Introdução ao Livro de Atos
Autor
O livro de Atos dos Apóstolos não menciona especificamente seu autor, mas mui-tos apontam para Lucas, “o médico amado” (Cl 4.14). O autor é o mesmo que escreveu o Evangelho de Lucas.
Data
Lucas conta a história da igreja antiga dentro da estrutura de detalhes geográficos, políticos e históricos que podiam encaixar-se apenas no séc. I, portanto , por causa des-ses fatos e porque o livro não registra a morte de Paulo, apesar de deixá-lo prisioneiro em Roma, pode-se datar a redação de At como próxima à prisão do apóstolo naquela cidade por volta de 62 dC.
O livro de Atos termina abruptamente com Paulo em seu segundo ano na prisão de Roma, que teve início cerca de 60 d.C. Lucas não dá informação sobre o martírio do apóstolo Paulo que morreu decapitado entre 66 e 68 d.C.
Os eruditos acreditam que Lucas teria incluído acontecimentos importantes se ti-vesse escrito depois de 64 d.C., como as perseguições empreendidas por Nero (64-68 d.C.) ou a destruição de Jerusalém (70 d.C.).
Portanto, Atos foi escrito provavelmente entre 61 e 63 d.C.
Destinatários
Atos é dirigido a uma pessoa específica, Teófilo. Embora tivesse escrito para al-guém específico, muitos acreditam que ele tenha se dirigido a todos os que amam a Deus, uma vez que "Teófilo" significa "aquele que ama a Deus". De qualquer modo, Lucas escreveu Atos para que pudesse ser lido por muitos. Esses leitores tinham famili-aridade com o império romano e com a Ásia Menor, mas talvez não com a Palestina, o que explicaria a informação cuidadosamente detalhada de Lucas sobre determinados lugares.
Justamente devido à tradução do nome Teófilo, alguns pensam que esta carta era aberta e não a um indivíduo que se chamava assim.Este livro é importante por mostrar um dos acontecimentos importantes da história do Cristianismo o Concílio de Jerusalém.
Conteúdo
Atos é uma sequência da vida de Cristo nos Evangelhos, registrando a dissemina-ção da cristandade de Jerusalém a Roma. É a iniciação da Grande Comissão de Jesus pra formar discípulos de todas as nações (Mt 28.18-20; Lc 24.46-49). At. 1.8 é a chave do livro. Esse versículo prediz o derramamento do ES e seu poderoso testemunho., Em geral, At relaciona a expansão da cristandade passo a passo para o oeste, desde a Pales-tina até a Itália. O livro portanto, começa em Jerusalém (caps 1-7) Como Pedro assu-mindo o papel principal e os judeus como receptores do evangelho.
Depois da morte de Estevão (7.60-8.1), a perseguição espalhou-se conta a igreja, e os crentes se dispersaram (Caps. 8-12). Durante esse período da história, ocorreu a con-versão de Saulo (cap 9), um acontecimento de tamanha importância que Lucas inclui três longas descrições sobre o incidente (caps 9; 22; 26)
A maior seção de Atos enfoca o desenvolvimento e expansão do ministério gentio comandado por Paulo e seus colaboradores (13.28). O livro termina abruptamente, pois tudo indicava que Lucas tinha atualizado o assunto, e não havia mais o que escrever.
Principais acontecimentos
O Livro de Atos inicia-se com a ascensão de Jesus Cristo, o qual determinou aos seus discípulos que permanecessem em Jerusalém até que fossem revestidos com por uma unção celestial que é descrita nos fatos ocorridos durante o dia de Pentecostes.A escolha do discípulo Matias que foi precedida do suicídio do traidor Judas, nos versícu-los de 1:16 -20 Pedro fala sobre o campo(Aceldama) que ele adquiriu com as 30 moedas de prata.
Os capítulos seguintes relatam os primeiros momentos da igreja primitiva na Pa-lestina sob a liderança de Pedro, as primeiras conversões de judeus e depois dos gentios, o violento martírio de Estêvão por apedrejamento, a conversão do perseguidor Saulo de Tarso (Paulo) que se torna a partir de então um apóstolo, mencionando depois as missões deste pelas regiões orientais do mundo romano, mais precisamente pela Ásia Menor, Grécia e Macedônia, culminando com a sua prisão e julgamento quando retorna para Jerusalém e, finalmente, fala sobre sua viagem para Roma.
Pode-se dizer que do começo até o verso 25 do capítulo 12, o Livro de Atos dá um enfoque maior ao ministério de Pedro, em que, depois da ressurreição de Jesus Cristo e do Pentecostes, o apóstolo pregou corajosamente e realizou muitos milagres, relatando, em síntese, o estabelecimento e a expansão da Igreja pelas regiões da Judéia e de Sama-ria, seguindo para alguns países da Ásia Menor.
Já a outra metade da obra centraliza-se mais no ministério de Paulo (do capítulo 13 ao final) e poderia ser subdividido em seis partes: 1. A primeira viagem missionária liderada por Paulo e Barnabé; 2. O Concílio de Jerusalém; 3. A terceira viagem missio-nária de Paulo em que o Evangelho é levado à Europa; 4. A terceira viagem missionária; 5. O julgamento de Paulo; 6. A viagem de Paulo a Roma.
Importante destacar que no livro de Atos é narrada a rejeição contínua do Evange-lho pela maioria dos judeus, o que levou à proclamação das Boas Novas aos povos gen-tios, principalmente por Paulo.
Estabelecimento da Igreja
Narra o livro de Atos que, antes de subir aos céus, Jesus determinou aos seus dis-cípulos que permanecessem em Jesusalém até que recebessem o poder do alto através do Espírito Santo e que a partir de então eles se tornariam suas testemunhas até os confins da terra.
Enquanto aguardavam o cumprimento da promessa, foi escolhido o nome de Ma-tias em substituição a Judas Iscariotes que tinha se suicidado.
Com a descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes, ocorre uma experiência sobrenatural em que os judeus de outras nacionalidades que estavam presentes na festa ouviram os discípulos falando em seus próprios idiomas, o que chamou a atenção de uma multidão de pessoas para o local onde estavam reunidos.
Corajosamente, Pedro inicia um discurso explicando o motivo do acontecimento em que três mil pessoas são convertidas para o cristianismo que foram batizados, pas-sando a congregar levando uma vida de comunitária de muita oração onde se presencia-vam prodígios e milagres feitos pelos apóstolos.
De acordo com os versos 42 a 44 do capítulo 2, os cristãos primitivos tinham todos os seus bens em comum, o que parece ter se mantido por anos na igreja de Jerusalém. Já os versos 32 a 37 do capítulo 4 informam que "ninguém considerava exclusivamente sua nenhuma das coisas que possuía" e que os que eram donos de propriedades vendiam suas terras ou casas e depositavam o valor da venda perante os apóstolos para que houvesse distribuição entre os que tinham necessidades materiais.
Um milagre importante, a cura de um homem coxo de nascença que pedia esmola na porta do Templo, é relatado logo no capítulo 3 do livro, o que provoca a prisão de Pedro e do Apóstolo João que são trazidos perante o Sinédrio. Repreendidos pelas auto-ridades judaicas para que não pregassem mais no nome de Jesus, os dois apóstolos, os quais responderam que estavam praticando a vontade de Deus e não dos homens.
