O curso de Direito tem como objetivo organizar as relações entre os indivíduos e grupos na sociedade através da aplicação das normas jurídicas. Sendo uma das carreiras mais tradicionais e consolidadas no Brasil, o curso permite diferentes áreas de atuação, como advogado particular, advogado público, juiz, promotor de justiça e delegado de polícia.
Para falar mais sobre o curso, trazemos hoje uma entrevista com Kelly Couto Silva, graduanda de Direito na Universidade Católica de Brasília.
1- Por que escolheu o curso de Direito?
Desde criança, sempre tive uma personalidade forte em questão de opinião, e por isso, sempre quis saber o que poderia ser certo ou errado. Parte de escolher o curso é tentar entender e, de certa forma, aplicar uma visão justa à sociedade.
2– Na prática, sua visão sobre o curso mudou? Conte-nos um pouco sobre sua rotina.
Creio que mudou um pouco sobre as perspectivas que tenho sobre os fatos sociais e os direitos humanos. Muitas vezes, nós víamos certas situações e pensávamos “Mas que absurdo, fulano tem que morrer”, com o tempo você ainda se indigna com as situações mas tudo chega até você com uma visão jurídica, você reconhece o direito de todos.
Conforme aprofunda o curso, várias oportunidades em diversas áreas aparecem. O problema é que em todos cursos você se interessa mais por alguma área e quer se desenvolver nela, no meu caso é Penal, o que não chega a ser muito óbvio pra quem gosta de Direito e entende.
Recentemente, fiz um curso de conciliação e mediação, algo que está sendo implantado atualmente em alguns lugares como uma tentativa de resolver conflitos mais rápido, isso chega a ser bom pois ao fazer o curso você consegue ter uma perspectiva em como lidar com conflitos e tentar resolvê-los de forma que seja melhor para ambas partes, e é humanitário também, pois desenvolve um pensamento no advogado de não pensar somente nos honorários e sim no desempenho rápido de seu trabalho e benéfico ao cliente.
O estágio em Direito, onde eu moro (Distrito Federal), é mais acessível, oferece muitas oportunidades tanto remunerável quanto voluntário. A diversidade de áreas de atuação e opinião de profissionais é algo curioso, pois há quem defenda que é melhor estagiar na Defensoria onde se aprende mais na prática, e outros dizem que, apesar de ser cansativo, escritórios de advocacias são melhores. Mas com o andamento do curso, fica cada vez mais pesado. Os maiores requisitos para estágio são disciplinas cursadas a partir do 7º semestre e a partir do 8º, quando você já começa a estudar para o exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
3– Quais os principais benefícios e dificuldades de fazer esse curso?
Os benefícios, sem dúvida, são aprender o seu direito, da sua família, e conseguir saber o limite de cada um para que possam ter uma convivência melhor evitando conflitos. Direito é algo que todos usam e ouvem no seu dia-a-dia, não é um assunto superficial, tampouco chato como alguns gostam de definir. Você pode atingir diversas áreas, apesar de muitos considerarem um mercado saturado.
Direito é uma profissão que nunca vai te deixar na mão, sempre tem um caminho novo pra você tentar. O que me frusta no curso é ver colegas de estudo, futuros colegas de profissão, demonstrarem preguiça, indecisão ou falta de amor pela carreira, muitas vezes, almejando apenas alta remuneração. Além disso, uma das maiores dificuldades é a concorrência tanto para advocacia particular quanto para concursos públicos.
4- Quais as principais características que você acredita serem necessárias para quem escolher esse curso?
Senso crítico, capacidade intelectual e disposição de aprender a ouvir diversos pensamentos e conseguir criar o seu próprio. No Direito, não há apenas uma resposta para cada caso, existem súmulas, doutrinas, jurisprudências. Por exemplo, quando eu vou estudar, eu procuro ler o material didático do professor, livros e vídeos, e muitas vezes cada um utiliza mais do que uma teoria ou referência de pensadores.
5- Gostaríamos que você dêsse dicas, conselhos ou qualquer outro tipo de informação que ajude nossos leitores a decidir seguir (ou não) a sua profissão.
Reproduzo aqui o que sempre escutei do meu pai: “Se você tem dúvida de qual profissão seguir, liste as carreiras que você acha que gosta e se daria bem e procure um profissional na área para pesquisar a rotina, vá até a faculdade e assista uma aula, procure vídeos na internet sobre alguns conteúdos e veja se você se imagina seguindo essa rotina. E o mais importante de tudo, não vá pelo dinheiro, o que vai trazer privilégios depois de formado é seu esforço e não seu diploma. Quem conseguiria ser feliz fazendo todo dia algo que não gosta?”
Agradecemos à estudante Kelly Couto Silva por ter concedido ótima entrevista.
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