos proprietários e escravos.
A organização social variou muito pelos séculos, mas de modo geral podemos falar:
- Dominantes: governantes, sacerdotes, militares e comerciantes.
- Dominados: camponeses, pequenos artesãos e escravos (normalmente presos de guerra).
- Dominantes detinham o poder de quatro formas básicas de manifestação desse poder: riqueza, política, militar e saber. Posição mais elevada era do rei que detinha poderes políticos, religiosos e militares. Ele não era considerado um deus, mas sim representante dos deuses.
- Os dominados consumiam diretamente o que produziam e eram obrigados a entregar excedentes para os dominantes
A religião
Os povos mesopotâmicos eram politeístas,
isto é, adoravam diversas divindades, e acreditavam que elas eram
capazes de fazer tanto o bem quanto o mal, não acreditavam em
recompensas após a morte, acreditavam em crença em gênios, demônios,
heróis, adivinhações e magia. Seus deuses eram numerosos com qualidades
e defeitos, sentimentos e paixões, imortais, despóticos e
sanguinários.
Cada divindade era uma força da
natureza como o vento, a água, a terra, o sol, etc, e do dono da sua
cidade. Marduk, deus de Babilônia, o cabeça de todos, tornou-se deus do
Império, durante o reinado de Hamurabi. Foi substituído por Assur,
durante o domínio dos assírios. Voltou ao posto com Nabucodonosor.
Acreditavam também em gênios bons que ajudavam os deuses a defender-se contra os demônios, contra as divindades perversas, contra as enfermidades, contra a morte. Os homens procuravam conhecer a vontade dos deuses manifestada em sonhos, eclipses, movimento dos astros. Essas observações feitas pelos sacerdotes deram origem à astrologia.
Acreditavam também em gênios bons que ajudavam os deuses a defender-se contra os demônios, contra as divindades perversas, contra as enfermidades, contra a morte. Os homens procuravam conhecer a vontade dos deuses manifestada em sonhos, eclipses, movimento dos astros. Essas observações feitas pelos sacerdotes deram origem à astrologia.
A vida cotidiana na mesopotâmia
Escravos e pessoas de condições mais
humildes levavam o mesmo tipo de vida. A alimentação era muito simples:
pão de cevada, um punhado de tâmaras e um pouco de cerveja leve. Isso
era a base do cardápio diário. Às vezes comiam legumes, lentilha,
feijão e pepino ou, ainda, algum peixe pescado nos rios ou canais. A
carne era um alimento raro.
Na habitação, a mesma simplicidade. Às
vezes a casa era um simples cubo de tijolos crus, revestidos de barro. O
telhado era plano e feito com troncos de palmeiras e argila
comprimida. Esse tipo de telhado tinha a desvantagem de deixar passar a
água nas chuvas mais torrenciais, mas em tempos normais era usado como
terraço.
As casas não tinham janelas e à noite
eram iluminadas por lampiões de óleo de gergelim. Os insetos eram
abundantes nas moradias.
Os ricos se alimentavam melhor e
moravam em casas mais confortáveis que os pobres. Mesmo assim, quando
as epidemias se abatiam sobre as cidades, a mortalidade era a mesma em
todas as camadas sociais.
Política e economia
A organização política da Mesopotâmia
tinha um soberano divinizado, assessorado por burocratas- sacerdotes,
que administravam a distribuição de terras, o sistema de irrigação e as
obras hidráulicas. O sistema financeiro ficava a cargo de um templo,
que funcionava como um verdadeiro banco, emprestando sementes,
distribuído um documento semelhante ao cheque bancário moderno e
cobrando juros sobre as sementes emprestadas.
Em linhas gerais pode-se dizer que a
forma de produção predominante na Mesopotâmia baseou-se na propriedade
coletiva das terras administrada pelos templos e palácios. Os
indivíduos só usufruíam da terra enquanto membros dessas comunidades.
Acredita-se que quase todos os meios de produção estavam sobre o
controle do déspota, personificações do Estado, e dos templos. O templo
era o centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com
as necessidades, alem de proprietário de boa parte das terras: é o que
se denomina cidade-templo.
Administradas por uma corporação de
sacerdotes, as terras, que teoricamente eram dos deuses, eram entregues
aos camponeses. Cada família recebia um lote de terra e devia entregar
ao templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da terra.
Já as propriedades particulares eram cultivadas por assalariados ou
arrendatários.
Entre os sumérios havia a escravidão, porém o número de escravos era relativamente pequeno.
A agricultura
A agricultura era base da economia neste
período. A economia da Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro milênio
a.C. baseava-se na agricultura de irrigação. Cultivavam trigo, cevada,
linho, gergelim (sésamo, de onde extraiam o azeite para alimentação e
iluminação), arvores frutíferas, raízes e legumes. Os instrumentos de
trabalho eram rudimentares, em geral de pedra, madeira e barro. O
bronze foi introduzido na segunda metade do terceiro milênio a.C.,
porem, a verdadeira revolução ocorreu com a sua utilização, isto já no
final do segundo milênio antes da Era Cristã. Usavam o arado semeador, a
grade e carros de roda;
A criação de animais
A criação de carneiros, burros, bois, gansos e patos era bastante desenvolvida.