Novas prisões dos apóstolos ocorrem no livro de Atos, pois o crescimento da Igre-ja incomodava o sumo sacerdote e a seita dos saduceus, conforme é narrado nos versos de 17 a 42 do capítulo 5 da obra. Porém, com o parecer dado pelo rabino Gamaliel, o Sinédrio resolve libertar Pedro e os demais, depois de castigá-los com açoites.
Com o crescimento do número de discípulos, é instituído o cargo de diácono para ajudar nas atividades da Igreja, entre os quais estavam Estevão e Filipe, o Evangelista que muito se destacaram em seus ministérios. Porém, Estevão é preso, conduzido ao Sinédrio e condenado à morte.
As primeiras perseguições e a expansão da fé cristã
Após o apedrejamento de Estevão, Saulo de Tarso empreende uma grande perse-guição à Igreja em Jerusalém, o que dispersou vários discípulos pelas regiões da Judéia e Samaria, chegando também o Evangelho à Fenícia, Chipre e Antioquia.
Algumas obras de Filipe, o Evangelista, são narradas em Atos, entre as quais a sua passagem por Samaria e a conversão de um eunuco etíope na rota comercial de Gaza.
Saulo de Tarso ao tentar empreender novas perseguições, converte-se quando via-java para Damasco e tem uma visão de Jesus, ficando cego por três dias, até ser curado quando encontra-se com Ananias.
Depois destes acontecimentos, a Igreja passa por um período de paz. Dois milagres de destaque narrados nesse momento da obra de Lucas são a cura do paralítico Enéias, em Lida, e a ressurreição de Dorcas, na cidade de Jope.
Vimos em Dorcas um exemplo de alguém que se doou para que a Igreja nascente tivesse razão social de ser, além de razão espiritual convincente. Se a Igreja manifestava Jesus Cristo como aquele único capaz de conduzir o homem a Deus pelo seu grande amor e doação pelos seres humanos, Deus usava seres humanos como Dorcas para ma-nifestar o seu grande amor aos demais seres humanos numa dimensão horizontal. Foi assim que, morrendo Dorcas, a Tabita querida, Deus pode e quis ressuscitá-la pelo seu grande poder e amor diante do clamor dos que foram por ela favorecidos - toda a comu-nidade jopeana.
O Evangelho chega aos gentios
Narra o capítulo 10 de Atos que Simão Pedro, encontrando-se em Jope, recebe uma visão em que Deus lhe ordena alimentar-se de vários animais considerados imundos ou impróprios para o consumo, conforme a lei mosaica. Com isso, Pedro é orientado a pregar o Evangelho na casa de um centurião romano de Cesaréia chamado Cornélio, o qual se converte juntamente com todos os que ouviram o discurso do apóstolo, sendo depois batizados.
Por este motivo, Pedro é questionado pelos outros apóstolos e cristãos da Judéia que se convencem.
O rei Herodes Agripa I prende a Tiago, irmão de João, chegando a matá-lo. De-pois prende a Pedro, mas este é milagrosamente liberto pela ajuda de um anjo. E também é através de um anjo que Herodes é morto comido por vermes.
[1]MAPA: as viagens Missionárias de Paulo
A primeira viagem missionária de Paulo
Depois de ter sido um feroz perseguidor da Igreja, Paulo passa a congregar na i-greja de Antioquia, na Síria, e inicia suas viagens missionáris pelo mundo romano, das quais três são relatadas no livro de Atos.
Entre os anos de 48 a 50 da era comum, em sua primeira expedição evangelizado-ra, na companhia de Barnabé, Paulo parte de Antioquia e vai para a ilha de Chipre. Lá pregam na cidade de Salamina, desafiando o poder de um feiticeiro que enganava a po-pulação. Ao sair de Pafos, São Marcos deixa o grupo e retorna para Jerusalém. Paulo e Barnabé prosseguem navegando para Perge na província romana da Panfília e, por terra, vão à Antioquia da Pisídia, na Pisídia, prosseguindo depois para Icônio, Listra e Derbe, cidades da Galácia, pregando tanto em sinagogas aos judeus e aos gentios.
Devido à cura de um paralítico de nascença, Paulo e Barnabé são aclamados como encarnações de deuses greco-romanos pelos cidadãos superticiosos de Listra e precisa-ram impedir as multidões de lhes oferecer sacrifícios. Depois disto, foi apedrejado, mas sobreviveu.
Ao pregarem em Derbe e fazer discípulos retornam para Antioquia, promovendo nas novas igrejas as eleições dos seus presbíteros, deixando-lhes recomendações.
Concílio de Jerusalém
A notícia de conversão dos gentios gerou impactos dentro da Igreja, visto que al-guns judeus da seita dos fariseus impunham a circuncisão aos novos cristãos.
Tendo a Igreja se reunido em Jerusalém, com a presença dos apóstolos, ficou de-cidido que os gentios convertidos não deveriam ser incomodados com a observância de detalhes da lei mosaica, mas apenas que se abstivessem da idolatria, das relações se-xuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue.
Provavelmente o Concílio de Jerusalém foi convocado pelos três apóstolos Pe-dro, Tiago e João: “Surgindo daí uma agitação e tornando-se veemente a discussão de Paulo e Barnabé com eles, decidiu-se que Paulo e Barnabé e alguns outros dos seus subiriam a Jerusalém, aos apóstolos e anciãos, para tratar da questão” (At 15, 2).
Devido a grande discussão, por causa da obrigatoriedade de submeter os novos cristãos as praticas da lei mosaica, como a circuncisão, se deveria comparecer em Je-rusalém a presença dos apóstolos.
O texto não diz quais são esses apóstolos, porém devem ser a três colunas da Igre-ja em Jerusalém: “Pelo contrário, vendo que a mim fora confiado o evangelho dos in-circuncisos como a Pedro o dos circuncisos – pois Aquele que operava em Pedro para a missão dos circuncisos operou também em mim em favor dos gentios – e conhecendo a graça em mim concedida, Tiago, Cefas (aramaico rocha) e João, os notáveis tidos como colunas, estenderam-nos a mão, a mim e a Barnabé, em sinal de comunhão” (Gl 2, 7:9).
Quanto a "presidência do Concílio", com a saída do apóstolo Pedro de Jerusalém, São Tiago ocupou o primeiro lugar da igreja de Jerusalém, tornando-se Bispo de Jerusa-lém. Por isso pode-se colocá-lo na presidência desse Concílio.
•
Desenvolvimentos do Concílio
Entre eles estabeleceu-se uma dúvida e uma polêmica: saber se os gentios, ao se converterem ao cristianismo, teriam que adotar algumas das práticas antigas da Lei Mo-saica para poderem ser salvos, inclusive o fazer-se circuncidar:
“Entretanto, haviam descido alguns da Judéia e começaram a ensinar aos irmãos: Se não vos circundardes segundo a norma de Moisés, não podereis salvar-vos.” (At 15, 1)
São Paulo ao levar o cristianismo a outros povos não exigia a circuncisão desses novos cristãos. Diante disso os presbíteros de Jerusalém se reuniram em torno de Tiago para fazer valer a "obrigatoriedade da circuncisão".
Interessante observar, que no episódio do Concílio de Jerusalém, mostra a unidade da Igreja: a igreja de Antioquia, de Corinto, de Éfeso não são independentes, por mais que as igrejas cristãs estejam separadas geograficamente são uma só Igreja.
São Paulo ao ser convocado a comparecer a Jerusalém não respondeu que nas i-grejas fundadas por ele: “Aqui se faz de outro modo e pronto!”, mas a questão foi re-solvida num Concílio.
“Reuniram-se, pois, os apóstolos e os anciãos para examinarem o problema” (At 15, 6), outro ponto importante de se observar é a reunião de uma Igreja hierárquica.
Tendo-se os ânimos esquentados, “Tornando-se acesa a discussão, levantou-se Pedro e disse: Irmãos, vós sabeis que, desde os primeiros dias, aprouve a Deus, entre vós, que por minha boca ouvissem os gentios a palavra da Boa Nova e abraçassem a fé.” (At 15, 7).
Pedro evoca sua autoridade sobre os não-judeus, sendo que na carta aos Gálatas São Paulo diz que a Pedro cabia dirigir os judeus, enquanto a ele, Paulo, os não-judeus. Com Paulo estando presente, Pedro afirma que seu primado também se estende aos não-judeus, mesmo tendo se decidido que São Paulo os evangelizasse; depois do discurso de Pedro todos se silenciaram.
“Agora, pois, porque tentais a Deus, impondo ao pescoço dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem mesmo nós pudemos suportar? Ao contrário, é pela graça do Senhor Jesus que nós cremos ser salvos, da mesma forma que eles. Então, toda a as-sembléia silenciou.” (At 15, 7:12).
Logo em seguida Paulo e Barnabé relataram as maravilhas e prodígios que Deus realizou entre os gentios por meio deles.
Por fim Tiago concordou com Pedro e concluiu dizendo: “Eis porque, pessoal-mente, julgo que não se devam molestar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus. Mas se lhes escreva que se abstenham do que está contaminado pelos ídolos, das uniões ilegítimas, das carnes sufocadas e do sangue. Com efeito, desde antigas gerações tem Moisés em cada cidade seus pregadores, que o lêem nas sinagogas todos os sábados”. (At 15, 19:21)
A Carta Apostólica, que será seguida por toda a Igreja, é redigida segundo o pare-cer de Pedro, que Paulo e Tiago também concordaram. A Carta seguirá basicamete o discurso de Tiago, mostrando como estava a frente da igreja em Jerusalém.
A Carta Apostólica
A Carta diz que:
“Os apóstolos e os anciãos, vossos irmãos, aos irmãos dentre os gentios que moram em Antioquia, na Síria e na Cilícia, saudações! Tendo sabido que alguns dos nossos, sem mandato de nossa parte, saindo até vós, perturbaram-vos, transtornando vossas almas com suas palavras, pareceu-nos bem, chegados a pleno acordo, escolher alguns representantes e enviá-los a vós junto com nossos diletos Barnabé e Paulo, homens que expuseram suas vidas pelo nome de nosso Senhor, Jesus Cristo. Nós vos enviamos, pois, Judas e Silas, eles também transmitindo, de viva voz, esta mesma mensagem. De fato, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhum outro peso além destas coisas necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas, e das uniões ilegítimas. Fareis bem preservando-vos destas coisas. Passai bem.” (At 15, 23:29)
Conclusão
Este primeiro concílio ecumênico foi de importância fundamental porque teve como principal decisão libertar a Igreja nascente das regras antigas da Sinagoga, marcou definitivamente o desligamento do cristianismo do judaísmo e confirmou para sempre o ingresso dos gentios (não-judeus) na cristandade.
Bibliografia
• Bíblia de Jerusalém
• Bíblia Sagrada (anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra) Braga: Edições Theologica, 1990, vol. II.
• WHOL, Louis de - Fundada sobre a Rocha. Lisboa: Rei dos Livros, 1993.
• ORLANDIS, José. História breve do Cristianismo. Tradução de Osvaldo Aguiar - Lisboa: Rei dos Livros, 1993. ISBN 972-51-0046-8
[2]MAPA: 1ª e 2ª Viagem Missionária de Paulo
A segunda viagem missionária de Paulo
A segunda viagem missionária de Paulo ocorre entre os anos de 51 a 53 da era comum, em que depois de percorrer por terra algumas regiões da Ásia Menor, Paulo recebe um aviso em uma visão sobrenatural em Trôade para atravessar para a Europa e pregar nas cidades da Macedônia e da Acaia.
Nesta segunda expedição, Paulo é acompanhado por Silas e anuncia o Evangelho também em Neápolis, Filipos, Anfípolis, Apolônia, Tessalônica, Beréia, Atenas e Co-rinto, de onde retornam para à Ásia Menor, desembarcando em Éfeso. Porém, desde que atravessou a província da Galácia, Timóteo havía juntado-se ao grupo, tornando-se um outro importante colaborador do apóstolo.
Em Filipos, Paulo é preso após ter libertado de uma possessão demoníaca uma es-crava que fazia adivinhações, porém é milagrosamente libertado à noite através de um terremoto.
Na cidade de Atenas, Paulo faz um discurso no Areópago, na colina de Marte, mas poucos se convertem.
É na cidades de Corinto que Paulo funda uma importante igreja, onde é ajudado por um casal de judeus, Áquila e Priscila que também lhe ajudam até Éfeso.
De Éfeso, Paulo navega então para Cesaréia, apresentando-se em seguida para a igreja de Jerusalém.
[3]MAPA: 3ª Viagem Missionária de Paulo e Viagem a Roma
A terceira viagem missionária de Paulo
A terceira viagem missionária de Paulo ocorre entre os anos de 54 a 57 da era co-mum e teve por objetivo fortalecer os discípulos nas novas igrejas na Ásia Menor e Grécia.
Tal como nas missões anteriores, Paulo sempre parte da igreja onde congregava em Antioquia, de onde segue por terra até Éfeso, passando por Tarso, Derbe, Listra, Icônio e Antioquia da Pisídia.
Nesta expedição, Paulo dá mais atenção à igreja de Éfeso onde acontecem mila-gres e o apóstolo sofre a oposição dos ourives que lucravam fabricando imagens da deu-sa Diana (mitologia), provocando um grande tumulto na cidade.
Após à confusão, Paulo segue para a Macedônia e Acaia onde visita as igrejas.
De volta à Ásia, Paulo reúne-se com a igreja de Trôade, ocasião em que é presen-ciado um milagre de ressurreição de um jovem que havía despencado da janela do ter-ceiro andar ao adormecer durante o prolongado discurso proferido por Paulo.
Ao desembarcar em Mileto, Paulo tem um comovente encontro com os presbíteros da igreja de Éfeso.
Deixando Mileto, Paulo passa por Tiro e Cesaréia, indo novamente apresentar-se em Jerusalém, sabendo que lá iria ser preso.
A prisão de Paulo
Em sua estadia em Jerusalém, após ter regressado de sua terceira viagem missio-nária, Paulo é detido pelos judeus quando se encontrava no templo cumprindo seu voto.
Devido à confusão que foi formada na ocasião da prisão de Paulo, as autoridades romanas em Jerusalém intervieram, evitando que o apóstolo fosse morto.