O comércio
Os comerciantes eram funcionários a
serviço dos templos e do palácio. Apesar disso, podiam fazer negócios
por conta própria. A situação geográfica e a pobreza de matérias primas
favoreceram os empreendimentos mercantis. As caravanas de mercadores
iam vender seus produtos e buscar o marfim da Índia, a madeira do
Líbano, o cobre de Chipre e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de
linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes.
As transações comerciais eram feitas na
base de troca, criando um padrão de troca inicialmente representado
pela cevada e depois pelos metais que circulavam sobre as mais diversas
formas, sem jamais atingir, no entanto, a forma de moeda. A existência
de um comércio muito intenso deu origem a uma organização economia
sólida, que realizava operações como empréstimos a juros, corretagem e
sociedades em negócios. Usavam recibos, escrituras e cartas de
crédito.
O comércio foi uma figura importante na
sociedade mesopotâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil provocou
mudanças significativas, que acabaram por influenciar na desagregação
da forma de produção templário-palaciana dominante na Mesopotâmia.
As ciências a astronomia
Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis eram os conhecimentos dos sacerdotes no campo da astronomia, muito ligada e mesmo subordinada a astrologia. As torres dos templos serviam de observatórios astronômicos. Conheciam as diferenças entre os planetas e as estrelas e sabiam prever eclipses lunares e solares. Dividiram o ano em meses, os meses em semanas, as semanas em sete dias, os dias em doze horas, as horas em sessenta minutos e os minutos em sessenta segundos. Os elementos da astronomia elaborada pelos mesopotâmicos serviram de base à astronomia dos gregos, dos árabes e deram origem à astronomia dos europeus.A matemática
Entre os caldeus, alcançou grande
progresso. As necessidades do dia-a dia levaram a um certo
desenvolvimento da matemática.Os mesopotâmicos usavam um sistema
matemático sexagesimal (baseado no número 60). Eles conheciam os
resultados das |multiplicações e divisões, raízes quadradas e raiz
cúbica e equações do segundo grau. Os matemáticos indicavam os passos a
serem seguidos nessas operações, através da multiplicação dos
exemplos. Jamais divulgaram as formulas dessas operações, o que
tornaria as repetições dos exemplos desnecessárias. Também dividiram o
círculo em 360 graus, elaboraram tábuas correspondentes às tábuas dos
logaritmos atuais e inventaram medidas de comprimento, superfície e
capacidade de peso;
A medicina
Os progressos da medicina foram grandes
(catalogação das plantas medicinais, por exemplo). Assim como o direito
e a matemática, a medicina estava ligada a adivinhação. Contudo, a
medicina não era confundida com a simples magia. Os médicos da
Mesopotâmia, cuja profissão era bastante considerada, não acreditavam
que todos os males tinham origem sobrenatural, já que utilizavam
medicamentos à base de plantas e faziam tratamentos cirúrgicos.
Geralmente, o medico trabalhava junto com um exorcista, para expulsar
os demônios, e recorria aos adivinhos, para diagnosticar os males.
As letras
Escrita cuneiforme gravada numa escultura do século XXII a.C. (Museu do Louvre, Paris).
A linguagem escrita é resultado da necessidade humana de garantir a comunicação e o desenvolvimento da técnica.
A escrita
A escrita cuneiforme, grande realização
sumeriana, usada pelos sírios, hebreus e persas, surgiu ligada às
necessidades de contabilização dos templos. Era uma escrita
ideográfica, na qual o objeto representado expressava uma idéia. Os
sumérios - e, mais tarde os babilônicos e os assírios, que falavam
acadiano - fizeram uso extensivo da escrita cuneiforme. Mais tarde, os
sacerdotes e escribas começaram a utilizar uma escrita convencional,
que não tinha nenhuma relação com o objeto representado.
As convenções eram conhecidas por eles,
os encarregados da linguagem culta, e procuravam representar os sons
da fala humana, isto é, cada sinal representava um som. Surgia assim a
escrita fonética, que pelo menos no segundo milênio a.C., já era
utilizado nos registros de contabilidade, rituais mágicos e textos
religiosos. Quem decifrou a escrita cuneiforme foi Henry C. Rawlinson. A
chave dessa façanha ele obteve nas inscrições da Rocha de Behistun, na
qual estava gravada uma gigantesca mensagem de 20 metros de
comprimento por 7 de Altura.
A mensagem fora talhada na pedra pelo
rei Dario, e Rawlinson identificou três tipos diferentes de escrita
(antigo persa, elamita e acádio - também chamado de assírio ou
babilônico). O alemão Georg Friederich Grotefend e o francês Jules
Oppent também se destacaram nos estudos da escrita sumeriana.