Invocando sua cidadania romana, Paulo obtém algumas proteções enquanto per-manecia em custódia aguardando julgamento, o que motivou a sua transferência para Cesaréia, sob os cuidados de Félix, governador da Judéia, perante o qual foi acusado pelos judeus de ter causado inquietação política e profanação do templo.
Com dificuldades para decidir sobre o caso de Paulo, Félix o mantém em custódia por dois anos até ser substituído por Festo que, ao fazer um acordo com os judeus, pro-mete encaminhar o apóstolo para ser julgado em Jerusalém.
Não concordando que o seu julgamento fosse realizado em Jerusalém, Paulo in-terpõe um apelo para impedir tal determinação e, devido ao seu requerimento, consegue pelas leis romanas que o seu caso fosse apreciado pelo imperador em Roma. Isto porque a legislação da época permitira que um cidadão romano que não se entiss tratado com justiça pudesse apelar para o imperador nos casos em que a pessoa jamais tivesse sido condenada por um tribunal inferior e a acusação não se tratasse de crimes comuns.
Enquanto esteve sob a custódia de Festo, o caso de Paulo chegou a ser submetido ao rei Herodes Agripa II, porém depois de seu apelo ao imperador. Agripa não encon-trou em Paulo nenhum motivo para ser condenado, contudo de nada adiantou o seu pa-recer.
A viagem de Paulo a Roma
A viagem de Paulo a Roma ocorre entre os anos de 59 e 60 da era comum em que o apóstolo atua como um verdadeiro missionário junto aos criminosos que estavam sen-do transportados no navio.
A viagem foi turbulenta, tornando-se perigosa depois que o navio já encontrava-se em Creta, quando todos foram surpreendidos por um forte tufão quando navegavam pelo lado sul da ilha.
Enfrentando uma longa tormenta, o navio afastou-se de Creta vindo a naufragar em Malta, onde Paulo permaneceu por três meses em terra curando os enfermos da ilha. Em Malta, tem-se o relato de mais um milagre ocorrido quando Paulo é picado por uma serpente e sobrevive sem sentir nenhum efeito do veneno da víbora.
Depois disto, Paulo chega a Roma sendo muito bem recebido na cidade onde pas-sa a aguardar o seu julgamento em custódia domiciliar, por dois anos, pagando por sua própria conta o aluguel de uma residência. Ali recebe vários judeus e lhes anuncia o Evangelho, entre os quais alguns crêem e outros não.
Cristo Revelado
Atos registrou vários exemplos da proclamação apostólica do evangelho de Jesus Cristo, e o modelo é uniforme. Em primeiro lugar, Jesus é apresentado como uma figura histórica (2.22; 10.38). Em seguida a morte de Jesus é atribuída igualmente à crueldade do home e ao objetivo de Deus. Por outro lado, os judeus o haviam “crucificado” por “mãos de injustos” (2.23). Por outro lado, Jesus tinha sido “entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus” (2.23; 17.3). Então a ressurreição de Jesus é enfatizada, especialmente como cumprimento da profecia do AT e como revogação de Deus do veredicto do homem sobre Jesus (1.3; 2.24-32; 4.10; 5.30; 10.40-41; 13.30-37; 17.31). Os apóstolos declaram que Jesus fora exaltado a uma posição de domínio único e uni-versal (2.33-36; 3.21; 5.31). Desse lugar de honra suprema e poder executivo, Jesus havia derramado o prometido Espírito Santo (2.33), que dá testemunho dele (5.32) e habilita os crentes (1.8). Jesus “por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos” (10.42) e retornará triunfante no final dos tempos (1.11). Enquanto isso, aqueles que acreditam nele receberão perdão dos pecados (2.21; 3.19; 4.12; 5.31; 10.43; 13.38,39) e o “dom do ES” (2.38). Àqueles que não acreditam nele serão destinadas coisas terríveis (3.23).
O Espírito Santo em Ação
O poder do ES através da igreja é característica mais surpreendente de Atos. O li-vro foi até mesmo chamado de Os Atos do Espírito Santo . A sua obra no livro, entre-tanto, não pode ser compreendida sem que se veja a relação entre Atos e os Evangelhos, que demonstra um continuidade essencial. Tanto o ministério público de Jesus nos E-vangelhos quanto o ministério público da igreja em Atos começaram com um encontro com mo Espírito capaz de mudar vidas; em ambos os relatos essenciais os resultados desse acontecimento.
O poder do Espírito na vida de Jesus o autorizou a pregar o Reino de Deus e a demonstrar o poder do Reino mediante a cura de doente, a expulsão de demônios e a libertação dos cativos (Lc 4.14-19 M7 4.23). O mesmo poder em At 2 deu a mesma autoridade aos discípulos. Lucas observa que as pessoas eram “cheias pelo ES” (2.4; 9.17), que “recebiam o ES” (8.17), que “caiu o ES sobre todos”(10.44), que “o ES se derramasse sobre também os gentios” (10.45) e que “veio sobre eles o ES” (19.6) Todas essas passagens são equivalentes à promessa de Jesus de que a Igreja seria “batizada com o ES” (1.5; 2.4).
Três destes cinco exemplos registram manifestações específicas do ÉS em que as próprias pessoas participavam. Os presente nos dia de Pentecostes e os gentios da casa de Cornélio falara outras línguas (2.4; 10.46); os efésios “falavam línguas e profetiza-vam” (19.6). Embora não esteja especificado, normalmente concorda-se que também houve algum tipo de manifestação na qual os samaritanos participaram, pois Lucas diz que Simão viu que “era dado o ES” (8.18).
Esboço de Atos
Prólogo 1.1-14
I. Prefácio 1.1-3
II. A promessa do ES 1.4-8
III. A ascensão de Cristo 1.9-11
IV. O encontro pra a oração no cenáculo 1.12-14
Primeira Parte: Pedro e o ministério da Igreja Judaica em Jerusalém 1.15-12.24
I. A seleção de Matias como o décimo segundo apóstolo 1.15-26
II. A descida do ES no Pentecostes 2.1-47
III. A cura de um coxo 3.1-4.31
IV. Autoridade apostólica na igreja antiga 4.32-5.42
V. O ministério de Estevão 6.1-7.60
VI. O primeiro ministério a não Judeus 8.1-40
VII. A conversão de Saulo 9.1-31
VIII. Enéias e Dorcas curados através do ministério de Pedro 9.32-43
IX. A história de Cornélio 10.1-11.18
X. O testemunho da igreja antiga 11.19-12.24
Segunda Parte: Paulo e a extensão internacional da igreja em Antioquia 12.25-28.31
I. A primeira viagem missionária de Paulo 12.25-14.28
II. O concerto em Jerusalém para discutir lei e graça 15.1-35
III. A segunda viagem missionária de Paulo 15.36-18.22
IV. A terceira viagem missionária de Paulo 18.23-21.14
V. A viagem de Paulo a Roma através de Jerusalém 21.15-28.31
LIÇÃO 1 - INTRODUÇÃO
Texto devocional:
“Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis teste-munhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (Atos 1.8).
1. Livro:
a. Quem escreveu: Lucas
b. Para quem: Teófilo (“que ama a Deus” ou “que é amado por Deus”)
c. Quando e onde: 62-63 d.C. em Roma
d. Porque: “acurada investigação de tudo desde a origem, dar... por escrito... uma exposição em ordem, para que tenhas certeza das verdades em que foste instruído” (Lc 1.3, 4).
e. Propósitos: missionário - apologético - didático
f. Abrangência histórica: de 30 a 62 d.C.
g. Personagem principal: Espírito Santo – suas ações são apresentadas em todos os capítulos do livro e seu nome é mencionado cerca de 70 vezes (e-xemplos: At.1.8, 2.4, 2.17, 9.17, 13.9, etc.):
h. Palavras-chaves: “Ascensão”, “descida” e “expansão”.
i. Núcleo: poder para anunciar o evangelho de Jesus Cristo a toda cria-tura.
2. Cronologia:
-pentecoste -concílio de Jerusalém - viagem de Paulo a Roma
- 3ª Viagem missionária -libertação e viagem p/ Espanha - 2ª prisão em Roma
30 34 46 49 52 49 52 57 59 60 61 62 63 66 67
-conversão de Paulo -prisão de Paulo
- 1ª Viagem missionária -1ª pri-são em Roma -morte de Paulo
- 2ª Viagem missionária
3. Esboço do livro:
a. Testemunhas em Jerusalém: capítulos 1 a 7
b. Testemunhas na Judéia: capítulos 8 a 12
c. Testemunhas em todos os confins da terra: capítulos 13 a 28
i.Viagens missionárias de Paulo: capítulos 13 a 21
ii.Prisões de Paulo e viagem a Roma: capítulos 22 a 28
4. Fatores prejudiciais à pregação: Jesus havia sido condenado e execu-tado como criminoso. A pregação do evangelho baseado na morte e ressurreição de Jesus era uma escândalo para judeus e gentios (1 Co 1.22-24).
a. Judeus:
i. Os primeiros missionários não tinham formação rabínica formal (Atos 4.13), mas afirmavam ter base na lei de Moisés.
ii. Era impossível para os judeus admitir que Jesus, um mestre carpinteiro, fosse maior que Moisés, muito menos Deus, como diziam os cristãos.
iii. A possibilidade de adorar alguém que havia sido crucificado era uma blasfêmia. Não havia paralelo na história judaica de que alguém que houvesse sofrido tal condenação fosse de Deus.
iv. Outra dificuldade para os judeus era a afirma-ção dos cristãos “Jesus é Senhor” porque equivalia a afirmar que ele era o próprio Jeová.
v. O nascimento virginal de Jesus era associado a deuses gregos pagãos.
vi. Os judeus acusavam os cristãos de desprezar o templo: “não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas” (Este-vão em At. 7.48).
vii. Os cristãos não observavam preceitos da lei de Moisés.
b. Greco-romanos:
i. Os romanos faziam diferença entre religião e fé (superstição). A religião era um acordo do Estado com os deuses para defesa do império à medida que os cidadãos lhes prestassem culto. A religião era assunto público e todos deveriam participar dos cultos, independente de crer nos deuses.
ii. Os romanos não se importavam com as supers-tições particulares desde que não trouxesse prejuízo ao império nem excessos contrários à lei.
iii. Os cristãos eram acusados de ateísmo porque não cultuavam os deuses comuns e tinham que se defender constantemente de boatos de canibalismo (comer a carne de Cristo), incesto (amar irmãos) e anti-sociabilidade.
iv. Barreira intelectual: a morte na cruz era sinal de escravidão, fraqueza, inferioridade e vergonha (1 Co 1 e 2, Cl 1). Barreira cultural: o cristianismo prosperava entre as camadas mais pobres da popula-ção (1 Co 1.26).
v. Os cristãos foram expulsos de Roma no ano 52-53 d.C. pelo imperador Cláudio (Atos 18.1, 2). Autoridade e submissão: “César é Senhor” X Jesus “é o Senhor”: 30 anos d.C., associar-se aos cristãos era correr risco de vida.
5. Fatores favoráveis à pregação:
a. Os romanos não tinham regras rígidas quanto ao governo das provín-cias: cabia aos governadores decidir sobre os crimes comuns. Somente os pro-cônsules tinham poder para condenar à morte nas províncias. A lei romana favo-recia os cristãos. Muitos governantes e centuriões confundiam os cristãos com judeus que gozavam de proteção oficial.
b. Vários filósofos gregos já haviam demonstrado a insuficiência do politeísmo e paganismo e dado indicações em relação ao monoteísmo. Havia in-teresse por superstições e religiões de mistérios orientais em contraste com a re-ligião oficial do Estado Romano. Elas davam uma resposta mais satisfatória para o problema da culpa, segurança e imortalidade.
Reflexão: Compare a sua experiência com a mensagem central do livro de Atos, e se ela reflete o projeto de Deus para você e para a sua igreja.
CURSO BÍBLICO: LIVRO DE ATOS – UMA IGREJA COM PODER
LIÇÃO 2 – TESTEMUNHO EM JERUSALÉM – 1ª Parte
CAPÍTULO 1
1 FIZ o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar,
2 Até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;
3 Aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias, e falando das coisas concernentes ao reino de Deus.
4 E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes.
5 Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias.
6 Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?
7 E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai es-tabeleceu pelo seu próprio poder.
8 Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.
9 E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.
10 E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto de-les se puseram dois homens vestidos de branco.
11 Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.
12 Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um sábado.
13 E, entrando, subiram ao cenáculo, onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago.
14 Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos.
15 E naqueles dias, levantando-se Pedro no meio dos discípulos (ora a multi-dão junta era de quase cento e vinte pessoas) disse:
16 Homens irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus;
17 Porque foi contado conosco e alcançou sorte neste ministério.
18 Ora, este adquiriu um campo com o galardão da iniqüidade; e, precipi-tando-se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram.
19 E foi notório a todos os que habitam em Jerusalém; de maneira que na sua própria língua esse campo se chama Aceldama, isto é, Campo de Sangue.
20 Porque no livro dos Salmos está escrito: Fique deserta a sua habitação, E não haja quem nela habite, Tome outro o seu bispado.
21 É necessário, pois, que, dos homens que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus entrou e saiu dentre nós,
22 Começando desde o batismo de João até ao dia em que de entre nós foi recebido em cima, um deles se faça conosco testemunha da sua ressurreição.
23 E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias.
24 E, orando, disseram: Tu, Senhor, conhecedor dos corações de todos, mos-tra qual destes dois tens escolhido,
25 Para que tome parte neste ministério e apostolado, de que Judas se desvi-ou, para ir para o seu próprio lugar.
26 E, lançando-lhes sortes, caiu a sorte sobre Matias. E por voto comum foi contado com os onze apóstolos.
CAPÍTULO 2
1 E, CUMPRINDO-SE o dia de Pentecostes, estavam todos concordemente no mesmo lugar;
2 E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.
3 E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pou-saram sobre cada um deles.
4 E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras lín-guas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
5 E em Jerusalém estavam habitando judeus, homens religiosos, de todas as nações que estão debaixo do céu.
6 E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
7 E todos pasmavam e se maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses homens que estão falando?
8 Como, pois, os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que somos nascidos?
9 Partos e medos, elamitas e os que habitam na Mesopotâmia, Judéia, Capa-dócia, Ponto e Ásia,
10 E Frígia e Panfília, Egito e partes da Líbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
11 Cretenses e árabes, todos nós temos ouvido em nossas próprias línguas fa-lar das grandezas de Deus.
12 E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?
13 E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.
14 Pedro, porém, pondo-se em pé com os onze, levantou a sua voz, e disse-lhes: Homens judeus, e todos os que habitais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e escutai as minhas palavras.