A Literatura era pobre
Destacam-se apenas o Mito
da Criação e a Epopéia de Guilgamesh - aventura de amor e coragem desse
herói semi-deus, cujo objetivo era conhecer o segredo da imortalidade.
O Direito
O Código de Hamurabi, até pouco tempo o
primeiro código de leis que se tinha notícia, não é original. É uma
compilação de leis sumerianas mescladas com tradições semitas. Ele
apresenta uma diversidade de procedimentos jurídicos e determinação de
penas para uma vasta gama de crimes.
Contém 282 leis, abrangendo praticamente
todos os aspectos da vida babilônica, passando pelo comércio,
propriedade, herança, direitos da mulher, família, adultério, falsas
acusações e escravidão. Suas principais características são: Pena ou
Lei de Talião, isto é, "olho por olho, dente por dente" (o castigo do
criminoso deveria ser exatamente proporcional ao crime por ele
cometido), desigualdade perante a lei (as punições variavam de acordo
com a posição social da vitima e do infrator), divisão da sociedade em
classes (os homens livres, os escravos e um grupo intermediário pouco
conhecido - os mushkhinum) e igualdade de filiação na distribuição da
herança.
O Código de Hamurabi reflete a
preocupação em disciplinar a vida econômica (controle dos preços,
organização dos artesãos, etc.) e garantir o regime de propriedade
privada da terra. Os textos jurídicos mesopotâmicos invocavam os deuses
da justiça, os mesmos da adivinhação, que decretavam as leis e
presidiam os julgamentos.
Legenda: inscrição do Código de Hamurabi.
As artes
A mais desenvolvida das artes, porém não
era tão notável quanto a egípcia. Caracterizou-se pelo exibicionismo e
pelo luxo. Construíram templos e palácios, que eram considerados
cópias dos existentes nos céus, de tijolos, por ser escassa a pedra na
região. O zigurate, torre de vários andares, foi a construção
característica das cidades-estados sumerianas. Nas construções,
empregavam argila, ladrilhos e tijolos.
Escultura e a pintura
Tanto a escultura quanto a pintura eram
fundamentalmente decorativas. A escultura era pobre, representada pelo
baixo relevo. Destacava-se a estatuária assíria, gigantesca e original.
Os relevos do palácio de Assurbanipal são obras de artistas
excepcionais. A pintura mural existia em função da arquitetura.
A música e a dança
A música na Mesopotâmia, principalmente entre os babilônicos, estava ligada à religião.
Quando os fiéis estavam reunidos,
cantavam hinos em louvor dos deuses, com acompanhamento de música.
Esses hinos começavam muitas vezes, pelas expressões: " Glória, louvor
tal deus; quero cantar os louvores de tal deus", seguindo a enumeração
de suas qualidades, de socorro que dele pode esperar o fiel.
Nas cerimônias de penitência, os hinos
eram de lamentação: "aí de nós", exclamavam eles, relembrando os
sofrimentos de tal ou qual deus ou apiedando-se das desditas que
desabam sobre a cidade. Instrumentos sem dúvida de sons surdos,
acompanhavam essa recitação e no corpo desses salmos, vê-se o texto
interromper-se e as onomatopéias "ua", "ui", "ua", sucederem-se em toda
uma linha. A massa dos fiéis devia interromper a recitação e não
retomá-la senão quando todos, em coro tivessem gemido bastante.
A procissão, finalmente, muitas vezes
acompanhava as cerimônias religiosas e mesmo as cerimônias civis. Sobre
um baixo-relevo assírio do British Museum que representa a tomada da
cidade de Madaktu em Elam, a população sai da cidade e se apresenta
diante do vencedor, precedida de música, enquanto as mulheres do
cortejo batem palmas à oriental para compassar a marcha.
O canto também tinha ligações com a
magia.
Há cantos a favor ou contra um nascimento feliz, cantos
de amor, de ódio, de guerra, cantos de caça, de evocação dos mortos,
cantos para favorecer, entre os viajantes, o estado de transe.
A dança, que é o gesto, o ato
reforçado, se apóia em magia sobre leis da semelhança. Ela é mímica,
aplica-se a todas as coisas:- há danças para fazer chover, para guerra,
de caça, de amor etc.
Danças rituais têm sido representadas
em monumentos da Ásia Ocidental, Suméria. Em Thecheme-Ali, perto de
Teerã; em Tepe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian, região de Susa,
cacos arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas, dando-se as mãos,
cabelos ao vento, executando uma dança. Em cilindros-sinetes vêem-se
danças no curso dos festins sagrados (tumbas reais de Ur).
O legado dos povos mesopotâmicos
Herdamos dos povos mesopotâmicos vários elementos de nossa cultura. Vejamos alguns:
- o ano de 12 meses e a semana de 7 dias;
- a divisão do dia em 24 horas;
- a crença nos horóscopos e os doze signos do zodíaco;
- a previsão dos eclipses.
- o hábito de fazer o plantio de acordo com as fases da lua;
- a circunferência de 360 graus;
http://www.sohistoria.com.br/ef2/mesopotamia/p7.php
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