15 Estes homens não estão embriagados, como vós pensais, sendo a terceira hora do dia.
16 Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:
17 E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, Que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; E os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, Os vossos jo-vens terão visões, E os vossos velhos terão sonhos;
18 E também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão;
19 E farei aparecer prodígios em cima, no céu; E sinais em baixo na terra, Sangue, fogo e vapor de fumo.
20 O sol se converterá em trevas, E a lua em sangue, Antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor;
21 E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
22 Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem a-provado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis;
23 A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos;
24 Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela;
25 Porque dele disse Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, Porque está à minha direita, para que eu não seja comovido;
26 Por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; E ainda a minha carne há de repousar em esperança;
27 Pois não deixarás a minha alma no inferno, Nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção;
28 Fizeste-me conhecidos os caminhos da vida; Com a tua face me encherás de júbilo.
29 Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura.
30 Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com ju-ramento que do fruto de seus lombos, segundo a carne, levantaria o Cristo, para o assentar sobre o seu trono,
31 Nesta previsão, disse da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no inferno, nem a sua carne viu a corrupção.
32 Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas.
33 De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.
34 Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o SENHOR ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
35 Até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.
36 Saiba, pois, com certeza toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
37 E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, homens irmãos?
38 E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo;
39 Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar.
40 E com muitas outras palavras isto testificava, e os exortava, dizendo: Sal-vai-vos desta geração perversa.
41 De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua pala-vra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas,
42 E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
43 E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.
44 E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum.
45 E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister.
46 E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
47 Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias a-crescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar.
CAPÍTULO 3
1 E PEDRO e João subiam juntos ao templo à hora da oração, a nona.
2 E era trazido um homem que desde o ventre de sua mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmola aos que entravam.
3 O qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola.
4 E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós.
5 E olhou para eles, esperando receber deles alguma coisa.
6 E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.
7 E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram.
8 E, saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andan-do, e saltando, e louvando a Deus.
9 E todo o povo o viu andar e louvar a Deus;
10 E conheciam-no, pois era ele o que se assentava a pedir esmola à porta Formosa do templo; e ficaram cheios de pasmo e assombro, pelo que lhe acontecera.
11 E, apegando-se o coxo, que fora curado, a Pedro e João, todo o povo cor-reu atônito para junto deles, ao alpendre chamado de Salomão.
12 E quando Pedro viu isto, disse ao povo: Homens israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?
13 O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu filho Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, tendo ele determinado que fosse solto.
14 Mas vós negastes o Santo e o Justo, e pedistes que se vos desse um homem homicida.
15 E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas.
16 E pela fé no seu nome fez o seu nome fortalecer a este que vedes e conhe-ceis; sim, a fé que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde.
17 E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes.
18 Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profe-tas havia anunciado; que o Cristo havia de padecer.
19 Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do SENHOR,
20 E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado.
21 O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.
22 Porque Moisés disse aos pais: O Senhor vosso Deus levantará de entre vossos irmãos um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser.
23 E acontecerá que toda a alma que não escutar esse profeta será extermi-nada dentre o povo.
24 Sim, e todos os profetas, desde Samuel, todos quantos depois falaram, também predisseram estes dias.
25 Vós sois os filhos dos profetas e da aliança que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra.
26 Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um de vós, das vossas maldades.
CAPÍTULO 4
1 E, ESTANDO eles falando ao povo, sobrevieram os sacerdotes, e o capitão do templo, e os saduceus,
2 Doendo-se muito de que ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a res-surreição dentre os mortos.
3 E lançaram mão deles, e os encerraram na prisão até ao dia seguinte, pois já era tarde.
4 Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a quase cinco mil.
5 E aconteceu, no dia seguinte, reunirem-se em Jerusalém os seus principais, os anciãos, os escribas,
6 E Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, e João, e Alexandre, e todos quantos havia da linhagem do sumo sacerdote.
7 E, pondo-os no meio, perguntaram: Com que poder ou em nome de quem fizestes isto?
8 Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Principais do povo, e vós, anciãos de Israel,
9 Visto que hoje somos interrogados acerca do benefício feito a um homem enfermo, e do modo como foi curado,
10 Seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressusci-tou dentre os mortos, em nome desse é que este está são diante de vós.
11 Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina.
12 E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos TOS 4
13 Então eles, vendo a ousadia de Pedro e João, e informados de que eram homens sem letras e indoutos, maravilharam-se e reconheceram que eles haviam estado com Jesus.
14 E, vendo estar com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário.
15 Todavia, mandando-os sair fora do conselho, conferenciaram entre si,
16 Dizendo: Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar;
17 Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que não falem mais nesse nome a homem algum.
18 E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem en-sinassem, no nome de Jesus.
19 Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus;
20 Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido.
21 Mas eles ainda os ameaçaram mais e, não achando motivo para os casti-gar, deixaram-nos ir, por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera;
22 Pois tinha mais de quarenta anos o homem em quem se operara aquele milagre de saúde.
23 E, soltos eles, foram para os seus, e contaram tudo o que lhes disseram os principais dos sacerdotes e os anciãos.
24 E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus, e disseram: Se-nhor, tu és o Deus que fizeste o céu, e a terra, e o mar e tudo o que neles há;
25 Que disseste pela boca de Davi, teu servo: Por que bramaram os gentios, e os povos pensaram coisas vãs?
26 Levantaram-se os reis da terra, E os príncipes se ajuntaram à uma, Con-tra o Senhor e contra o seu Ungido.
27 Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel;
28 Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer.
29 Agora, pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus ser-vos que falem com toda a ousadia a tua palavra;
30 Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Filho Jesus.
31 E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.
32 E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
33 E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
34 Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possu-íam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o de-positavam aos pés dos apóstolos.
35 E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha.
36 Então José, cognominado pelos apóstolos, Barnabé (que, traduzido, é Fi-lho da consolação), levita, natural de Chipre,
37 Possuindo uma herdade, vendeu-a, e trouxe o preço, e o depositou aos pés dos apóstolos.
CAPÍTULO 5
1 MAS um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade,
2 E reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos.
3 Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade?
4 Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
5 E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.
6 E, levantando-se os moços, cobriram o morto e, transportando-o para fora, o sepultaram.
7 E, passando um espaço quase de três horas, entrou também sua mulher, não sabendo o que havia acontecido.
8 E disse-lhe Pedro: Dize-me, vendestes por tanto aquela herdade? E ela dis-se: Sim, por tanto.
9 Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.
10 E logo caiu aos seus pés, e expirou. E, entrando os moços, acharam-na morta, e a sepultaram junto de seu marido.
11 E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram es-tas coisas.
12 E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos após-tolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão.
13 Dos outros, porém, ninguém ousava ajuntar-se a eles; mas o povo tinha-os em grande estima.
14 E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais.
15 De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camilhas para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles.
16 E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, con-duzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos; os quais eram todos cura-dos.
17 E, levantando-se o sumo sacerdote, e todos os que estavam com ele (e eram eles da seita dos saduceus), encheram-se de inveja,
18 E lançaram mão dos apóstolos, e os puseram na prisão pública.
19 Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas da prisão e, tirando-os para fora, disse:
20 Ide e apresentai-vos no templo, e dizei ao povo todas as palavras desta vi-da.
21 E, ouvindo eles isto, entraram de manhã cedo no templo, e ensinavam. Chegando, porém, o sumo sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o con-selho, e a todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram ao cárcere, para que de lá os trouxessem.
22 Mas, tendo lá ido os servidores, não os acharam na prisão e, voltando, lho anunciaram,
23 Dizendo: Achamos realmente o cárcere fechado, com toda a segurança, e os guardas, que estavam fora, diante das portas; mas, quando abrimos, ninguém achamos dentro.
24 Então o sumo sacerdote, o capitão do templo e os chefes dos sacerdotes, ouvindo estas palavras, estavam perplexos acerca deles e do que viria a ser aquilo.
25 E, chegando um, anunciou-lhes, dizendo: Eis que os homens que encer-rastes na prisão estão no templo e ensinam ao povo.
26 Então foi o capitão com os servidores, e os trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo povo).
27 E, trazendo-os, os apresentaram ao conselho. E o sumo sacerdote os inter-rogou,
28 Dizendo: Não vos admoestamos nós expressamente que não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina, e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
29 Porém, respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obe-decer a Deus do que aos homens.
30 O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspen-dendo-o no madeiro.
31 Deus com a sua destra o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados.
32 E nós somos testemunhas acerca destas palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.
33 E, ouvindo eles isto, se enfureciam, e deliberaram matá-los.
34 Mas, levantando-se no conselho um certo fariseu, chamado Gamaliel, doutor da lei, venerado por todo o povo, mandou que por um pouco levassem para fora os apóstolos;
35 E disse-lhes: Homens israelitas, acautelai-vos a respeito do que haveis de fazer a estes homens,
36 Porque antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntou o número de uns quatrocentos homens; o qual foi morto, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos e reduzidos a nada.
37 Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento, e levou muito povo após si; mas também este pereceu, e todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos.
38 E agora digo-vos: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque, se este conselho ou esta obra é de homens, se desfará,
39 Mas, se é de Deus, não podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes também achados combatendo contra Deus.
40 E concordaram com ele. E, chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir.
41 Retiraram-se, pois, da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus.
42 E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de a-nunciar a Jesus Cristo.
CAPÍTULO 6
1 ORA, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma mur-muração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano.
2 E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
3 Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negó-cio.
4 Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
5 E este parecer contentou a toda a multidão, e elegeram Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, e Filipe, e Prócoro, e Nicanor, e Timão, e Parmenas e Nicolau, prosélito de Antioquia;
6 E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos.
7 E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o nú-mero dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé.
8 E Estevão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
9 E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, e dos cireneus e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estevão.
10 E não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava.
11 Então subornaram uns homens, para que dissessem: Ouvimos-lhe proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.
12 E excitaram o povo, os anciãos e os escribas; e, investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao conselho.
13 E apresentaram falsas testemunhas, que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras blasfemas contra este santo lugar e a lei;
14 Porque nós lhe ouvimos dizer que esse Jesus Nazareno há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos deu.
15 Então todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo.
CAPÍTULO 7
1 E DISSE o sumo sacerdote: Porventura é isto assim?
2 E ele disse: Homens, irmãos, e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã,
3 E disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.
4 Então saiu da terra dos caldeus, e habitou em Harã. E dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que habitais agora.
5 E não lhe deu nela herança, nem ainda o espaço de um pé; mas prometeu que lhe daria a posse dela, e depois dele, à sua descendência, não tendo ele ainda filho.
6 E falou Deus assim: Que a sua descendência seria peregrina em terra a-lheia, e a sujeitariam à escravidão, e a maltratariam por quatrocentos anos.
7 E eu julgarei a nação que os tiver escravizado, disse Deus. E depois disto sairão e me servirão neste lugar.
8 E deu-lhe a aliança da circuncisão; e assim gerou a Isaque, e o circuncidou ao oitavo dia; e Isaque a Jacó; e Jacó aos doze patriarcas.
9 E os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito; mas Deus era com ele.
10 E livrou-o de todas as suas tribulações, e lhe deu graça e sabedoria ante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa.
11 Sobreveio então a todo o país do Egito e de Canaã fome e grande tribula-ção; e nossos pais não achavam alimentos.
12 Mas tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou ali nossos pais, a primeira vez.
13 E na segunda vez foi José conhecido por seus irmãos, e a sua linhagem foi manifesta a Faraó.
14 E José mandou chamar a seu pai Jacó, e a toda a sua parentela, que era de setenta e cinco almas.
15 E Jacó desceu ao Egito, e morreu, ele e nossos pais;
16 E foram transportados para Siquém, e depositados na sepultura que A-braão comprara por certa soma de dinheiro aos filhos de Emor, pai de Siquém.
17 Aproximando-se, porém, o tempo da promessa que Deus tinha feito a A-braão, o povo cresceu e se multiplicou no Egito;
18 Até que se levantou outro rei, que não conhecia a José.
19 Esse, usando de astúcia contra a nossa linhagem, maltratou nossos pais, a ponto de os fazer enjeitar as suas crianças, para que não se multiplicassem.
20 Nesse tempo nasceu Moisés, e era mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai.
21 E, sendo enjeitado, tomou-o a filha de Faraó, e o criou como seu filho.
22 E Moisés foi instruído em toda a ciência dos egípcios; e era poderoso em suas palavras e obras.
23 E, quando completou a idade de quarenta anos, veio-lhe ao coração ir vi-sitar seus irmãos, os filhos de Israel.
24 E, vendo maltratado um deles, o defendeu, e vingou o ofendido, matando o egípcio.
25 E ele cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus lhes havia de dar a liberdade pela sua mão; mas eles não entenderam.
26 E no dia seguinte, pelejando eles, foi por eles visto, e quis levá-los à paz, dizendo: Homens, sois irmãos; por que vos agravais um ao outro?
27 E o que ofendia o seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu príncipe e juiz sobre nós?
28 Queres tu matar-me, como ontem mataste o egípcio?
29 E a esta palavra fugiu Moisés, e esteve como estrangeiro na terra de Midiã, onde gerou dois filhos.
30 E, completados quarenta anos, apareceu-lhe o anjo do Senhor no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça.
31 Então Moisés, quando viu isto, se maravilhou da visão; e, aproximando-se para observar, foi-lhe dirigida a voz do Senhor,
32 Dizendo: Eu sou o Deus de teus pais, o Deus de Abraão, e o Deus de Isa-que, e o Deus de Jacó. E Moisés, todo trêmulo, não ousava olhar.
33 E disse-lhe o Senhor: Tira as alparcas dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.
34 Tenho visto atentamente a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi os seus gemidos, e desci a livrá-los. Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito.
35 A este Moisés, ao qual haviam negado, dizendo: Quem te constituiu prín-cipe e juiz? a este enviou Deus como príncipe e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça.
36 Foi este que os conduziu para fora, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho, e no deserto, por quarenta anos.
37 Este é aquele Moisés que disse aos filhos de Israel: O Senhor vosso Deus vos levantará dentre vossos irmãos um profeta como eu; a ele ouvireis.
38 Este é o que esteve entre a congregação no deserto, com o anjo que lhe fa-lava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu as palavras de vida para no-las dar.
39 Ao qual nossos pais não quiseram obedecer, antes o rejeitaram e em seu coração se tornaram ao Egito,
40 Dizendo a Arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque a esse Moisés, que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu.
41 E naqueles dias fizeram o bezerro, e ofereceram sacrifícios ao ídolo, e se alegraram nas obras das suas mãos.
42 Mas Deus se afastou, e os abandonou a que servissem ao exército do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas e sacri-fícios No deserto por quarenta anos, ó casa de Israel?
43 Antes tomastes o tabernáculo de Moloque, E a estrela do vosso deus Ren-fã, Figuras que vós fizestes para as adorar. Transportar-vos-ei, pois, para além da Babilônia.
44 Estava entre nossos pais no deserto o tabernáculo do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto.
45 O qual, nossos pais, recebendo-o também, o levaram com Josué quando entraram na posse das nações que Deus lançou para fora da presença de nossos pais, até aos dias de Davi,
46 Que achou graça diante de Deus, e pediu que pudesse achar tabernáculo para o Deus de Jacó.
47 E Salomão lhe edificou casa;
48 Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta:
49 O céu é o meu trono, E a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edifi-careis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso?
50 Porventura não fez a minha mão todas estas coisas?
51 Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais.
52 A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas;
53 Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.
54 E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra ele.
55 Mas ele, estando cheio do Espírito Santo, fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus, que estava à direita de Deus;
56 E disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus.
57 Mas eles gritaram com grande voz, taparam os seus ouvidos, e arremete-ram unânimes contra ele.
58 E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas capas aos pés de um jovem chamado Saulo.
59 E apedrejaram a Estêvão que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
60 E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.
Texto devocional:
“[Jesus] é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina. E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”. (Atos 4.11,12, c/c 2 Pe 2.5-8)
1. Pentecoste: descida do Espírito Santo:
a. Festa: em hebraico Shavuot; derivada da palavra grega “cinqüenta” (7 semanas); também chamada de Primícias da colheita (Lv 23.15-25);
b. Significado: dia da promulgação do Evangelho e das primícias da co-lheita mundial da igreja;
c. Glorificação de Jesus: descida do Espírito Santo (Jo 7.39; 14.1626; 16:7-24);
d. Quando: 50 dias após a Páscoa e 10 dias após a ascensão de Jesus;
e. Onde: cenáculo em Jerusalém;
f. Quem: apóstolos, Maria e irmãos de Jesus e outros (cerca de 120 pessoas);
g. Como: som como de um vento impetuoso e línguas como de fogo pousou sobre cada um dos irmãos;
h. Efeitos na multidão: milhares de judeus e prosélitos de todo o mundo reunidos em Jerusalém para as festas (15 nações são mencionadas em At 2:9-11).
i. Admiração: falaram das grandezas de Deus em outras línguas (2.4; 11; língua materna 2.8; ver 10.46 e 19.6);
ii. Zombaria: pareciam bêbados (2.13).
2. Primícias da Igreja:
a. Sermão de Pedro: enfatiza o cumprimento das profecias: traição de Judas (1:16-20); Crucifixão (3:18); Ressurreição 2:25-28; Ascensão de Jesus (2:33-35); vinda do Espírito Santo (2:17)
i. Introdução (Atos 2.14-21):
ii. Proclamação (Atos 22-36)
- Pedro afirmou que os milagres de Jesus mostraram que Deus o a-provou;
- Ele disse que Deus tinha entregue Jesus para ser crucificado. Mas o povo tinha culpa: Os judeus o crucificaram "por mãos de iníquos";
- Jesus foi ressuscitado pelo Pai (2:24). A ressurreição cumpriu a profecia feita por Davi 1.000 anos antes (2:25-31; veja Salmo 16:8-11), que Jesus morreria com confiança que o Pai o ressuscitaria;
- Pedro afirmou que Jesus foi ressuscitado e exaltado à destra do Pai (2:32-35)
- Na conclusão da sua mensagem, Pedro afirmou que o mesmo Jesus que foi crucificado pelos judeus foi ressuscitado e exaltado pelo Pai para ser Senhor e Cristo (2:36)
iii. Ordens (Atos 2.38)
- Arrependimento;
- Batismo;
- Receber o Espírito Santo;
b. Vida da Igreja (Atos 2-42-47):
i. Doutrina dos apóstolos: Jesus e a ressurreição;
ii. Comunhão e partir do pão de casa em casa;
iii. Orações;
iv. Amor e desprendimento para atender a situação presente;
v. Crescimento do número dos crentes: 3 mil ba-tismos;
3. O poder para testemunhar em Jerusalém:
a. Cura do coxo de nascença no templo (Atos 3);
b. Pregação de Pedro:
i. Crucificação e ressurreição de Jesus, conforme as Escrituras;
ii. Arrependimento e fé no evangelho, conforme as Escrituras;
c. Muitos sinais e prodígios (Atos 5.12-16): confirmação da pregação do evangelho;
4. Perseguição:
a. Prisão de Pedro e João (Atos 4)
i. Sinédrio: proíbe a pregação em nome de Jesus;
ii. Pedro invoca a autoridade superior de Deus pa-ra manter a pregação;
iii. Oração: privilégio de sofrer por amor a Cristo;
b. Prisão dos apóstolos (Atos 5):
i. Um anjo liberta os apóstolos do cárcere;
ii. Os apóstolos voltam a pregar no templo;
iii. Conselho de Gamaliel;
iv. Os apóstolos são açoitados e libertados;
c. Martírio de Estevão (Atos 7);
i. Longa exposição das Escrituras;
ii. Repreensão contra a incredulidade;
iii. Apresentação de Jesus como o Senhor;
d. Perseguição de cristãos (Atos 8.1-3): perseguição sistemática contra os seguidores de Cristo;
5. Reflexão sobre Pentecoste x Pentecostalismo: o uso do termo pente-coste na Bíblia, na Igreja Primitiva, na história da igreja e na atualidade
a. A partir da Reforma: anabatista – moraviano – menonita – puritano – pietista – metodista;
b. Irmãos Wesley: experiência do coração aquecido; ênfase na santifi-cação (holiness), oração e batismo no Espírito Santo;
c. Estados Unidos:
i.Migração de minorias religiosas perseguidas, como os armênios;
ii.Pregadores leigos: propagação da fé;
iii. Camp meeting: reuniões de reavivamentos com manifestações de êxtase;
d. Movimentos avivalistas dos séculos XVIII e XIX: crença no derra-mamento contínuo do Espírito Santo; ênfase em missões e volta de Jesus;
e. Pentecostalismo moderno: a evidência do batismo no Espírito Santo é a glossolalia. Em 1901, no estado de Arkansas, uma mulher falou em línguas ao receber a imposição de mãos. Em 1914, os dissidentes de outras denominações que criam no batismo do Espírito Santo criaram as Assembléias de Deus.
f. No Brasil: em 1910, os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram em Belém do Pará e em 1918 fundaram a Assembléia de Deus.
0 Comentários